Capítulo 8

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Henrique

A tarde está quente, o dia ensolarado e tínhamos de ficar de terno, já havia sido dois dias que estive na casa da Camila. Eu nem mesmo, sabia seu sobrenome, mas algo me dizia que é melhor ter cuidado. Minha mãe sempre me falou que quem procura acha, eu estava muito curioso e ansioso por vê-la novamente, eu até queria defendê-la de novo, se fosse preciso para reencontrá-la, pensando bem, eu nem peguei o número de celular dela, mas tenho meios de como descobrir. Entro no computador e busco por listas de telefones, onde ela mora me deu a impressão que ela tem condições para tudo. Triplex, não é para qualquer um não. Mas quando, vou dar início a minha busca, Marcelo irrompe a minha mesa, retirando toda a minha privacidade.

- O que você quer? – pergunto ríspido.

- Nada, só vim ver meu melhor amigo mais lindo do mundo...- responde ele, debochado.

- Se não é nada, me deixe. – digo irritado.

Esses últimos dias desde a balada só ouço ele falar da loura e de sua histeria, estou ficando de saco cheio.

- Então, me arranja o número da loura?

- Cara, ainda vai querer dormir com ela? Ela não falou bem de você não!

- Eu sei, cara. Mas eu não consigo parar, ela está se tornando um vício...

- Você devia parar com essas coisas sabia? Você é casado, tem idade pra saber respeitar sua mulher que deve ralar o dia todo...

- Mas comer uma só é um saco.

- Olha eu sou um cafajeste completo, destruo o coração de muitas garotas, não sou ninguém para falar. – digo, me recosto em meu assento. – Meus pais são um exemplo, mesmo que a dificuldade apareça eles estão juntos para combate-las. São casados e até hoje, não vi e nem ouvi dizer que um trai o outro. Isso é idiotice, machismo e hipocrisia.

- Henrique, dando sermão sobre mulheres? É sério isso?

- A questão não é essa, só que eu sinto pena da coitada que está com você.

- Beleza. Mas vai arranjar?

- Eu nem falo com a garota, quem dirá arranjar o nome da outra lá.

Marcelo se levanta um pouco envergonhado de sua atitude.

- Certo. Vou indo nessa, meu expediente está acabando.

Percebo que ele ficou triste com minhas palavras, mas eu também acho isso uma puta sacanagem, ele casou então para quê? É esse um dos motivos para que eu não me case com ninguém. Eu refiro ser livre e não ter ninguém para me aprisionar. Não quero terminar como...Marcelo. Eu fico me perguntando quando a esposa dele descobrir o que vai ser dele.

De repente eu estou distraído e vagando, um outro funcionário entra com jornal na mão e lhe pergunto quais as notícias de hoje. Na primeira página há uma manchete sobre o assassinato de Jorge Santiago e no final do texto mencionava meu nome sobre a acusação feita. O sorriso foi instantâneo, a pessoa que comandou o crime, saberia que eu já estava agindo em nome da lei. Nada mais satisfatório do que realizar um trabalho com sucesso e ganhar mérito devido por isso, mesmo assim, o que a esposa do homem fez é totalmente errado, ela podia sofrer mas tratos em casa, mas deveria ter procurado a polícia quando teve chance. Era melhor deixar tudo nas mãos da justiça.

Eu sei que muitos gostam de fazer justiça com as próprias mãos, porque a justiça falha em muitos casos, reconheço que sempre há um furo. Pois há a corrupção, e tudo mais. Mas essa nem sempre é uma boa escolha, ela nunca é e nem traz frutos bons e positivos, apenas consequências, e são essas consequências que tentamos reparar. Eu fico imaginando como a família, mãe, pai, irmãos ficam se sentindo quando recebem uma notícia dessas, é uma coisa horrível de se pensar. Até a sensação é algo horrível.

Abaixo mais meu olhar e havia uma foto de um grupo de amigos com a vítima, eles estavam em um bar atrás de uma sinuca, seguravam suas garrafas de cerveja, uns pela metade e outros não. Mas havia um que estava na ponta esquerda que olhava para Jorge de cara feia, seus olhos expressavam ódio, talvez tivessem tido uma desavença, mas por que ele estaria na foto? O que ele fazia dentro do grupo? O resto parecia estar feliz, curtindo algo de bom, enquanto ele parecia ver o seu próprio diabo. Mas nada indica que tenha sido ele, e acredito que não. Posso estar enganado.

Eu não posso julgar, apenas ofereço a acusação e condeno de acordo com o júri. Mesmo oferecendo a denúncia, eu não vi o rosto da culpada, tento imaginar uma pessoa nova de cara ranzinza e recalcada, mas nada me vem à mente. O julgamento, pelo menos seria o primeiro, seria no fim do ano. Seria um grande caso, deixo isso para lá e fecho minha mesa e recolho minhas coisas e vou para meu almoço.

O restaurante estava cheio, estava difícil encontrar um lugar para sentar. Mas eu amava a comida daqui, eu me sinto bem e relaxado, pois amo comida italiana e chinesa. Mantenho meu equilíbrio alimentar saudável. Eu sou bem diferente dos meus irmãos, não gosto de exibição, mas respeito a opinião deles. Cada um de nós tem uma personalidade forte, cada um com sua opinião. Mas minha preocupação se volta para Ronaldo e os acontecimentos dos últimos dias, meus irmãos ainda estão relutantes a idéia de ajudar o papai. O nome Farcoland, está perdendo a crença dentro da família. Ronaldo some durante dois dias e depois reaparece como nada tivesse acontecido, a nossa última conversa, me deu mais uma razão para acreditar que ele havia mudado, estava em estado de rebeldia. Renata enchia o saco a todo momento querendo saber o motivo de tanta frieza e da conversa que ela escutou ou sei lá o que.

Acho que vou pirar se continuar pensando nisso, mas não há outra maneira de não pensar. Aquilo estava acontecendo e eu estava totalmente envolvido e sozinho naquilo.

Meus pensamentos são interrompidos quando meu celular toca no bolso da minha calça, pego e atendo:

- Alô?

- Henrique, desculpe incomodar em seu trabalho, filho.

- Hora de almoço, o que houve?

- É a Laila, querido...

Meu coração dá um pulo.

- Ela está bem?

- Não, precisamos que venha no hospital Copa D'oor.

- Por que? O que houve, mãe?

- O bebê vai nascer.

- O que? Já estou indo para aí.

Promotor Sedutor - Livro 3 - Trilogia FarcolandOnde histórias criam vida. Descubra agora