35. Tenho sede dessa água... Dá me de beber!

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- Eu não quero voltar... – Delphine começou a dizer, mas as palavras não surgiram. As que surgiram, logo falharam e não saíram. O pensamento dela focava nas sensações que afloraram em seu íntimo, despertadas pelo toque da mulher em suas costas. Cosima. Focava na maneira suave como ela acariciava seu corpo, na delicadeza, e na afinidade com que ela o fazia. Como se soubesse o que seu corpo precisava. - Eu não vou voltar atrás! – por fim sussurrou, na pouca voz que saiu.

A proposta silenciosa de Cosima para que não deixasse a presença dela, havia surpreendido Delphine, e embora soubesse que ao ficar e deixar-se seduzir pela morena, contrariaria tudo o que dissera para si mesma até então. Havia uma parte dela que queria ficar. Que queria provar que não era uma das garotas deslumbradas por Cosima. Que era uma mulher. E essa parte falou mais alto.

Não soube o que a moveu a agir daquela maneira, e por mais que em um primeiro momento acreditou que fosse, por perder o rumo de seus pensamentos ao ser tocada tão repentinamente. Concluiu ao final, onde todas as suas presunções já haviam sido expostas, o mais óbvio, que era inevitável tentar conter aquele desejo que sentia por estar com Niehaus.

A desejava em cada parte de seu corpo e tudo em Delphine deixava claro aquilo. Não queria estar em outro lugar que não fosse ali, perdendo-se de encantos por ela. Seu corpo estava imóvel. Fora de controle, e ela sentia-se constantemente sendo preenchida pelas sensações indescritíveis provocadas por Cosima. Ela sentia o toque das mãos em sua pele. Sentia os dedos ágeis percorrendo seus braços. Seu pescoço. Sentia o calafrio que subia por sua espinha e fazia cada pêlo de seu corpo enrijecer. Sentia o formigamento suave nos locais onde já sentira o toque dela. Tudo aquilo fugia de seu controle, assim como o rubor que queimava sua face e denunciava o quanto aquela paixão era forte, o quanto estava queimando de desejo por ela.

Cosima estreitava a proximidade, mantendo o toque, que acentuava a cada reação de Delphine. Sentia a fragrância do sabonete recém usado na pele fresca e macia, que mesclava-se ao odor natural exalado, por ela. Que invadia suas narinas lentamente. Que inebriava seus pensamentos. Acelerava sua respiração. Descompassava seus batimentos cardíacos.

Os lábios de Cosima voltaram a percorrer o ombro da loura descendo por suas costas. A pele alva avermelhava ao sentir o toque de seus lábios. Não queria assustá-la, muito menos precipitar-se. Tinha consciência que naquele momento já não podia mais dar-se ao luxo de travar aquele embate moral no qual o nome de Delphine Cormier ocupava o topo.

Tudo dali para frente dependia de Cosima e de como conduziria a situação a seu favor.

Não havia dúvidas do que queria. Já sabia o que pretendia desde momento em que tocara em Delphine.

- Não esperava ouvir algo diferente disso – Cosima sussurrou. O hálito quente roçando a pele de Delphine, junto ao beijo breve que deu no ombro nu. Sentiu a respiração de Cormier ainda inquieta, notando como a pressão que ela usou ao segurar a toalha era fora do comum. A resposta de como seu toque a afetava. A mão de Cosima deixou o contato que tinha junto a dela, deslizando vagarosamente até a altura dos ombros.

Delphine não respondeu aos sussurros dela. Não queria tirá-la da tarefa de inebriá-la com seu toque. Queria apenas sentir, por isso fechou os olhos enquanto sentia o toque das mãos dela descobrindo seu corpo, mesmo sob o tecido. A naturalidade, e a familiaridade com que ela o fazia a surpreendia.

Cosima prosseguiu, e por ver a suplica implícita nos gestos contidos de Delphine. Deu a volta por ela ficando à sua frente. As feições do rosto dela, não eram discretas como havia presumido. Havia paixão. Havia algo que Cosima não conhecia. Talvez urgência.

Delphine abriu os olhos lentamente voltando a olhá-la, e por mais que houvesse sentido a interrupção. Não pode evitar o susto que levou por Cosima estar a poucos centímetros de distância. O sorriso que Delphine não conteve, retribuía ao dela. Não pode disfarçar a felicidade que sentiu ao ver os olhos de ternos Cosima.

Defy ThemOnde histórias criam vida. Descubra agora