32. Ela é tão frágil! Tão ingênua.

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- E o que você quer Cosima? – murmurou Delphine, não sabendo Cormier se aquela era a pergunta certa a se fazer para uma mulher atrevida como Cosima, e mesmo sem saber a resposta para aquela pergunta, à curiosidade por saber como a morena contestaria sua indagação fez com que permanecesse imóvel, no mesmo local em que se encontrava. Até porque, Delphine sabia que não tinha para onde fugir.

Não, aquela não havia sido a pergunta adequada a se fazer. Naquele momento, a proximidade que Cosima havia estabelecido e o toque dos dedos dela sob sua face, fazia com que aquele desejo que sentia por aquela mulher se espalhasse com mais rapidez por seu corpo. Ela sentia o toque de Cosima deixando seu queixo e deslizando vagarosamente até que pousasse em seu pescoço, era como se em cada parte que ela tocava ficasse um rastro que ela não sabia como conter.

Os olhos verdes esmeralda de Cosima ainda crispavam em direção aos dela, procurando uma resposta para aquela tensão que voltava a se desenhar. Delphine, não soube se foi pela intimidade do olhar fulminante que a jovem Niehaus lhe firmava, ou se foi pela distância entre elas que a cada instante diminuía e fazia com que sentisse com mais nitidez o calor do corpo da morena.

- O que eu quero? Isso é sério? – a voz da morena tentava expressar a calma em lidar com aquela proximidade, ainda não acreditava que Delphine fosse tão inocente ao ponto de perguntar aquilo.

Delphine viu Cosima levantando uma das sobrancelhas, e pelo tom de voz usado por ela, sentiu o quão grave havia sido sua pergunta, e talvez por sentir-se envergonhada pelo que perguntara sem medir as consequências, ou apenas por saber que não tinha a mesma malícia que a mulher à frente, sentiu seu rosto ferver e o rubor denunciar claramente o que pensara. Cormier viu-se fugindo do contato visual, inclinando a cabeça para o lado e como demonstração do nervosismo que se fazia presente, ela prendeu o lábio inferior com os dentes e sorriu, voltando então encara-la.

Cosima não podia negar que estava feliz pelo atrevimento finalmente demonstrado por Delphine, mesmo pensando seriamente que ela não medira as palavras que dissera, e muito menos sabia no que tudo aquilo implicava para ela.

Por mais que buscasse em sua memória, Cosima Niehaus não lembrava se em algum momento desde que começara a explorar sua sexualidade conhecera uma mulher tão imune a suas investidas como Delphine Cormier. E aquilo cutucava seu ego de forma tão incessante que lhe incomodava, era um desafio para Cosima mudar aquilo, e queria acreditar, para o bom andamento de sua sociedade com Felix Dawkins, e da amizade que mantinha com ele, que a implicância dele com a amizade entre ela e Delphine, fosse algo de momento, porque se não fosse, pelos sentimentos que aquela mulher estava lhe causando, corria um grande o risco de perder o amigo.

A menos de dois minutos atrás, Cosima havia tido uma breve discussão moral sobre aquela mulher e as atitudes dela, ali, simplesmente jogava todo seu discurso e seus esforços por água abaixo. Foi então que lhe ocorreu que talvez Delphine soubesse o que estava fazendo, que talvez Delphine estava entrando no jogo que esbravejara muito antes que não entraria, e em meio as inúmeras respostas que surgiu na mente de Cosima, a morena decidiu optar pela mais sincera que lhe ocorreu.

- Eu quero você! – respondeu em alto e bom tom, sem deixar de olhar para a mulher a sua frente, e sem deixar sucumbir-se por aquele desejo que lhe era latente de unir seus lábios aos de Delphine, que parecia muito interessada em como ela prosseguiria. Delphine estava testando-a. Era visível.

- Cosima. Seu atrevimento é incomparável! – murmurou Delphine meneando a cabeça. Nunca havia conhecido alguém que ia tão direto ao ponto como ela, e sim, era aquela a resposta que queria receber, mas ao tempo que queria, também temia, porque no que se referia a estar com uma mulher, tudo para Cormier era um território desconhecido.

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