Capítulo 21

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Camila

Estava paralisada diante daquele homem com uma beleza invejável e com o sorriso branco quase angelical. Às vezes a vida coloca a gente numa enrascada que você não sabe por onde sair, portanto que você nunca acha saída para uma situação como essa. Minha boca de repente ficou seca, a voz presa na garganta e senti meu coração disparar mil por hora, mais rápido que um carro de racha de velozes e furiosos. Enquanto ele batia descompassado dentro de meu peito, a figura magnífica à minha frente, esperava que eu o convidasse para entrar, mas fiquei que nem uma idiota ali admirando sua beleza de deus grego, não conseguia respirar quando uma mão leve tocou meu ombro. Olho para o lado com a devida decepção da ruptura de minha admiração aberta, Laura sorriu para mim e voltou para Henrique agora com a testa franzida.

- Pode entrar, menino, Camila não irá se importar. – pede ela.

Fui empurrada sutilmente para o lado para dar espaço ao rapaz de cabelos louros-escuros entrar, estava bem arrumado e o que me chama mais atenção é o tom bronzeado de sua pele. Mas ele não parece um cara de frequentar muita praia, tem uma expressão séria, apesar de sempre colocar um sorriso lindo no rosto. Ele caminhou até a mesa e cumprimentou o amigo e sentou ao outro lado dele, da mesa vaga que também ficava...do meu lado. Preciso buscar tratei de me movimentar e deixar meu cérebro comandar meus sentidos, com muito esforço o fiz. Preparo o prato dele sempre o olhando de escanteio, ele não percebia nem mesmo um, mas Laura não deixava escapar nada. Ela ia me torrar o saco amanhã e depois, depois e depois. Deposito o prato na sua frente enquanto ele dá uma olhada e sutilmente abre mais uma vez aquele lindo sorriso. Aquilo aqueceu meu coração, a experiência da primeira vez foi tão...inesperada e constrangedora, que acho que isso até um meio de me redimir. Pela primeira vez, meus problemas sossegaram, ficaram quietos no fundo da minha mente, eu não queria mais saber de nada. Só apenas de admirar aquele belo sorriso que só ele sabia dar. Então me sentei e todos me olharam, corei levemente.

- Bom, podemos nos servir, Laura e Marcelo já estavam começando quando você...chegou. – digo.

- Tudo bem, ele não sabe a hora de esperar pelos amigos. – rebate Henrique.

- Ah fala sério, você demorou demais, até parece que sou príncipe encantado para ficar esperando donzelas. – reclama Marcelo.

- Muito engraçadinho, idiota. – diz Henrique fazendo careta.

Ele suspirou e então começou a comer, fiquei o observando, o equilíbrio que tinha de segurar o garfo e de levar a comida à boca, o gesto de íntegro de se comportar à mesa. Ele parecia entender de hábitos educados quando está a mesa. É impressionante, e ainda mais quando cada gesto faz meu coração bater cada vez mais forte, preciso me controlar ou vou chamar atenção demais, principalmente de Laura, que com certeza está me fiscalizando para me interrogar depois. Esqueci que minha comida esfriava no prato, eu mal havia tocado nela, foi quando os olhos verdes de Henrique encontraram os meus, meu estômago deu uma reviravolta sensacional que pude me sentir um pouco desconfortável, logo seu olhar abaixa para meu pulso e suas sobrancelhas se franzem de novo.

- O que houve no braço? – pergunta ele.

Olho para meu pulso e volto a atenção para seu rosto com traços singulares, porém a coisa mais linda do mundo. Abro e fecho a boca duas vezes e então respondo:

- Me queimei um pouco, nada demais... – admito.

- Andou aprontando na cozinha, mocinha? – brincou ele.

- É, só um pouquinho! – sorrio.

Todos começaram a rir e então percebi que Marcelo chamou a atenção de Laura, mesmo ela odiando a idéia de ficar com homem casado, parecia estar se familiarizando com o caso. De repente, uma amizade viria a calhar, ainda mais vindo de Marcelo. Não posso dizer exatamente o que vai acontecer depois, mas eles parecem agora bem íntimos. Sinto o olhar de Henrique me analisar minuciosamente, procuro ficar atenta e me acalmar, não é fácil suportar a análise minuciosa de Henrique sobre mim. Eu podia jurar que se Jorge estivesse vivo e visse uma cena como essa, ele me castigaria da pior forma ao anoitecer quando todos fossem embora. Só agora me dei conta que desde que me casei eu nunca fiz nada, nunca pude fazer ou frequentar festas, não podia caminhar na praia, não podia ir ao cinema. Minha vida era ficar presa dentro de casa, isso se caso fosse uma vida. Abaixo minha cabeça momentaneamente e me lembro de que não é hora de deixar meus pensamentos me entristecer, é hora de aproveitar o pouco tempo que tenho de vida. Aos poucos estou aceitando meu carma, é difícil acreditar numa coisa dessas, mas está acontecendo, não há como escapar o importante é que por enquanto, eu mereço esta vida, mesmo que por pouco tempo. Após mais algum tempo, Marcelo e Laura foram para a varanda da parte da frente e estava conversando animadamente entre si, Henrique e eu não desejaríamos incomodá-los, quem somos nós para isso? Marcelo parece bastante à vontade perto de Laura, enquanto eu levantava para recolher a louça.

- Eu lhe ajudo. – oferece Henrique.

- Não há porquê, fique à vontade... – digo.

Ele se levanta e arqueia uma sobrancelha.

- Não vai me machucar te ajudar na louça, mocinha. – ele pisca.

- Obrigada, então. – agradeço com um sorriso.

Ele recolhe os pratos de Marcelo e Laura e eu recolho o dele e o meu, juntos caminhamos direto para cozinha e sem querer, esbarro em seu braço, sinto um choque no toque que me causa bastante...conforto. Me sinto aliviada por sua presença. Ele sorriu com minha reação e senti um frio na barriga, arranho a garganta e ligo a torneira, ele me empurra gentilmente para o lado tomando as rédeas da situação, é só quando reparo a vermelhidão nos nós de seus dedos longos e esguios, meu coração se aperta de uma maneira estranha.

- O que houve com sua mão? – pergunto.

- Como?

- Sua mão está vermelha...

- Ah – pronuncia. – Eu tive um problema em família e perdi a cabeça.

Aos poucos ele contou o que havia acontecido detalhe por detalhe, fiquei absorta com aquela história. Como o primo dele pode xingar a mãe dele depois de ter criado como seu filho? Sei que não sei o motivo pelo qual o primo de se revoltou com sua família, isso ele fez questão de omitir. Também não era da minha conta saber. Quando ele terminou a louça, os pombinhos lá fora se beijavam quase apaixonadamente e Henrique cobriu o rosto com as mão e ri baixo.

- Deixa eles, não faz mal. – digo. – Que tal darmos uma volta?

De onde tirei tanta audácia? Henrique dá de ombros e assente.

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Promotor Sedutor - Livro 3 - Trilogia FarcolandOnde histórias criam vida. Descubra agora