Capítulo 9

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Henrique

Quando uma criança nasce, é como você ver a sua juventude por uma máquina do tempo. Questionamentos te invadem o tempo todo tentando lembrar exatamente, como era quando era apenas um bebê. Mas a questão nunca é você, é quem vai nascer e que carrega o sangue do seu sangue, mesmo que de um parente distante. Era meu sobrinho que estava pedindo para vir ao mundo, eu tentei não ficar tão envolvido, mas acabei mais envolvido que o próprio pai da criança. Mal posso esperar para ver seu rosto pela primeira vez, sentir seu corpo mole e pequeno dentro dos meus braços, ver a cor dos olhos do meu irmão e claro ser a cópia esculpida da mãe. Este é um verdadeiro momento de felicidade para toda família Farcoland. Que se dane, Ronaldo com seus problemas familiares que podem ser adiados neste lindo momento, eu queria por um instante saber que a minha descoberta tinha sido um grande pesadelo para mim, queria também por um instante, pensar que meu pai mentiu em sua grande revelação macabra.

Mas isso não é a hora de pensar nisso, é hora de conjuntar todas suas energias e pensar no melhor, pensar que em algumas horas ou minutos mais um membro da família Farcoland nasceria e faria parte da nova geração e daqui a pouco são os filhos de Gabriel, ainda estão esperando sua chegada, minha mãe deve estar louca e aos prantos agora. Imagino a situação dela como avó de primeira viagem, logo do seu primogênito, um menino. Seu sonho é ter uma neta já que não conseguiu uma filha mulher, mas ela amou tanto que parecia que o mundo ia se acabar naquele instante.

A entrada do hospital é bonita tudo construído e modernizado a arenito, na recepção havia uma mulher de quase 40 anos e poucos, morena e bem uniformizada. Ela me olha com seus grandes olhos esverdeados e abre um lindo sorriso, essa é uma das que eu costumo pegar. Mas não era hora para isso, controle-se Farcoland, digo a mim mesmo.

- Procuro por Laila Farcoland e André Farcoland, meu sobrinho vai nascer! – exclamo aterrorizado.

Ela sorri e procura algo em seu computador e volta a olhar para mim.

- Quarto andar, segue reto, dobre a direita e é o quarto A402. – diz a moça amavelmente.

- Obrigado.

Corro como se não houvesse mais o amanhã, como esta noite não fosse dar lugar o amanhecer, eu atropelava algumas pessoas sem me importar a procura do elevador. Ouço algumas pessoas reclamar mas não me importo, encontro o elevador no final do corredor da recepção e aperto o botão de chamada. Espero quase tendo um infarto, se já estou assim com o nascimento de um sobrinho quem dirá um filho. Infarto no meio do caminho. Quando finalmente a porta de chumbo se abre eu entro e aperto o número ''4'', espero impacientemente que ele chegue ao andar.

A tensão entre minha família era palpável, Laila estava tendo riscos sérios na hora do nascimento e recorreram a cesariana. André está com ela a mais de horas, penso na minha vida e reflito minhas ações, mas que viadice. Ando de um lado para outro na sala de espera, Gabriel permanece calado mas está tenso e preocupado. Sabrina estava sentada em sua cadeira pedindo mentalmente por cama. Minha mãe, como eu previa chorava, ela usava um vestido de seda coral aberto nas costas. Ela veio comemorar um nascimento de seu primeiro neto, o cabelo castanho-dourado preso em um coque alto, ela carrega em sua mão direita um lenço, uma mulher parir ela sabe que ela tem que fazê-lo, mas quando é por outra situação nós sofremos, esperamos e nada. Vi meu irmão se afastar, vi meu irmão fugir de sua família por anos. Quando Laila chegou em sua vida, sentimos que podíamos nos aproximar, podíamos chegar mais próximo dele. Graças à Laila, tivemos André de volta, então por isso estamos hoje aqui. Gabriel, Sabrina, meu pai, minha mãe e Renata, Romário havia sumido novamente do mapa e Ronaldo nem sinal dele, mas que importa agora? Só quero que tudo fique bem com meu sobrinho.

Tentarei lhe passar os lados bons da vida e mostrar cada ponto ruim dele. Pretendo ensinar tudo que eu sei. Jogar bola com ele, levá-lo ao parque e tudo mais, pretendo ser o melhor tio para ele, por ele e por Laila. André é excessão a regra. Me aproximo de minha mãe, e ela me olha com pesar, seguro sua mão.

- Fique clama, mãe. – tento tranquilizá-la.

- Estou com tanto medo! – exclama ela, entre lágrimas.

- Não fique, ela está em boas mãos, vai dar tudo certo.

- Eu sei, filho, mas está demorando tanto...

- Fique calma, mamãe.

Afago ela em meus braços e tento confortá-la do meu jeito, Gabriel evita se aproximar do meu pai que está muito quieto. Ele ainda está chateado e eu também, André era outro, talvez nem saiba nem que meu pai esteja aqui. Mas o importante é eles pensarem que hoje é um dia de um ser inocente que nem sonha que isto está acontecendo, apenas sabe que está nascendo. As desavenças devem ser deixadas de lado, e se importar com a prioridade de hoje; Um bebê. Acho que estou sendo afetado hoje com tanto sentimentalismo, estou parecendo um viado de marca maior.

Mas eu estou ficando mais doido que nunca, o que deu em mim hoje?

Promotor Sedutor - Livro 3 - Trilogia FarcolandOnde histórias criam vida. Descubra agora