Capítulo 37

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Camila

O dia foi tranquilo depois da conversa com André, ele decidiu que queria pagar a conta do nosso almoço e me senti muito mal com isso, na verdade fiquei envergonhada. Henrique não se deu o trabalho de impedir aquilo, era o irmão e qualquer coisa que saísse do seu bolso poderia faltar para seu filho, um bebê que herdou o nome dos irmãos do delegado. Apesar de toda a postura séria e rígida me pareceu um homem bem centrado e honesto e graças ao que fez há 4 ou 5 anos atrás por sua esposa, acabou lhe deixando mais conhecido e temido. Dona Bertha costumava dizer que ele fazia para se aparecer que a família Farcoland não era nada mais que pessoa hipócritas, mas o que eu não sabia e nunca saberia era que o delegado que enfrentou um bandido cara a cara, tinha irmãos e um deles, era a pessoa que havia dominado meu coração de uma forma que nem mesmo eu, Camila consigo entender. André se preparava para ir embora quando Henrique se levantou e o acompanhou até a porta, fiquei em silêncio. Bebi um copo d'água e olhei para a pequena sala bem customizada e formidável, o cheiro era agradável o suficiente para eu saber que ali era o lugar mais perfeito do mundo, claro estando ao lado de Henrique. Ver a maneira como olhou para aquelas meninas, me deixou confusa e intrigada, sei que se eu perguntar ele vai negar e tripudiar sobre o assunto, então é melhor apenas deixar para lá. Ás vezes o acho tão inconstante quanto as suas posturas e palavras, Henrique é um bicho complicado de decifrar, mas eu o amo por isso, quando ele age desta forma, me mostrar quem ele realmente é, não força e nem precise que alguém acredite que ele depende daquilo. Vejo em seu olhar que ele gosta do que faz e é assim que deveria ser, acho que foi isso que me cativou. Até na boate onde nos conhecemos, ele nunca deixou que alguém falasse algo da qual ele não é, eu não acreditaria. A única coisa em que eu acredito é que desde o primeiro dia eu estava completamente apaixonada por ele e só vim perceber agora. A nossa noite de amor, foi algo de outro mundo, foi mágico e especial, não há muitas palavras que possam definir tudo o que sentir. Era uma fagulha que ia incendiando cada vez mais de um forma gostosa e prazerosa, que ia queimando por dentro, era a esperança que eu jamais tive enquanto viva com Jorge. Eu não posso negar que desta vez eu sei que o que eu sinto é amor.

Ele retornou à mesa e ficou a observa-me tão de perto que eu podia sentir meu corpo em brasa, eu o desejava loucamente. Mas não insistiria de novo, já que da primeira vez ele me recusou sem pestanejar. Não vou forçar nada com ele afinal, estou apaixonada pelo o homem que no final das contas vai dar a última palavra para o juiz para que ele me sentencie a morte entre quatro paredes onde o sol nasce quadrado, o que definitivamente vai ser pior para mim, meus pulmões se encheriam de ar contaminado, pois não ficarei sozinha na cela, não teria privacidade para usar o banheiro, faria tudo na frente das minhas companheiras de cela que particularmente não estou ansiosa para conhecer. Se André descobrisse a verdade e pudesse me salvar, seria uma boa ação, mas no fundo sei qual vai ser o resultado. Não poderia ver Laura e nem meus pais, não falaria com minha mãe, sei que não falo com muita frequência com ela, mas sentiria saudades de quando eu era solteira e viva a mil léguas de pura maluquice. Todos que andavam comigo, sumiram, seguiram suas vidas e eu casei, perdi minha juventude e hoje estou com problemas e um dos grandes. Não é preciso ter um QI muito alto para entender toda esta merda que está acontecendo na minha vida.

_ Eu falei que ele te ajudaria. - diz Henrique.

_ Eu agradeço mas disse que não queri...

_ Eu vou fazer o que eu acho certo. - rebate ele.

_ Henrique por mais que tente, não vai conseguir.

_ Por que?

_ Você me colocou nisso, lembra?

Ele abaixou a cabeça e deu um suspiro profundo que me fez pensar que seu pulmão estava rangendo, que nem as pessoas quando ficam resfriadas. Ele me olhou sério.

_ Eu não sabia que era você! - ele me olha com certa ofensa no olhar. - Camila, se eu te conhecesse e soubesse que o efeito que você causa em mim...

Ele esfregou as mãos em seu rosto e deu um grito abafado.

_ Henrique, não quero lhe ofender, me desculpe, só que...

_ Eu sei, mas vou dar um jeito, ainda temos cinco meses e acredite André já saiu sabendo o que vai fazer.

Sorri lembrando de suas palavras ''o efeito que você causa em mim'', isso só pode significar coisa boa, meu coração pulou como uma criança que vê um pula-pula num dia de festa. Eu mal podia me conter, me levanto deixando algumas lágrimas preencherem minha visão e embaçá-las, em menos de um minuto ele me abraçava por trás e beijou meu ombro suavemente.

_ Estou querendo te levar a um lugar, mas precisa ser segredo.

_ Entendo.

_ Então vamos lá, princesa.

Ele segurou a minha mão e me puxou para longe dali.

(***)

Se um dia alguém me perguntasse se eu teria coragem para agir desta forma, com certeza minha resposta seria não. Laura falaria absurdos para mim e me faria rir demais com seus comentários. Estou mais selvagem que antes. 

Promotor Sedutor - Livro 3 - Trilogia FarcolandOnde histórias criam vida. Descubra agora