CAPÍTULO 2

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Uma semana havia se passado desde que comecei a trabalhar no Colégio Rainbow and Flowers.

Não era um trabalho difícil nem cansativo. Na maioria das vezes eu apenas ficava enfurnado na sala da coordenação mexendo com documentos ou arquivando papeis importantes.

Vez ou outra era requisitado para transportar materiais variados para as salas de aula, e esse era o maior contato que havia tido com os alunos daquele lugar.

Me sentia incomodado apenas quando tinha que ir ao Bloco I. Aqueles alunos em particular eram terríveis. Não era possível entrar em alguma daquelas salas e sair sem pensamentos assassinos. Não quando jogavam bolinhas de papel às minhas costas e tentavam encontrar qualquer motivo para zombar de mim.

Por que esse tipo está em todos os lugares?

Queria que as escolas fossem ainda à moda antiga, onde os professores davam aulas com varas e palmatórias em mãos,prontos a corrigir os pirralhos e fazê-los analisar suas atitudes.

Descobri através de Seokjin que Jeon Taeho quase nunca era visto dentro das dependências da escola, salvo em ocasiões muito importantes ou quando buscava o filho no final das aulas. Assim, a maioria da parte burocrática era resolvida por Jin, que era um grande amigo além de um funcionário de confiança.

Jungkook, fiquei sabendo, havia nascido de um parto difícil, tendo perdido a mãe no momento em que vinha ao mundo. Taeho demorou muito tempo para superar a perda da esposa, mas mesmo em luto foi sempre um pai exemplar.

Jungkook foi diagnosticado com autismo aos seis anos de idade, em uma época onde tudo era mais difícil e a deficiência não era assim tão conhecida ou discutida. A partir daí houve muita dor de cabeça.

Em todas as escolas em que o filho era matriculado, ele era motivo de chacota e piada entre as outras crianças "normais". Os professores não lhe davam a atenção necessária e ignoravam o fato de que ele não conseguia acompanhar os outros alunos.

Depois de muitas escolas e tentativas frustradas de inserir o pequeno no meio social, Taeho viu que seria melhor para o filho ser acompanhado em casa.

Contratou um profissional capacitado que atendesse às necessidades do garoto, bem como fonoaudiologia e coisas básicas que até então ele não foi capaz de aprender.

Tudo correu muito bem por um longo tempo, mas de repente mudou. Quando Jungkook completou doze anos, Taeho descobriu através de câmeras de segurança instaladas em casa que o filho estava sendo molestado pelo professor.

Ele ficou naquele momento sem chão. Já desconfiava que algo não ia bem devido a uma significativa piora no quadro de Jungkook, mas ele não dizia nada a respeito. Talvez por medo ou por que realmente não conseguia se comunicar de uma maneira satisfatória. Isso levou o pai a equipar sua casa com câmeras por toda a parte para que, se caso o professor e cuidador de Jungkook fizesse algo, não passasse despercebido.

Depois disso, Jeon Taeho levou o homem à justiça e não confiou seu filho a mais ninguém. Passou a cuidar ele mesmo do garoto enquanto deixava sua empresa nas mãos de seu irmão mais novo.

Com esse tempo sendo cuidado e amado pelo pai, Jungkook superou quase que totalmente o ocorrido mas não melhorou muito no aprendizado. A sequela foi essa.

Taeho não queria deixar o filho mais sozinho, mas tinha negócios a resolver em sua empresa. Assim, teve a ideia de fundar uma escola apropriada para que pudesse também ser útil a outras pessoas que passavam pelo mesmo problema que ele.

Rainbow and Flowers foi erguida assim.

Não era apenas uma escola onde eram ensinadas disciplinas corriqueiras. Lá os alunos tinham acesso a um tratamento diferenciado, com tudo o que era preciso para que ficassem física e psicologicamente saudáveis.

Different Love - TaeKookOnde histórias criam vida. Descubra agora