12. As erupções vulcânicas são como fagulhas de lareira.

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Se em algum lugar recôndito de sua mente Cosima ainda lamentava pelo péssimo dia que estava tendo, a visão daquela mulher em meio a pouca luz, com seu sorriso iluminado, fez com que ela se lembrasse de que o dia não havia acabado. Que ainda faltava poucas horas, mas ainda era sábado, e que seus pedidos para que aquele dia terminasse bem havia sido atendido.

Ainda digeria a informação sobre o nome dela, um detalhe que ela quisera tanto saber e que havia lhe atingido como um balde de água fria. Então ela era Delphine. A loura que a deixara inquieta desde o primeiro momento em que havia fixado os olhos, era Delphine Cormier. Como não desconfiou, ou ouviu qualquer sinal dos céus que presumisse que a prima de Felix e a loura, poderiam ser a mesma mulher, ela ficara tão embasbacada com seu encantamento por Delphine, que nem pensou no mais óbvio.

Sobre Delphine Cormier, ela sabia apenas o que seu amigo Felix dizia, e Felix sempre dizia muita coisa, mesmo Cosima nunca se apegando a qualquer informação sobre aquela mulher à sua frente, ela odiou-se por aquele pouco caso que sempre tivera, e se em algum momento ao menos tivesse cogitado que a beleza dela fosse aquela, teria prestado atenção a cada mínimo detalhe nos monólogos de Felix. Cosima sabia apenas que ela era membro de uma das famílias mais influentes de Toronto. Sabia que ela vivera praticamente toda adolescência na França, além dos últimos anos e que havia perdido a mãe desde muito nova. Sabia que o mundo que as separava deveria ter um oceano de extensão e sabia que ela estava sofrendo há alguns dias com a morte do pai. Concluiu que as informações que tinha sobre Delphine Cormier, não eram o que importava naquele momento, e que qualquer pessoa com acesso à internet poderia saber, e que se até mesmo ela procurasse mais a fundo na internet poderia encontrar mais informações , até mais interessantes.

Lamentou mais uma vez por não ter dado a devida atenção a Felix, quando o assunto se tratava de sua prima "francesa" mas começou a analisar mais atentamente como as coisas estavam acontecendo em seu interior, em como tudo entre elas estava fluindo naturalmente, chegando a conclusão que o fato da mulher a sua frente ser Delphine Cormier não importava, que Cosima queria conhecê-la antes de tirar conclusões, queria saber quem verdadeiramente era a mulher que estava ali a sua frente. Ela queria conhecer os segredos por detrás daqueles olhos quase em tom de caramelo que a fitavam com curiosidade. Aquela era mulher que Cosima queria conhecer, independente do que acontecia no mundo exterior a elas. Que Felix Dawkins lhe perdoasse, mas ela não poderia perder aquela segunda chance de conhecer quem realmente quem seria Delphine Cormier.

Com certo nervosismo Cosima observou a gentileza dela em cumprimenta-la. Viu o braço magro sendo estendido em sua direção e após acordar de seus devaneios conseguiu fixar-se nela. Delphine mantinha a mão inclinada em sua direção e suas feições tinha uma forma tão espontânea que foi difícil voltar a concentrar-se no que tinha que responder.

- Delphine – Cosima repetiu enquanto estendia a mão direita em resposta ao cumprimento dela, sentindo a forma como as letras daquele nome tão singular, e tão familiar cadenciava ao ser pronunciado. - Enchantée. – respondeu ao gesto, sentindo a mão ser envolvida pela dela. O toque suave e firme. Ela lastimou-se por ter tentado aquela pronúncia em francês. A quem ela estava querendo impressionar com seu francês de ensino médio? Sempre havia sido dedicada aos estudos, mas nada que impressionaria uma mulher que vivera na França tempo demais. Provavelmente Delphine estaria rindo internamente de sua pronúncia.

Aquela constatação de estava passando vergonha fez com que as bochechas de Cosima tomassem um tom rosado. Ela não se reconhecia, estava nervosa com a presença de Delphine, e seu nervosismo transpareceu ainda mais com a proximidade dela, sua mão começou a transpirar e sentir como a mão de Delphine estava fria, fez com que interrompesse o contato e escondesse a mão no bolso frontal do blazer que vestia. Não lembrava há quanto tempo conhecer uma mulher há havia afetado daquela forma, mas havia algo em Delphine Cormier que a fazia sentir-se insegura, e não sabia o que era.

Defy ThemOnde histórias criam vida. Descubra agora