Capítulo 15

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Camila

Fábio era o melhor advogado de defesa que existia, era advogado da minha família e sempre segurou nossos casos, por isso procurei ele. Ele ia dar conta do recado e faria o máximo possível para me ajudar nisso. Mas o problema é que isso estava se tornando público e isso me incomodava, porque eu seria lembrada para o resto da vida como assassina de um marido sujo e podre. O pior de tudo que eu também estava impossibilitada de tomar conta de suas empresas de cruzeiros marítimos. Apesar de não entender nada sobre essa profissão, eu teria de tomar conta se o caso fosse por outro meio. Uma bala estrelada em sua testa mostra que fora um crime premeditado, a pessoa estava bem próxima a ele, quando fui reconhecer o corpo quase vomitei todo o suco que havia toado, foi uma cena horripilante. Foi a coisa mais nojenta que vi em toda a minha vida. Aquele dia foi algo nebuloso para mim, porque eu nunca esperava ver aquilo, acho que ninguém espera ver isso e quando acontece, a gente fica sem o que pensar, mas quem faria tal ato e me deixaria, uma menina inocente ser culpada em seu lugar? Haviam vários suspeitos, em minha teoria. Ele era um homem convicto pra a sociedade, dizia sempre não ter inimigos, mas muitas vezes pela madrugada ouvia ele conversando no escritório, era sempre uma discussão que acabava em xingamentos, era sempre uma coisa horrível de se ouvir.

Uma vez, ouvi ele discutir e no final citar meu nome e a frase ''é melhor cumprir com sua palavra de vingança, porque eu não vou deixar barato!'', isso não me saía do pensamento, sempre me perguntei quem é que o estava jurando vingança do outro lado da linha. Mas ele nunca falava nada sobre sua vida externa, ele só queria saber de fazer sexo, comer e dormir. Eu tinha que obedecer ou no final do dia eu teria um castigo nada agradável. Contei isso a polícia, mas eles não quiseram me dar ouvidos. É como se fosse um Dèja-Vu, que se inicia sempre ao amanhecer, essa história não muda. Fábio se levantou e me acompanhou até a porta, sorri em agradecimento. Andei até a recepção e a moça de outrora se levantou de imediato.

- Srta. Marques, telefone para a portaria anunciando a descida da srta. Santiago, peça que um dos seguranças a acompanhe até seu carro. – pede Fábio.

A mulher no mesmo instante faz de acordo como ele disse e após bater o telefone, sorriu e pediu que eu tomasse cuidado com as escadas para eu não ter um treco. Laura acreditava em minha inocência, minha mãe eu não precisava nem duvidar porque ela sabia desde antemão que eu não era a culpada deste crime sórdido e violento. Espero que essa alternativa diminua minhas chances de ir para a cadeia, porque eu tenho certeza que de lá vou para um manicômio. Desci as escadas pé ante pé, calmamente, me preparando para o furacão que está a minha espera lá fora. Minha cabeça borbulhava o tempo todo com perguntas sem respostas, na verdade eu não sabia nem formular uma pergunta, quem dirá uma resposta. Levei um bom tempo para chegar ao térreo, e abri a porta vermelha e pesada puxando-a para dentro. Saiu e vejo um segurança de terno James Bond, esperando-me na porta do elevador ao lado, ele me olha e indica que eu fosse na frente, obedeci e segui em passos lentos enquanto ouvia os protestos da multidão em massa lá fora. Os flashes das câmeras me cegavam momentaneamente e continuei meu curso até meu carro com o segurança atrás de mim, protegendo minha retaguarda. Abro a porta do meu carro e percebi que eu não o havia trancado, vasculhei o carro para ver se não haviam sumido nada. Para a minha surpresa não. Entro em segurança em meu carro e dou partida.

Quando cheguei em casa, o sol havia diminuído um pouco a sua potência, eu apesar de não ter feito muita coisa já me sentia exausta. O público que havia se instalado aqui mais cedo haviam se dispersado, onde eu iria parar Deus? Até onde isso ia chegar? Faltavam seis meses para o primeiro julgamento, pode acontecer de tudo, segundo Fábio. O segundo julgamento eu estaria respondendo em regime fechado, pagando por um crime que não cometi. Isso acabava comigo, me deixava tonta de tanto desespero mental, lágrimas descem pelo meu rosto e encosto minha testa no volante quando estaciono o meu carro na vaga da garagem de meu prédio. Sei o que todos que moram aqui pensam, que tem uma assassina como vizinha, vejo seus olhares desconfiados e com medo, mas eu não faria mal a nenhuma mosca, quanto mais a alguém que mora nesse prédio.

Desço do carro e subo direto para o triplex, meus pensamentos estavam embaralhados e automaticamente mergulhando num tsunami violento. Eu não conseguia processar nada coerente, só sei que queria descansar e apagar os acontecimentos deste dia. Ando vagarosamente pelo hall do corredor e encaixo a chave na fechadura, e abro a porta. Vejo mais uma vez aquele lugar imenso, vazio e sombrio. Jogo minhas coisas no sofá e caminho direto para meu quarto, me jogo na cama, e fecho meus olhos.

''Eu estava sentada em um quarto negro, estava vazio, apenas eu. Ouvia vozes mas não via ninguém, nem um vulto sequer. Estava com medo, eu tinha que estar. Mas eu não conseguia me levantar daquela maldita cadeira, a vozes se avolumaram, gritando: culpada! Culpada! Culpada! Um monstro da sociedade!'', fecho os olhos e abro-os em seguida e eu estava em um Cruzeiro maravilhosamente lindo e incrível, isso era coisa de Jorge. Haviam pessoas, várias banhadas a jóias caras e roupas feitas sob encomenda. Cassinos e homens em volta. E lá estava Jorge, em seu jogo de cartas, um jogo perigoso, mas na mesa havia outra pessoa, eu não conseguia ver o seu rosto, mas vi algo brilhar na sua cintura, me aproximei mais e mais. Mas cada passo que eu dava me deixava mais distante da mesa. Me aproximar não era a opção. Algo chamou minha atenção quando um tilintar rítmico chamou minha atenção, Henrique entrava pela porta usando um terno cinza, ele olhava para todo lugar menos para mim, sentou-se no bar e bebeu uma, duas, três cervejas e lá ficou, cantando uma garçonete, aquilo me causou ânsias de vomito e raiva.

"Ele nunca vai gostar de uma assassina, ele repulsa a idéia de se envolver com a bandida da história..." disse uma voz masculina, com ar debochado.

Mas por mais que eu procurasse não via ninguém, aquilo estava me assustando.

"Espere e verá. Ele vai te condenar!"

Promotor Sedutor - Livro 3 - Trilogia FarcolandOnde histórias criam vida. Descubra agora