Capítulo 45

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Henrique

Alguns meses se passaram e com isso as preocupações se aproximam, André não conseguiu nada além de uma suposta ligação da mãe de Camila com o pai dela. Mas não podia provar e isso me apavora mais que qualquer coisa. Camila tenta aproveitar o máximo de tempo possível, meus pais pedem para que eu não me preocupe tanto, mas não havia como não se preocupar, ela estava prestes a ir a julgamento eu eu estava aqui, em minha sala de promotoria vendo os arredores movimentos e o sol que banhava as ruas, os camelôs ganhando seu pão de cada dia. Não tinha como não pensar que o inevitável estava para acontecer e mesmo eu querendo, não podia retirar a denúncia. Marcelo se aproxima da janela e observa o tumulto que está lá fora.

- Você pode faltar, João Miguel poderá lhe substituir... - diz ele.

- Ele não fará isso. Eu vou fazer parte disso de um jeito ou de outro! - respondo amargamente.

- Por que?

- Camila quer que eu o faça!

Marcelo me olhou surpreso.

- Ela não está pensando direito, Henrique...

Abaixo minha cabeça sabendo que essa opção é possível. Meus pais entenderam seu lado, sabiam que haveria uma solução no final, mas minha cabeça etava explodindo, daqui há um mês seria o julgamento e eu estava nervoso e acima de tudo temeroso, o que poderei esperar dentro de 30 dias? Meu peito anda angustiado ultimamente, inquieto e apertado, eu mal sabia conter a dor estonteante que se abatia em minha alma, era tão diferente de tudo que já pensei. Se eu achava antes que Mariana fez fora pesado demais, imagine agora. Eu ia perder meu anjo, minha salvação e eu a perderia por escolha minha, uma ganância que já não existe mais em mim. Nada consolava-me e nem mesmo Marcelo conseguia me entender. Ele sempre teve seu jeito, mas agora que arrematado por Laura, considera-se sortudo, mas sei o perrengue que está passando em casa. Sua quase-ex-esposa, está o perturbando por ter descobrido o seu caso com Laura. E mesmo com tudo isso, ele guardava para si, para tentar ajudar com o meu porblema. Camila estava a fazer compras junto com Laura, hoje ela iria preparar um jantar para nós pelo fim da tarde. Marcelo e eu teríamos de chegar ao mesmo tempo para agradar as garotas, mas não sei bem se terei disposição para isso. Isso me corrói demais, tenho medo, pela primeira vez eu estou com medo.

Marcelo se encosta na mesa do lado da ampla janela e cruza os braços.

- Henrique, tem que achar um jeito, não pode fazer isso, você a ama!

- E você acha que não sei disso?! - esbravejo e bato com a mão no porta - lápis e todos me olham assustados.

- Acalme-se, só estou...

- Eu vou perdê-la! Tantos bandidos de alta periculosidade e ela vai para o xadrez passar o resto da vida lá sem ter encostado no merda de seu marido!

- Eu sei. É difícil esta situação, Laura andou me contando que a sogra anda fazendo contato ameaçando-a.

- Como?

- A sogra da Camila anda a perturbando.

- Qual o problema desta mulher? - pergunto furioso. - Meu irmão tem problemas maiores agora, eu não consegui nada!

Quando mais tempo se passa eu vejo que estou perdido, fora estes problemas que estão me atormentando tem isso. Só para deixar a força do meu pensamento mais vívido que já estava. Ando pelo canto passando a mão nos cabelos, baguçando-os de uma forma informal. Marcelo permanece imóvel no mesmo lugar, outro promotor da sala veio em minha direção anunciando que João Miguel desejava ver-me em sua sala. Olhei para Marcelo que deu um leve aceno com a cabeça e segui meu destino até a sala de João Miguel. Contudo, meu trabalho me chamava o tempo todo. O caminho até lá não era muito distante, mas me dava tempo para relaxar um pouco. Evitei pegar o elevador para que que pudesse me acalmar melhor, pensar melhor. Subo pelas escadas com mil pensamentos embaralhados de uma vez só, nada me faria melhor do que gastar um pouco da minha energia, acordei pensando em meu exaurir até chegar em casa e mesmo assim o jantar com ela seria algo perturbador, apesar de ama-la ver que seu tempo está se esgotando me faz ter muita raiva.

Nada ajudava neste momento, nem pensar em coisas boas, me ajudava. A vida tinha sempre um trocadilho para pregar na vida da gente, é sempre uma peça que nos joga de um canto a outro, brincando conosco como uma peça inutilizável de xadrez. Fazer isso com ela era a última coisa que eu queria fazer, podia cair um meteoro na terra hoje que eu ficaria agradecido ou se pudesse desfazer a merda que eu fiz melhor ainda. Cheguei ao andar do escritório de João Miguel e podia ouvi-lo falar alto como de costume, devia estar ao telefone. Normalmente, ele não era de gritar tanto assim, e isso me deixava mais estressado.

Bato à porta de seu escritório e ouço sua voz mandar que eu entre de uma forma áspera. Entro cautelosamente, já prevendo que havia acontecido alguma coisa que eu não estava ciente. João Miguel indica com a mão para que eu sente enquanto ele falava o telefone e me olhava friamente. Ele bate o telefone no fim da ligação e me encara.

- O que está acontecendo com você, Farcoland? - pergunta João Miguel rispidamente.

- Nada até onde eu sei. - respondo.

- Estou tendo algumas informações que você anda se encontrando com a réu do seu caso, quer me explicar o que há?

- Não acho que devo comentar isso aqui.

- Ora Henrique, quer me enganar? Sou um juiz...

- Já sei, ainda não entendi o ponto onde quer chegar. - concretizei.

- Você parece diferente do que conheço e quero explicações sobre isso.

Ele retira algumas fotos de sua gaveta e joga furtivamente à minha frente. Era sobre nós, eu e Camila em todos nossos momentos. Alguém estava brincando comigo e eu queria muito saber de quem se tratava.

Promotor Sedutor - Livro 3 - Trilogia FarcolandOnde histórias criam vida. Descubra agora