14. Ficou parada, inteiramente sem jeito...

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A boca fina de Delphine paralisou ao primeiro contato, no qual tentou entender o que tudo aquilo significava, no qual buscou entender o porquê de não mover-se, e o porquê de não desejar outra coisa que não fosse a continuidade daquela carícia tão suave e tão íntima. Delphine se perdeu naquela magia que era ser despida pela profundidade dos olhos verdes enigmáticos, ser contemplada pelo sorriso gentil e pela timidez desmedida. A troca de olhares que avançou para outro leve e inocente roçar de lábios foi natural, onde no momento seguinte viu Cosima se afastar com o rosto ruborizado e com os olhos curiosos por uma aprovação, uma resposta. Como resposta Delphine viu-se entreabrir os lábios, em um convite silencioso para que ela continuasse. Ela percebeu como Cosima libertou sua mão do contato com a dela, e percorreu lentamente o caminho que levava até sua nuca. A morena era habilidosa e sabia exatamente como deslizar os dedos pela extensão de seu corpo. Sabia como envolvê-la naquela atmosfera em que sentir era a única resposta sensata, a única coisa que se via encorajada a fazer.

Delphine estava assustada pelo gesto inesperado da mulher a sua frente. Um gesto que trazia consigo a mesma sensação de formigamento que sentira minutos antes, quando havia sido tocada por ela de forma tão ousada. Um gesto que trazia à tona a mulher cheia de paixão que habitava seu interior, aquela mulher que tinha curiosidade pelo desconhecido, aquela mulher que até então, ela julgava não existir.

Cosima não hesitou e voltou tomar a boca dela com mais urgência, não contendo o desejo por experimentá-la. Sua língua ávida tocava a dela com mais violência. Ela sentia Delphine pedindo mais, presenteando-a com a maciez e a umidade de sua língua. Ela não contrapôs a investida, e Cosima permitiu-se envolver pelo mistério que perder-se na boca daquela mulher trazia, na leveza que guia-la lhe proporcionava, em como tocá-la fazia aquele calor lhe consumir. Seus lábios inquietos moviam em reposta, a entrega tão envolvente, na qual viu-se explorando-a, e degustando-a, sua vontade latente por Delphine entorpecendo-a.

Queria satisfazê-la de todas as maneiras possíveis, queria retribuir a entrega. Queria mais.

O sabor tão doce de Delphine em misto a bebida cara, era indescritível, pois se misturava aos ares da noite, realçando a satisfação que sentia. Cosima sentia aquela sensação boa lhe preencher por não ter hesitado, por ter arriscado algo impetuoso o bastante e que dera o resultado esperado.

Era prazeroso para a morena sentir seu íntimo pulsar após prová-la, confirmando suas suspeitas sobre Delphine Cormier, suas suspeitas de que ela não era apenas companhia agradável com a qual desejava ter longas conversas, aquele contato confirmava o que já tinha suspeitado a pouco, que seu corpo de maneira insolente também queria provar cada singularidade daquela mulher tão deliciosa.

Sua pergunta do quanto estava bêbada, havia sido respondida junto com o beijo que Cosima acabara de roubar. Delphine viu-se apreensiva quando sentiu o toque sendo cessado lentamente, estava inebriada e Cosima levava o calor do contato, juntamente com sua delicadeza, e com seu gosto, deixando um grande número de outros questionamentos surgirem em seu intimo. Ela queria mais do beijo de Cosima, mesmo sabendo que não era sensato, mesmo sabendo que estaria agindo impulsivamente, coisa que não costumava fazer. Ela até então estava mergulhada na entrega de seus desejos tão desconhecidos, que não pode ser indiferente ao sorriso de satisfação que se desenhava no rosto de Cosima. Delphine ainda estava assustada, mas também estava feliz, por isso sorriu de volta para a mulher atrevida a sua frente, que mordia o lábio inferior e sorria com os olhos. Seus pensamentos tumultuados cada vez mais conflitantes.

Cosima havia imposto uma distância entre elas e Delphine ainda mantinha-se sentada. Tinha que manter-se apoiada em algo, ela sentia a cabeça girar. Suas bochechas queimavam com violência. Evitou encarar Cosima, não seria sensato fazê-lo, não sabia o que fazer.

Defy ThemOnde histórias criam vida. Descubra agora