Capítulo 12

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Henrique

Nós nem conseguimos assimilar tudo aquilo, claro que Ronaldo não ia se vingar à ta, ainda mais por isso. Romário era o merda todo, sujando o nome de nossa família. Talvez meu pai estivesse se preparando para o que ia acontecer depois. Eu estava perplexo assim como Gabriel, sua expressão revelou tudo como a minha também. Meu pai parecia ter tirado um peso dos ombros e ao mesmo tempo triste porque estava nos envolvendo nisso, bom, tecnicamente ele que pediu, mas acho que ele não tinha a intenção de. Uma traição do seu irmão que ele quis ajudar, da maneira errada mas quis, jogar toda culpa nela, não parecia certo. Romário tinha que pagar suas contas com a justiça, mas isso também incluía meu pai, porque ele falaria seu nome e contaria tudo para ser absolvido. É o grande mal deste país. Ronaldo está com uma fúria sobrehumana e nem sequer sabe de toda a verdade, não sabe que Romário é o verdadeiro culpado neste inferno. André vai ficar puto se ficar sabendo desta história e mais puto ainda porque não estavámos lá para ver o rosto de seu filho. Posso ouvir os seus xingamentos mentais em meu cérebro.

Mesmo assim, continuo achando que ele deveria ter reportado a polícia, saberíamos o que fazer e teríamos evitado muita coisa. Tudo o que hoje está perturbando a minha família teria sido evitado. Não estou negando eu pai, que uma parte foi culpa dele, porque ele também foi culpado, mas maioria está nas costas de Romário. Fingir a própria morte já era um crime, matar alguém é homicídio, enganar os outros não é crime, mas magoa a todos nós. Mas ele tem que pagar e eu me encarregaria disso, mas teríamos de recolher provas, que provas nós temos? As palavras do meu pai? Isso não dava nem para o começo teríamos de ao menos ter uma confissão, mas se o tal fazer essa confissão, ele receberá menos tempo de prisão do que merecia, já meu pai por ter feito obstrução da justiça levará mais tempo. Mesmo que isso custasse ter que ver meu pai na cadeia eu faria, tenho certeza que Gabriel concordaria comigo.

- Vocês vão ter que pagar por isso! – exclama Gabriel, furioso.

- Eu sei, por isso naquele dia, eu lhes pedi ajuda, eu não aguento mais conviver com isso, carrego o sangue daquele homem em minhas mãos, mesmo que ele que tenha matado, ele planejou tudo desde o começo. – a voz do meu pai falha.

Ele vai chorar?

- Pai...

- Não, Henrique! Eu também fui culpado, podia ter reportado a polícia, falado que meu irmão cometera um assassinato e agora eu estou...estou sendo chantageado por ele, para não ir para cadeia! - revela meu pai. – Se eu tiver que ser preso que seja pelas mãos de André.

Eu e Gabriel trocamos olhares desconfiados, porém entendíamos a situação em que nós estavámos, Romário estava o chantageando! Chegamos ao ponto que queríamos, era essa ligação que devíamos presumir desde o início. As palavras do meu pai foram sinceras, o problema é que não queremos envolver André nessa sujeirada toda, porém faremos isso se não houver mais alternativas. Temos que avaliar melhor esta situação.

Depois que meu pai se recolheu em seu quarto, liguei para minha mãe e ela deu uma bronca bem linda para mim, ainda indicou que ele colocasse no viva-voz, baita exagero né? Mas depois disso, disse que tudo corria bem com Laila e o bebê. Gabriel e eu ficamos mais aliviados, meu pai poderia saber depois, já que estava dormindo. Ficamos em silêncio por um bom tempo até que Gabriel se pronunciou:

- Engraçado, ele o chantagear agora, não é?

- Sim...- digo de uma vez, estava pensativo.

- O que eu ainda não conseguir entender por qual razão Romário está fazendo isso. Não era mais fácil se divorciar?

- Sim...

- Temos que conversar com Romário, claro que ele vai desconversar e jogar a culpa no papai, mas ele vai ficar nervoso...

- E quem tem cú, tem medo!

- Sua boca é pior que a minha, que merda.

Gabriel havia achado um ponto que eu não consegui nem ao menos concluir, tínhamos que intimidar aquele crápula, que definitivamente desconheço como qualquer merda da minha família. Mas um passo de cada vez, eu não sei como dizer como estou me sentindo, porque estou péssimo e com muita dor de cabeça. Não almocei direito graças ao telefonema de minha mãe e estou aqui resolvendo um problema, daqueles dos bem grandes. Ouvimos a porta bater com fúria, Gabriel e eu olhamos para trás e vimos Ronaldo passar por ela. Ele nos olha friamente e Gabriel se levanta.

- Não importa o que você pensa do meu pai ou no que acredite no que Romário te contou. Apenas saiba que ao meu pai você não vai fazer mal! – afirma Gabriel, convicto.

Ronaldo permaneceu calado apena olhando para ele com ódio, depois abriu um sorriso forçado.

- E quem foi que disse que você vai impedir alguma coisa? Sabe como é ter sua família destruída por sua família e descobrir por uma vaca que lhe abandonou por anos?

- Não, não sei, mas partir para vingança ou planejar a morte de alguém, não vai mudar isso e nem vai te fazer bem. Você vai para cadeia e vai ficar remoendo o sangue que te acompanha para o resto de sua vida – diz Gabriel, eu permaneço calado.

- Você não é meu pai, Gabriel, eu nem sequer sei se tenho uma família! – altera a voz, Ronaldo. – Renata, anda saindo com gente barra pesada e vocês se preocupam comigo!

- Bom, você é o irmão dela, se preocupe com ela você. – digo, me levantando.

Ronaldo fica a me olhar.

- Sua irmã mais do que ninguém sabe se cuidar, nós como você disse, não somos sua família...

- Então, por que tentam me persuadir?

- Deixe-me fazer uma pergunta – ando em sua direção ficando bem a sua frente e Gabriel ficou um pouco logo atrás. - Por que voltou para cá, se não nos considera como tal?

Promotor Sedutor - Livro 3 - Trilogia FarcolandOnde histórias criam vida. Descubra agora