Capítulo 57

2.8K 329 15
                                    

Henrique

Após um longo tempo, a campainha tocou desesperadamente. Minha mãe foi ver quem era, quando a pessoa a atropelou. Romário entrava desesperado e olhou para todos nós. Meu pai foi o primeiro a se levantar e encará-lo. André foi até ele e pede que se retire pois não é bem-vindo aqui, bom ele está certo.

Mas ele parecia desesperado para falar algo que não estavam deixando. Ele parecia querer falar diretamente comigo pois chamava meu nome. Pedi a André e meu pai que deixassem ele falar, mesmo assim eu sabia que não devia dar-lhes ouvido, se for uma ameaça eu acabaria com ele. Juro pela alma que ainda me resta que acabaria com a vida deste desgraçado quando André e meu pai deram espaço ele engoliu em seco e me olhou suplicante.

– Se você ama aquela garota, salve-a agora! – diz ele desesperado.

Olho para ele sem vontade nenhuma de acreditar nele. Ele já mentiu tanto que é meio descabível acreditar nele agora.

– Se essa for mais uma brincadeira sua, pode ir. – respondo ríspido.

– Henrique, por favor, sei que não há motivos para acreditar em mim. Mas eu imploro que salve a menina!

– Por que?

– Ele vai matá-la, me escute!

– Quem vai matá-la? – pergunto.

– Jorge!

Só podia ser brincadeira, mais essa para preencher meu dia. André o põe para fora daqui e fecha a porta. Jorge não a mataria, pois estava morto, não havia como isso acontecer. Laila me abraça e diz que devo visitá-la, me proponho a ir, pois não aguento mais ficar longe dela. Subo para meu quarto e tudo que penso é no que vou ver lá, mas tenho que ir. Deixar de ser covarde.

Vou ao banheiro tomar uma ducha e logo me visto adequadamente para ocasião. Uma camisa pólo azul escuro e calça jeans e sapato social, ajeito meu cabelo e uso meu perfume de sempre. Retorno a sala e vejo meu pai falando ao telefone nervoso e minha mãe conversando com Laila e o bebê no colo. Me despeço de todos e sigo apenas meu coração.

[...]

Chegando a penitenciária, me identifico na recepção e uma guarda me trata rispidamente. Espero eles abrirem um portão de ferro, e um guarda me olha de cima a baixo e pede que eu o acompanhe, eu o faço ele me conduz a uma sala de visita comunitária sem ninguém, sei que hoje não é dia de visita, mais eu precisava vê-la.

– Aguardr um momento, trarei ela num instante. – diz o homem friamente.

Apenas assinto e espero, meu coração lateja dentro do peito que chega a doer. Bato nervosamente minha perna incomodado com a demora. Será que ela não queria me ver? Eu começava a me sentir um idiota por ter vindo. Ela obviamente não iria me ver, afinal eu sou o culpado do seu inferno. Meu estômago se revira e sinto um aperto, meus olhos umedecem e eu sinto que vou ficar só agora, vai demorar até que ela queira me ver de novo.

Minha mãe desta vez errou em dizer que ela sentia minha falta. Me sinto como um tolo. Ouço um som agudo abafado e me levanto assustado, policiais corriam em uma única direção e abro a porta da sala onde estava e no final do corredor vejo uma aglomeração de policiais detendo alguém, o guarda que me guiou estava caído ao chão e quando dei um passo, uma guarda loira pediu que eu entrasse pois seria mais seguro.

Algumas horas se passaram e eu estava prestes a desistir. A bagunça de mais cedo foi contida, mas ninguém sabe quem atirou naquele guarda, quem estava com ele era uma prisioneira e não tinha como ela está armada, ouvi dizer que ela estava algemada e chorava muito.

Pedi que a tragam para mim e isso levou tempo, pois ela não podia mais sair de sua cela. Fui até uma guarda e dessa vez ruiva, e pedi que me deixassem falar com Camila. A princípio ela negou, mas me identifiquei como o promotor e ela pensou alguns segundos antes de me encaminhar até a pessoa que eu mais amava na vida; Camila.

Havia muitas celas cheias de criminosas, elas gritavam que também tinha direitos a uma visita especial, a guarda ignorou como eu. Quando uma delas esticou o braço para me tocar a guarda se virou rapidamente batendo em sua mão com um negócio de madeira que parecia um taco de beisebol. Mais um corredor e logo estava em frente a uma cela privada.

– Por que ela está aqui? – pergunto.

– Ela está em observação. – responde a guarda.

Asssinto.

– Não demorem muito, o que estou fazendo foge dos protocolos.

– Serei breve!

Ela nos deixa a sós e vejo Camila olhando teto com o olhar perdido. Aquilo me deu um nó, pensei em dar meia volta mas me lembrei do meu irmão me chamando de covarde.

Criei coragem e a chamei, seu olhar lentamente encontraram os meus e ela se levantou. Lágrimas caíram de seus rosto e ela segurou as minhas mãos.

– Henrique! – sussurra entre soluços. – Você veio!

– Me perdor por não vir antes. – digo baixo.

– Não importa, eu preciso tanto de você.

– Igualmente.

Nada poderia ser pior do que vê-la assim.

- Eu acabei com sua vida por ser um idiota! - digo alto e de cabeça baixa.

- Ninguém faz algo propositadamente, na verdade...- os lábios carnudos da linda garota que está atrás das grades são paralisados por meu indicador.

- Eu fui e sou um monstro sem alma, eu sempre vou ser assim!

– Não faça isso consigo mesmo. – pede Camila.

Vejo que sua reação não é normal, tem algo estranho nisso, de novo.

– Aconteceu alguma coisa?

A guarda nos interrompe dizendo que estava na hora. Mas peço maia alguns minutos.

– Jorge...Jorge está vivo, ele veio aqui atirou naquele guarda! – ela torna a chorar.

– O que? Como? Camila...

– Acredita em mim, ele está usando o nome do meu pai que ele matou!

Ela podia ser inocentada com isso, essa era peça que faltava. Romário não mentiu.

– Henrique, ele matou meu pai.

– Fique calma, eu vou resolver isso.

Com isso deixo o presídio e tento desesperadamente falar com André.

Promotor Sedutor - Livro 3 - Trilogia FarcolandOnde histórias criam vida. Descubra agora