Capítulo 56

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Camila

Só mais um longo dia para mim, é quase monótono, mas mesmo em quatro paredes onde o sol nasce quadrado todos os dias. Eu pensei que pudesse enlouquecer, mas não aconteceu. Eu mantenho uma rotina aqui. Minha cela contém 6 ocupadoras e quatro beliches. Uma delas, mais marrenta e grosseira do universo apita aqui. Antes de todas se deitarem ou fazem o que ela manda ou apanha. Cada uma tinha seus crimes e sua ficha, outras iam e voltavam constantemente.

Por mais que eu fosse inocente e esteja obviamente presa jamais obedeceria ordens de uma criminosa, eu sempre recebia seu tapa como uma forma de "carinho". Estava na hora do almoço a chuva fina não dava uma trégua, nós tínhamos alguns " deveres" aqui se quisermos almoçar e para não ficar muito tempo enjaulada, tinha o banho de sol e esportes sempre ensinados pelos guardas do presídios, a gente nunca pensa no dia de amanhã, não imaginamos com quem iríamos casar. Esse foi meu mal, acreditar em contos de fadas.

Um guarda penitenciário gritou meu nome do portão da grade de alta tensão e fui até ele. As outras estavam em fila esperando seu "dever" para poder comer uma gororoba. Me aproximo do guarda de cabelos escuros e ralos, altamente musculoso de olhos negros com uma barbicha no rosto, ele era sério. Meu corpo tremeu.

– Visitas. – diz ele, seco.

– Hoje não é dia de visita, quem está aí? – pergunto confusa.

– Não me interessa! – vocifera ele. – andando.

Resolvo não questionar e a segui-lo, normalmente são guardas mulheres que cuidam de nós aqui, mas ele era da parte interna e algum motivo tinha. Eu não sei dizer e nem consigo pensar em algo. Continuo seguindo-o por um corredor extenso e outras presas batiam furiosamente nas grades, outras me xingando e outras pedindo ajuda para fugir. Me encolho calada, até que o guarda gritou:

– Calem-se!

Aquilo me fez pular de medo, ele continuou andando e me lembrei de Henrique. Ele foi o único que viera me visitar, seu irmão André veio e conversou comigo, nas evitou dar detalhes do irmão. Eu não quero que ele se sinta culpado, eu só quero que ele ame de novo da mesma forma como ele me amou, ele merece a chance de ser feliz e ele não seria comigo. Depois de seguir um trecho atrás do guarda, ele abre um portão de grade e depois outro e me encaminha para a sala de visita, ele pára bem na porta e retira as algemas, estendo os braços e ele a coloca em meus pulsos, eu aprendi a aceitá-las.

Quando a grande porta branca se abre meu coração se acelera, podia ser o Henrique e logo sou empurrada com brutalidade para dentro da sala, havia uma mesa metálica e um homem encapuzado de preto. Olho para trás e o guarda sorri diabolicamente para mim e fecha a porta.

Meu coração dispara a todo segundo que se passa e ando até a cadeira vazia e me sento esperando qualquer movimento do ser a minha frente.

– Como vai, Camila Santiago? – uma voz máscula e fria surge.

Franzo as sobrancelhas.

– Desculpe, mas quem é você? – pergunto e sinto o medo ecoar por dentro de minhas palavras.

– Não se lembra de mim? Ora, isso me magoa...

– Eu deveria?

– Acho que sim. Você está presa por minha causa, assassina!

Promotor Sedutor - Livro 3 - Trilogia FarcolandOnde histórias criam vida. Descubra agora