Pelo pouco que conhecia de Cosima Niehaus, Delphine deveria ter pressuposto, que a atitude da morena não seria algo diferente de tocá-la, ou beijá-la, não depois do que dissera, e embora sua atitude não houvesse sido uma provocação direta, não se arrependia em nada do havia dito a Cosima. Em nenhum momento a intenção da jovem cientista havia sido provocá-la, e concluía que se por um momento em toda aquela conversa, movida por emoções, e declarações acaloradas por parte dela, houvesse imaginado que a morena fosse beijá-la, da maneira como estava fazendo, com toda a certeza teria provocado-a bem antes.
Não era uma adolescente que se encantava por palavras ditas, e naquela altura dos acontecimentos, era bom ver alguma atitude por parte de Cosima, que sempre dizia muita coisa. Não queria interromper a investida, e talvez não fazê-lo deixasse subtendido que não tinha objeções, deixava mais que claro que não importava-se por estar exposta, por estar de acordo com as carícias. Afinal, ela importava-se?
Em seus trinta e um anos, com a pouca experiência que tinha na área sentimental, Delphine sabia que romantizar momentos a enfraquecia, e desviava o foco de suas ações. Sempre fazia com que tudo fugisse do controle que julgava ter. Não era bom para lembrar de suas experiências românticas e lamentáveis, coisas de Montréal, como ela costumava classificar, seria tão mais fácil esquecer todo aquele desastre.
E por mais que ela não se considerasse uma mulher romântica, ainda era uma mulher, com anseios, e que não podia negar, nem a si mesma que ser tocada com carinho e com paixão, e ser preenchida por lábios doces como aqueles e que despertavam sensações como aquelas a fazia sentir-se viva, a fazia pensar que estar com alguém era sempre bom para o seu coração sempre tão vazio de coisas boas.
Nas experiências que tivera e na ilusão que criara desde muito nova, de que o amor não era algo a ser almejado, e sim algo que se desse sorte, um dia encontraria. Refugiara-se por algumas vezes em tardes sozinhas, as quais ficava distraída com algum livro, ou algum filme que achava interessante, um de seus preferidos The Notebook*, que naquele momento lhe recordava que um dia quisera ter um beijo romântico o bastante, que talvez a fizesse esquecer onde estava, que pudesse apenas sentia a chuva lhe brindar. Naquele passado, em que havia sido uma jovem, com sonhos demais e atitudes de menos só havia desejado ao fim de tudo, conhecer alguém bom o bastante para fazê-la sentir tudo aquilo e principalmente esquecer quem era. Aquilo era ser romântica?
Podia sentir os lábios úmidos em contato com os seus, e os sentira úmidos, muito antes da chuva lhes cobrir, e se antes naquela troca beijos tão intensa que tinha com Cosima sentira a respiração ofegante da morena, naquele momento Delphine sentia que respirar era apenas um mero detalhe perto de tudo o que sentia e de tudo lhe atingia. Por tantas vezes havia relembrado o toque dos lábios de Cosima, o que a levara até mesmo a sonhar com ela e naquele momento ele se repetia, com mais volúpia e com mais intensidade do que ela sequer poderia ter sonhado.
Baixou as mãos até que envolvessem a cintura de Cosima e com a vontade que já lhe preenchia a muito de tê-la próxima, puxou o corpo pequeno e molhado até que se fundisse ao seu. Poderia acostumar-se facilmente a envolve-la, e deixar-se evolver por ela. Nunca antes Delphine havia tomado uma iniciativa como aquela, e sua atitude um tanto quanto impulsiva dava-se pelo medo de que Cosima não entendesse seus sinais, por talvez a morena não entender que toque de seus lábios significava muito para ela.
Apesar da chuva intensa e fria que as envolvia, o calor entre elas era latente e Cosima a sentia queimar com toque dela, queria poder sentir mais do que o contato do tecido contra seus dedos, suas mãos, permitia e apesar daquela barreira, ela sentia a entrega da loura. Sentia os lábios de Delphine ternos e ansiosos por mais, e se por um momento havia cogitado estar no controle daquela carícia que havia imposto após ser desafiada, recordou-se que desde o dia anterior, quando conhecera aquela mulher, quando tratava-se de Delphine Cormier nada era como ela planejava, nada era fácil como ela queria. Cosima recordou-se que a mulher que tinha nos braços não havia sido a primeira mulher que dizia-se não gay que ela tivera a audácia de beijar, mas diferente das anteriores, que não foram poucas, a loura havia sido a primeira que ela tivera que tomar uma iniciativa, por duas vezes, não a julgava inocente, mas a Delphine parecia querer testá-la. Ela havia sido a única que ela queria a todo custo colocar à prova e mostrar que estava errada.
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Defy Them
FanfictionCosima era a caçula de quatro irmãs, e mesmo que pelo jeito desastrado e irresponsável ela duvidasse que pertencesse a talentosa família Niehaus, responsável por um dos Cafés mais bem-sucedidos de Toronto, a irmã gêmea a fazia descartar a hipótese d...