25. Então não foi por acaso que vagavas sozinha.

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Atribuir ao destino a responsabilidade por uma sequência aleatória de eventos, era algo comum para Cosima Niehaus, principalmente se os eventos em si afetassem a vida que levava e fugissem totalmente do controle que acreditava ter. Para a jovem Niehaus, era mais fácil justificar como forças do destino as coisas que aconteciam em sua vida, fossem elas boas ou não, do que procurar respostas científicas e lógicas.

Enquanto aguardava Helena, cortar a fatia da torta de maçã que seria servida na mesa sete, com um humor que começara a brotar no ambiente, já que o problema técnico não tão complexo havia sido resolvido, Cosima analisava cada evento que separadamente a tinham feito estar na Sestras naquele exato momento naquela preguiçosa tarde de domingo. Ela analisava desde a pane incomum no computador, que era novo, ao chamado de Helena que ela obedecera sem nada dizer, o que era incomum, até o tempo que ela passara despreocupadamente no apartamento, e naquele momento chegava a conclusão de que tudo havia sido uma conspiração do Universo, das melhores possíveis por sinal, para que ela estivesse ali. Naquele momento. Cosima até incluía naquela relação de eventos bem orquestrados, o atraso que tivera, que era algo normal, e que não deixava de ser válido. Ela agradeceu internamente todos aqueles acontecimentos que eram de uma sincronia sem precedentes, que fizeram com que fosse agraciada com a presença daquela mulher de beleza fora do comum e olhar distante que definitivamente estava deixando-a encantada, para dizer o minimo.

Cosima caminhou pausadamente, para que não tirasse a concentração da mulher que parecia hipnotizada, e a ansiedade já lhe era mais comum, assim como sua tentativa de manter tudo sob controle. Ansiava pela reação de Delphine, ao revê-la ali, além da curiosidade, que a rodeava por saber o que a loura estaria fazendo ali. Delphine parecia tão concentrada em algo que fazia no aparelho celular que por um momento Cosima voltou a iludir-se pensando que talvez ela estivesse procurando o número que salvara para lhe mandar alguma mensagem.

Quando depositou a tigela com uma pequena quantia de Skimo Pie procurou propositalmente fazer mais barulho do que o comum para que chamasse a atenção dela, algo que até então, pela postura compenetrada que Delphine exibia, parecia impossível. E para Cosima ver a maneira como ela hesitou ao ouvir as declarações proferidas, foi mais do que o suficiente para que a certeza de havê-la surpreendido desenhasse um sorriso de satisfação em seus lábios.

- Cosima – foi o que Delphine conseguiu pronunciar enquanto alinhava os pensamentos, buscando coragem para encará-la. E foi o que o fez, assim que terminou o movimento com a cabeça. Encarou-a, na profundidade daqueles olhos verdes expressivos. Ela sabia muito antes daquele momento ali que precisaria ser forte para um reencontro, porque ainda não entendia como funcionava a reação que seu corpo tinha à morena. Cosima mexia com suas estruturas de forma desconhecida. E olhar para a morena foi exatamente como ela previu, como se aquele vulcão que ela tanto queria manter inativo houvesse simplesmente entrado em atividade. A surpresa por ter Cosima de alguma forma observando-a em suas divagações, não eram nada se comparadas com aquele frio que subiu por sua espinha, e que depois tornou-se algo quente, quente demais para que suas bochechas não corassem. Quente demais para não ser assemelhado a alguma atração fisica.

- Cosima – a voz de Delphine mostrava claramente o quanto estava feliz em encontrar aquela jovem de beleza tão admirável. Como ela tinha aquele poder de aparecer sempre que pensava nela, Del não sabia, mas ficava imensamente grata por seu desejo de tê-la presente ser realizado. – Eu agradeço a gentileza, mas não posso aceitar. – a voz de Delphine não saiu como ela havia previsto, estava pausada demais, como se fosse falhar.

O olhar de Cosima, procurava uma resposta nos olhos de Delphine, ela queria saber o porque dela estar ali. E Delphine fazia-se a mesma pergunta. E enquanto elas tentavam por meio daquela troca intensa de olhares a contestação daquela pergunta pertencente a ambas, Cosima baixou os olhos para observá-la com mais atenção.

Defy ThemOnde histórias criam vida. Descubra agora