Capítulo 16

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Camila

Acordo sobressaltada, me sinto grudenta e ensopada de suor, eu não sei que horas são, pego meu celular e vejo que são três da manhã. Merda! Eu dormi tanto assim? Me levanto no meio da escuridão e caminho em meio ao escuro até meu banheiro, tropeçando em todas as coisas até chegar no lugar desejado e acendo a luz, o banheiro verde com vidrais estava impecável, o sanitário branco fechado e a pia de granito limpa com meus pertences ocupando o seu espaço. Ligo a torneira e lavo meu rosto e olho para o espelho brilhante a minha frente, o rosto sem brilho, com olheiras de uma menina sem vida. Eu nunca imaginei ser assim, nunca imaginei que ficaria assim. Dói saber que ainda estou evitando meus pais e evitando acreditar no que de fato vai acontecer comigo, eu não sei o que fazer pela primeira vez. Sempre fui muito decidida e sempre tomei decisões por mim, mas hoje eu não sei o que fazer, não sei se há mais o que fazer quanto a minha situação. Laura em certa parte, alivia essa tensão, mas eu sei que nem sempre ela vai estar aqui para me ajudar mesmo ela dizendo que vai. Olho para meu corpo esquelético, o resultado da minha má alimentação, estou de fato, um caco de ser humano. Eu não me reconheço mais. Ligo o chuveiro e começo a me despir.

Palavras ofensivas é o que meu inconsciente diz, coisas sujas e acusações, mas eu sei e tenho certeza que não fui eu, não é minha índole fazer esse tipo de coisa. Não sou a bandida, se ao menos a polícia tivesse o desempenho de investigar melhor este caso, talvez eu não estivesse nessa merda toda. Isso já está me sobrecarregando de certa forma, porque eu acho isso muito injusto. Entro no Box e deixo a água morna bater sobre minhas costas, para aliviar os nós que se formou, pela forma errada que dormi na cama, toda dolorida e rígida. Fecho meus olhos por breves segundos e tento pensar com Jorge no momento do ocorrido, mas não havia nada para pensar, não havia nada que eu pudesse chegar a uma conclusão definitiva, lágrimas escorrem do meu rosto misturadas a água, eu não sei mais quem eu sou, de fato. O rosto de Henrique preenche a minha mente anuviando toda raiva que sentia neste momento. Eu não sei porquê pensar nele ajuda a melhor um pouco meu estado de espírito permanente. Pensar nele me dá uma ''energia extra'', ele é o homem mais lindo que já vi na vida, espero algum dia vê-lo sem que eu esteja com tantos problemas, abrir um sorriso e me apresentar como uma pessoa normal.

De qualquer forma, preferi manter a imagem pura de Henrique em minha cabeça, já que eu estava começando a me sentir bem, senti meus lábios se curvarem em um sorriso automaticamente, eu nem sei porque isso está acontecendo comigo, é algo sobrenatural afinal de tudo. Laura diria que eu estava ficando louca ou que estava apaixonada por alguém que nem ao mesmo lembra que eu existo. Ela zombaria da minha cara por ter me apaixonado pelo cara em apenas um dia de conversa, não pode ser, eu sou uma alma condenada, nenhum dos caminhos me levam a algum lugar porque se me levasse eu não estava passando por tanta provação. Abro meus olhos lentamente, vejo o vapor subir, o vidro do box está embaçado e então resolvo sair do banho, me enrolo numa toalha branca grossa e saiu cuidadosamente do box. Caminho lentamente de volta para meu quarto, pego minha camisola branca, e a visto como manda o figurino, a imagem de Henrique preenchendo minha cabeça, anuviando quaisquer pensamento negativo que surge no caminho. Seco meu cabelo com meu secador e vejo que está na hora de cortá-los da maneira que eu gosto. Por enquanto quero tentar dormir e dessa vez sem sonhos, porque eu não vou aguentar mais viver assim.

Me jogo em minha cama e dou um longo suspiro, fecho os olhos e para minha surpresa o sono vem, graças a deus sem sonhos ou pesadelos.

Na manhã seguinte me sentia mais aliviada e menos tensa, me levanto e olho pela janela do meu quarto o sol parcial que entrava. Caminho até meu banheiro para fazer minhas necessidades e vou direto para cozinha, tomar minha típica vitamina de banana, hoje eu percebo que estou com um pouco de fome e penso no que preparar para uma pessoa só. Matutei por alguns minutos e senti uma renovação sobrenatural que surgiu do nada, faria um almoço para mim e Laura, mas primeiro preciso avisá-la. Corro até meu quarto deixando a vitamina de lado e pego meu celular, digito uma mensagem para Laura que responde imediatamente, dizendo que viria para ver se aprova minha culinária e que não tinha nada melhor para fazer. Ela estaria aqui por volta das onze da manhã. Vejo a hora no celular e vejo que é oito da manhã, ainda daria tempo. Troco minha camisola por uma regata branca e uma calça legging preta e óculos escuros, sei que estou arriscando a receber piadas de mau gosto, mas eu preciso ir ao mercado. Calço minhas rasteiras e pego minha bolsa que contém todos os meus pertences e desço. O porteiro dormia em cima da aparelhagem do interfone e desejo um alegre bom dia, eu não sei o que me deu ou o que aconteceu, só sei que não estou nos meus dias normais, eu jamais iria tomar uma atitude assim. Abro o portão e sigo no lado direito na calçada, havia algumas pessoas que passavam normalmente me senti tranquila.

Após alguns minutos de caminhada cheguei ao mercado, estava cheio, alguns olhares se voltaram para mim, mas eu não estava ligando para nada que não fosse minha determinação de comprar um almoço digno.

Promotor Sedutor - Livro 3 - Trilogia FarcolandOnde histórias criam vida. Descubra agora