Capítulo 11

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Henrique

A expressão do meu pai era indecifrável e fria, meu pai normalmente não é assim. Gabriel e eu estavámos determinados por buscar respostas e sabemos que encontraríamos respostas com ele, ele e seu irmão trabalharam juntos o tempo todo, e sinto que ele ainda nos esconde alguns detalhes sórdidos. Eu preciso saber de toda verdade, antes de entrar de cabeça nessa louca confusão que ele e seu irmão causaram. Não entendo por qual a razão disso tudo, só acho que deveríamos acabar com isso o quanto antes, pois isso poderia gerar uma tragédia na família, a última coisa que quero ver é um possível homicídio vindo da própria família. Não posso deixar isso acontecer, porém meu pai teria de nos dar mais explicações. Esperamos ali em sua frente firmes e determinados, ele sabia que não havia muito o que fazer, nós costumávamos ser persistentes quando queríamos. Ele olhou para Gabriel e depois para mim e soltou um suspiro frustrado, nada do que ele fizesse iria adiantar. Ele depositou sua mão no teto de seu carro e negou com a cabeça. Não vai adiantar em nada ele adiar isso.

- Entrem! – ordena ele, um pouco furioso.

Gabriel entrou no carona de trás e eu na frente, meu pai deu partida no carro e iniciamos uma longa corrida.

O caminho foi tenso e mortalmente silencioso, meu coração batia lentamente contra o peito, Gabriel também era outro que permanecia calado como eu e papai. Mamãe deve estar surtando dentro do hospital por conta de nosso repentino sumiço. Havia muita coisa em jogo, Ronaldo estava prestes a se tornar um idiota bandido da história e isso me cheia a uma história bem clichê na verdade, muitos não sabem como devemos agir diante de um fato desses, seja ele o do mais pequeno até um dos mais graves. O ódio e a decepção os cegam de uma maneira totalmente absurda, perder o bom senso da direção é um fator que ocorre, mas isso gera consequências, eu com certeza faria o que era certo, mas ia me doer ao saber que eu colocaria um parente meu dentro das grades. Mesmo que isso não mude nada, eu não posso deixar ele fazer seja lá o que for que esteja planejando. Meu pai estacionou o carro cuidadosamente o carro dentro da garagem, dos LePlace Residencé, moramos no Rio de Janeiro e os brasileiros costumam colocar nomes estranhos em suas estruturas, falta de criatividade.

Meu pai olhou para mim depois de algum tempo e depois para Gabriel, e desceu do carro, fizemos o mesmo em silêncio. Ele estava muito sério, nunca o vi tão sério desta forma, alguma vez. Gabriel também estava sério. Não preciso nem dizer que eu também estava sério. Meu pai seguia em passos fundos até seu escritório, e quando chegamos naquele recinto, ele pegou uma pequena chave em seu bolso prateada e abriu a porta.

O que? Ela nunca havia sido trancada esta porta, algo está acontecendo e é por isso que viemos até aqui..., penso.

Ele deu uma rápida olhada em nós e liga a luz do seu escritório. O recinto havia alguns armários e uma mesa de madeira clara no centro acompanhada de um computador, papeladas, que por sinal estavam espalhados pela mesa. Ele não tem nem deixado minha mãe entrar para limpar seu recinto, penso novamente. Eu e Gabriel nos entreolhamos e cruzamos os braços, ele senta em sua cadeira e nos surpreende com seu olhar frio e indiferente.

- Pronto. Não há nada com que possamos nos preocupar aqui, mas por precaução, sugiro que fechem a porta e a tranquem. – ordena ele.

Gabriel faz o que ele manda e volta sua atenção para ele de novo.

- O que vocês querem? – pergunta com voz contida.

- Respostas. – afirma Gabriel. – Por que Ronaldo anda falando ao telefone a madrugada?

- Eu não estou sabendo deste fato. – confirma meu pai.

- Eu ouvi ele falando com alguém outra noite, na minha cabeça ele está planejando uma vingança ou seja lá o que for isso, porém, há alguma coisa vaga nesta história toda e é por isso que estamos aqui. – digo.

Promotor Sedutor - Livro 3 - Trilogia FarcolandOnde histórias criam vida. Descubra agora