CAPÍTULO 10 - PARTE TRÊS

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Boa leitura!!

Eu havia acordado no dia seguinte à nossa chegada na Ilha de Jeju com o telefone do quarto tocando estridentemente em cima do criado-mudo ao lado da cama. Meio sonolento, me arrastei para fora do sofá de couro em que tinha dormido a fim de deixar Jungkook mais confortável na cama, e andei meio trôpego pelo quarto, ouvindo apenas meus passos abafados e um ronco suave.

Passei os olhos pelo garoto encolhido no centro do colchão espaçoso e tive que deixar um sorriso escapar. Ele era tão especial! E eu não dizia isso por ele ser autista. Mas por ele ser realmente precioso e importante. Até mesmo o som da sua respiração parecia uma coisa que deveria ser apreciada e valorizada e tê-lo ali tão seguro e tranquilo perto de mim fazia aquela centelha se aquecer dentro de mim.

Atendi ao telefone no meio de um toque e rapidamente retirei a expressão boba do rosto, sentindo meu estômago girar e meu traseiro se fechar automaticamente.

___Bom dia! - Jeon Taeho me saudou com a voz grave e firme.

Apertei os lábios, tendo me esquecido momentaneamente que o filho do meu patrão super protetor havia se esgueirado pelos corredores do hotel durante a madrugada e corrido para o meu quarto sem a sua prévia autorização ou mesmo conhecimento.

Imaginei todas as coisas quais teriam passado na cabeça do Jeon mais velho, o que ele poderia pensar que eu tinha feito com o garoto. Na minha mente eu já estava sendo considerado um aliciador de jovens vulneráveis e me senti empalidecer levemente. Logo agora que o homem estava confiando em mim. Ele nem me lembrava mais a todo instante que não devia tocar no garoto.

Estava esperando mesmo um esporro dos bravos e aceitaria de boca fechada, por que a culpa de ter sido ludibriado pela carinha fofa de Jungkook era apenas minha e de mais ninguém. E, de qualquer forma, foram úteis e valorosos os momentos que passamos ali. O garoto estava sensível e angustiado. Se eu pude fazê-lo se sentir melhor já me parecia o suficiente, mesmo que depois fosse ouvir sermões até a volta de Cristo.

Assim, apenas me resignei com meu destino.

___Sr. Jeon, eu peço que me desculpe. - pedi com conformidade.

Fez-se silêncio e pensei que ele estaria considerando formas violentas de acabar com a pouca raça que eu tinha.

___Café da manhã - foi o que ele disse - Agora.

E encerrou a chamada. Fiquei quase um minuto inteiro encarando o telefone com incredulidade e, por fim, o coloquei de volta no lugar, sentindo a minha coragem se esvaindo do meu corpo.

Chacoalhei então a cabeça e lancei um olhar ao menino que permanecia do mesmo jeito na cama.

Ele estava tão bonitinho daquele jeito que parecia um pecado tirá-lo da bolha de tranquilidade em que se encontrava.

Me sentei na parte livre do colchão ao seu lado e pensei no quão confortável teria sido se eu tivesse dormido ali, junto com ele. Jungkook parecia tão quentinho, macio e eu queria, mesmo que internamente, abraçá-lo e aconchegá-lo nos meus braços, enquanto ele ressonava delicadamente.

Tive que lembrar a mim mesmo que qualquer desses contatos deveriam ser completamente proibitivos para se ter com aquele garoto. Mesmo que eu o olhasse com muito respeito e carinho, não poderia negar nem aqui nem na China que ele era perfeito. Seu rosto era lindo, seu físico era incrível mesmo ele sendo jovem e não praticando exercícios. Ele era um rapaz muito atraente apesar de tudo e seria muito fácil ter algum pensamento impuro sobre ele. Mesmo sendo apenas um pensamento, uma ideia passageira e sem maldade, eu não deveria deixar isso acontecer. Ele era muito inocente para isso. E eu não tinha certeza se ter tanto contato com ele era um coisa boa. Quer dizer, na maioria do tempo ele agia comigo de forma afetuosa e com seu pai também, mas com outras pessoas era muito complicado. Eu sabia que sua tendência era fugir de demonstrações físicas de afeto e já havia visto incontáveis vezes esse tipo de situação no colégio. Ele não tinha tais reações negativas comigo, salvo em situações onde o contato vinha de forma inesperada e abrupta. Assim, ele se assustava, mas logo voltava a relaxar novamente. Eu não tinha toda a certeza de que em algum momento ele poderia se incomodar e se sentir desconfortável comigo ou não. E considerando sua triste experiência com o antigo educador, eu não tinha a mínima intenção de deixá-lo acreditar que eu queria exceder nossa intimidade a esse nível abusivo e deixá-lo mal.

Different Love - TaeKookOnde histórias criam vida. Descubra agora