Defy Them

48. Não tem importância.

- Cosima Niehaus por aqui em plena segunda, e ainda são... – Helena girou o pulso olhando no relógio. - Quatro da tarde! Definitivamente o fim do mundo deve estar muito próximo! – declarou detrás do balcão, e assim que Cosima deu mais alguns passos, avançando para o interior da Sestras ela deixou de lado os comprovantes fiscais que somava para ir ao encontro da irmã e cumprimenta-la decentemente. - Que milagre é esse? – indagou curiosa.

Os olhos claros de Helena percorreram Cosima de cima a baixo, e por mais que tivesse visto a irmã no dia anterior, a presença da mais nova das Niehaus em um dia de semana por ali, era um evento que deveria ser exaltado.

O beijo que Cosima recebeu no rosto foi breve e antes que ela pudesse reclamar do espaço pessoal invadido, Helena já a envolvia em um abraço, contra a vontade, que não pode ser evitado. Helena se afastou rapidamente recebendo um olhar furioso de Cosima que claramente demonstrava o incômodo pelas palavras e pelo contato forçado.

Uma vida inteira ao lado da irmã mais velha não havia sido o suficiente para Cosima sentir-se à vontade para lidar com as brincadeiras de Helena quando seu humor estava afetado, e não era como se ela não tivesse tentado ignorar o fato da irmã ter espalhado para a família inteira que havia levado um tapa na cara de Shay, ou como se ela não estivesse tentando tirar o foco das responsabilidades que Cal jogara em seu colo sem que pudesse dizer não.

Eram tantos os motivos para sentir-se com mau humor que Cosima achou melhor parar de lista-los. Não queria pensar no que Helena provavelmente dissera para S, sobre o encontro entre ela e Delphine. Não queria pensar em como estar na Sestras naquele momento a fazia se sentir a pior pessoa do mundo por não abrir mão do orgulho, mesmo cada detalhe daquele encontro permeando em sua memória, desde a presença de Delphine, até a conversa tão gostosa que haviam tido.

E talvez por concluir que a irmã não estava com tantos pontos a seu favor, para estar fazendo piada com sua cara, ou apenas por estar com o temperamento no limite, Cosima resolveu optar pelo humor sempre bem vindo para lidar com os problemas e que ajudava e muito com Helena.

- Você não se cansa de falar sempre a mesma coisa? – alfinetou Cosima sem esconder o mau humor. - Vim ver minha mãe! Posso? – limitou-se a dizer desviando de Helena, e continuando a caminhada sem dar muita conversa para o sorriso empolgado que a outra exibia.

- Claro que pode! – afirmou a loura, indo a seu encalço, sem se sentir ofendida pela atitude de Cosima - E não estou reclamando, sua presença sempre alegra esse lugar. – voltou a ironizar, claramente se referindo ao que ocorrera no dia anterior. - Não é nada fácil aguentar S chorando as pitangas por que você nunca aparece.

- Até parece! – desdenhou Cosima tentando não rir do drama exagerado de Helena. Por mais que S sempre se mostrasse preocupada, sabia de suas ocupações. - Onde ela está?

- Preparando alguns cupcakes. – informou Helena voltando para o balcão e acompanhando com os olhos Cosima seguir para cozinha. – Hey! Hey! – gritou chamando a atenção da morena que já empurrava a porta com os ombros. Cosima parou para ouvir o que ela teria de tão urgente para dizer apenas pelo tom ameaçador. - Vista a touca antes de entrar! Você sabe que temos regras de higiene aqui! – lembrou abrindo a segunda gaveta e estendendo uma caixa pequena para que ela pegasse uma touca.

- Sim Senhora! – concordou Cosima interrompendo a manobra de abrir a porta e em um gesto enérgico prestou uma continência militar com a mão direita. Ela deu alguns passos largos indo até Helena, onde pegou uma das toucas descartáveis da caixa e desdobrou o elástico até que a peça estivesse em sua forma completa.

- Esse negócio nunca serve no meu cabelo! – reclamou Cosima afastando os dedos dentro da touca e levando na cabeça. Ajeitou com pressa as pontas até que todo o cabelo fosse encoberto. Agradecendo mentalmente por já ter feito o coque dentro do carro como se tivesse previsto as exigências de Helena.