46. Têm quatro espinhos de nada para defendê-la do mundo...

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- Saber e não querer admitir são coisas bem diferentes Del! – proferiu Felix e a voz grave soou mais alta do que ele havia desejado, a declaração não deixou de ser ouvida por Delphine que levantou os olhos intrigados, como se não acreditasse nas palavras. - Mas como você mesma disse, talvez eu não deva me preocupar com isso! – finalizou não desviando o olhar do dela, que naquele momento se diferia das muitas outras vezes que o contemplara desde a chegada da loura de Paris.

Delphine mesma havia dito que não era mais a mesma, e naquele momento, onde via-se menos afetado pelo misterioso mau humor de Cormier, Felix notou a diferença, e nos poucos segundos em que ela levantou os olhos na tentativa de encará-lo ele confirmou pelo brilho distinto e pela esperança que há muito não contemplava ali, que Delphine Cormier estava sim apaixonada, e aquilo havia sido muito mais rápido do que suas afirmações vagas podiam concluir.

- Faça isso! – pediu a loura firmando o olhar no de Felix. - Na verdade se fizer isso, vai ser a melhor coisa que fará por mim desde que cheguei aqui. – ela fez uma breve pausa, desviando o foco, para que seu olhar desfizesse a seriedade das palavras que poderiam ser entendidas como uma grosseria. - E isso não é desmerecer o que fez por mim Felix, realmente sou muito grata por tudo, só eu sei o quanto ter você em minha vida é gratificante. O que me irrita e não entender o por quê disso estar te incomodando tanto, é só sexo!. – terminou por dizer, sentando na cama logo atrás de si. A jovem sabia que aquela conversa estava durando mais do que o esperado, mais do que poderia suportar.

- Me incomodo, por que eu não quero que você se magoe, e nada tira de mim, que é isso que vai acontecer se as coisas continuarem nesse rumo. – Felix baixou os olhos observando os gestos de Delphine que puxava uma das sandálias, elevando em seguida o pé direito para calçá-la. A atenção dela naquela simples tarefa parecia exigir mais da concentração dela do que qualquer outro ato comum até então. - Delphine, eu não quero que você sofra, mais do que já sofreu, ou que te iludam, mais do que você já foi iludida, e é só isso! – terminou com o tom de voz mais baixo, ao notar o tremor nas mãos da loura, que ficou nítido ao prestar um pouco mais de sua atenção nos dedos longos que ela mexia, puxando uma das fivelas douradas do calçado tentando encaixá-la, sem muito sucesso. Não tinha como Dawkins ignorar as reações da prima, assim como não tinha como Delphine ignorar como estava afetada com as insinuações.

Dawkins não havia medido as palavras, e talvez se elas não carregassem toda a estima que ele tinha pela prima, e toda sutileza para lidar com os traumas que ela possuía, teria evitado dizer sobre Cosima, mas Delphine precisava saber que as chances de se decepcionar eram grandes demais, assim como se iludir, por que sabia como as palavras doces Cosima soavam convincentes.

- Se acontecer de eu me magoar – proferiu Delphine interrompendo o silêncio, terminando de vestir o calçado e colocando-se em pé. Ela virou-se rapidamente para a cama, buscando a mala e a roupa que deixara separada.

Desde o começo Delphine queria evitar que aquela conversa se prolongasse, e naquele momento o que mais desejava era sair dali e se acalmar, não exatamente naquela ordem.

Em meio as palavras que ouvia do primo decidiu que quanto menos tempo ficasse por ali, melhor seria para si mesma. Decidiu guardar a roupa que tinha a intenção de vestir após o banho, que não tomaria, adiando tudo para quando voltasse ao apartamento após fechar a mala já com ela em mãos para sair do quarto, Delphine deteve-se.

A loura teria ido embora facilmente ao caminhar até a porta, mas queria esclarecer alguns pontos antes que Felix se achasse ainda mais no direito de se intrometer na vida que levava, e por já ter pensado no que diria previamente decidiu aproveitar a coragem que lhe permeava.

Defy ThemOnde histórias criam vida. Descubra agora