Capítulo 49

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Henrique

Faltava apenas 3 dias para o tal julgamento de Camila, mas em nenhum momento ela deixou que eu voltasse a me aproximar dela desde o dia daquela invasão. André continua as investigações mas nada se interliga. Eu fico mais atordoado do que ele, porque estou longe dela, longe daquilo que me faz feliz. Laura comentou que nem mesmo ela consegue fazer com que a deixe vê-la. Ela não está permitindo a presença de ninguém, nem mesmo da melhor amigo. Nada é mais igual, minha família pergunta por ela e nada posso dizer além da mesma coisa que estou dizendo sempre ''não a vejo mais''. Era dificil manter-me longe dela, pois todo dia queria estar com ela, todo dia queria sorrir ao lado dela. Mas não tenho escolha a não ser respeitar seu desejo. Só que fui longe demais com esse relacionamento e agora sinto que estou perdido, me afundando no fundo do poço. Às vezes me pergunto porque a vida nos prega tanto empecilho., nos deixa sem saber como agir, isso é difícil para mim, hoje percebo que meus sentimentos são fortes demais para serem negados de uma maneira absurda, tão absurda como eu fazia antes.

Mergulhado em meus próprios pensamentos, algo acaba caindo em minha visão periférica e corro para me agarrar aquilo. Me lembro do churrasco onde Gabriel levou um grande tapa de Caroline, no fim da tarde vi Romário se isolar de mansinho para que ninguém percebesse, foi na mesma época que descobrimos que ele estava vivo de alguma maneira, ele contou uma história para boi dormir, acreditei nele. Mas algo me dizia que em seu relato havia algo errado. Ele entrou e me lembrei de pegar um abridor novo que minha mãe havia comprado.

" No fim da tarde meu pai ainda assava aquele churrasco eu não sabia como ele estava suportando aquele calor todo. Mas tudo estava uma delícia, Gabriel havia ido embora e Renata saiu logo em seguida dizendo encontrar algumas amigas. Minha mãe estava sentada com André e Laila que acabaram de descobrir que vão ser pais. Meu tio Romário havia entrado para casa faz um tempinho e decidi ir pegar um abridor novo, a pedido de Alícia. Quando entrei, Romário falava fervorosamente ao telefone, parecia furioso e com medo ao mesmo tempo, não escutei o começo da conversa pois não vou ficar vigiando os passos dele. Mas algo pude ouvir:

- Não posso fazer isso hoje! Toda família reunida. - grita Romário. - Não! Ele acabou de descobrir que vai ser avô, teremos de adiar, nós teremos nossa vingança. Claro que não vou traí-lo! Isso é o que mais almejo me vingar de todos eles!

Quando ele se virou para mim, sorriu e desligou o telefone e disse ser apenas o trabalho dele o incomodando. O que me deixou levemente intrigado foi ele ter dito em vingança, mas na hora não me incomodei e voltei para onde todos estavam."

Agora estava fazendo sentido, aquilo vinha de um tempo bem antes de entender o que realmente se passava. Agora percebo que ele só voltou na intenção de nos jogar um contra o outro para depois dar o bote. Era o plano nos matar um por um, para que sentissêmos a dor que ele sentiu quando foi corno. Não há outro modo de dizer além de dizer que ele foi mesmo corno. Eu sei que quando o homem não satisfaz a mulher, ela procura outro. Pego meu celular e digito uma mensagem pedindo para ele me encontrar em casa. Logo me levanto e peço para Marcelo me cobrir. Corro direto para carro fazendo meu trajeto de sempre.

Chegando em casa, desço do carro às pressas e vou para dentro de casa, André me espera sentado na sala, estava sério demais e sigo até ele.

- O que há de tão importante? - pergunta ele.

- Eu me lembrei de uma situação. - digo.

- O que é?

Conto tudo a ele, como sempre ele mantém a expressão impenetrável e impassível. Ele fica calado por alguns minutos, olhando fixamente para mim. Aquilo já estava me causando nervoso por esperar o que ele tinha a dizer. Sei que isso pode ser algo banal, é apenas uma vaga lembrança, e só agora dei importância a ela. É tudo tão enigmático, parecia aquelas batalhas de enigmas no Egito, ele parece estar brincando conosco e parece está fazendo efeito. André se levanta e parece pensativo e isso me deixa mais nervoso ainda.

- Então, alguma interligação? - pergunto, impaciente.

- Talvez, mas precisaríamos de provas mais concretas como a que estou procurando, isso é apenas um testemunho do que ouviu, mas como provar?

- Tem razão...

Uma ponte de decepção se cresceu no ar dentro de mim, nada parecia ter coerência até então.

- Mas estarei vigiando, ainda estou investigando e descobri algo sobre o marido de Camila, ele era narcotraficante na Zona Norte, era de origem humilde e do nada se tornou rico sem mais nem menos, e a mãe dele precede a tudo, pois ela estava sempre com ele nas negociações.

- Pode pedir que preste depoimento!

- Não é simples assim. Primeiro tenho que provar que ela estava por trás das transações!

- Merda!

- Sei que quer acabar com esse pesadelo, mas precisará ter calma.

- É muito difícil!

- Bom, crie. Tenho que voltar para delegacia qualquer coisa me comunique.

- Sim.

Tudo continuava tão perdido como antes, pensei que havia achado o ponto-chave desta operação mas me enganei. Pego meu celular novamente e tento ligar para Camila, mas pela centésima vez ela não me atende. Quero-a novamente em meus braços como já estivemos, devo admitir que não sou nada sem ela.

Promotor Sedutor - Livro 3 - Trilogia FarcolandOnde histórias criam vida. Descubra agora