Different Love - TaeKook

CAPÍTULO 44

Boa leitura!!!

Jungkook

Eu sabia que as coisas tinham sido difíceis nos últimos tempos.

Eu ainda não tenho certeza se entendo muito bem o que isso significa, mesmo que pareça muito simples quando eu olho no dicionário. O conceito de morte para mim é muito vago e a complexidade desse assunto confunde a minha cabeça mais do que qualquer outra coisa.

Demorei muito a entender porque meu Hyung chorava escondido às vezes, porque sentia que ele estava sempre me observando como se não pudesse deixar de fazer isso, porque tinha passado a se preocupar tanto de uma hora para outra a partir do momento em que acordei doente no hospital e por que falar sobre isso deixava-o tão triste.

Ele chorou de novo ao tentar me explicar alguns dias depois que voltei para casa. Me lembro de estar em um dia ruim porque meus ossos doíam mais do que o normal e meu Hyung não foi trabalhar de novo só para ficar comigo e cuidar de mim. Seus olhos brilharam muito quando ele se debruçou sobre o colchão ao meu lado depois de me dar meus remédios e apenas segurou a minha mão no seu rosto. Ele me contou como seu coração ficou triste quando me machuquei, que ele não podia aceitar que existia a possibilidade de eu nunca mais acordar e que ele não sabia o que faria se eu partisse para sempre. Que ele não poderia viver sem o seu amor.

Isso só fazia sentido para mim em partes. Pensei que eu me sentiria mal assim se meu Hyung se machucasse porque eu sempre queria vê-lo bem e saudável, com seus olhos sempre alegres e o sorriso bem aberto, bem para estar comigo. Eu só não conseguia entender como isso era definitivo, o partir para sempre. Meu Hyung já havia me contado que quando não existíssemos mais as nossas almas ficariam juntas em outro lugar. Ele me disse isso. Mas as coisas aconteciam de um jeito diferente. Não estávamos velhos como a sua avó. Eu não deveria deixar de existir antes do tempo e deixá-lo sozinho para trás .

Foi aí que eu descobri que a morte não era exclusiva para pessoas que viveram tempo demais. Descobri que também morriam bebezinhos que não chegaram a viver tempo nenhum, que morriam crianças por doenças no sangue, que morriam senhoras por tumores malignos, que morriam homens na guerra e que todas as pessoas estavam sujeitas a acidentes . Meus livros de biologia não me disseram isso. Eles diziam que na natureza existe um delicado ciclo chamado "ciclo da vida" . Nesse ciclo todos os seres nascem, crescem, se reproduzem e morrem. É assim que as coisas deveriam funcionar.

Mas não é assim que acontece e pessoas são arrancadas dos seus sonhos, planos e amores por outros motivos além da velhice . Elas simplesmente se vão e não voltam mais. Não como os animais na natureza que são vítimas do clima, escassez ou da cadeia alimentar, mas de um jeito triste e sem propósito, brusco e doloroso demais para quem tem que se despedir.

Eu podia entender a lógica disso, mas era difícil também sentir algo a respeito de uma situação pela qual nunca passei. Eu nunca perdi alguém de verdade para poder me lembrar da dor e minha mente dificilmente conseguiria imaginar algo assim. A teoria para mim era muito mais fácil. Esse não era o tipo de coisa que eu gostava de pensar porque me deixava confuso e fazia a minha cabeça doer.

É ruim saber que me machuquei porque não consegui lidar com uma coisa tão comum quanto fogos de artifício. Eu poderia melhorar o quanto fosse possível, meu Hyung poderia dizer todos os dias que eu estava indo bem, mas não era como se eu estivesse curado. Jin-Hyung disse ao papai muito tempo atrás que eu não poderia me curar, mas também disse que isso não era uma sentença de morte. Essas metáforas são difíceis mas eu acho que ele quis dizer que não era tão ruim assim. Às vezes acho que pode sim ser uma sentença de morte, como quando meu autismo foi culpado de um acidente que quase me fez não existir mais, mas penso também que muitas outras pessoas sofrem acidentes, de acordo com as estatísticas que encontrei na internet, e que não é possível que todas elas sejam autistas.