49. Se a gente custa a descobri-lo, nunca mais se livra dele.

132 12 2
                                    


Cosima olhou para mãe, extremamente incomodada com as conclusões às quais S chegava. Não era daquele momento que se incomodava por ser tão transparente em suas ações. Era dificil conformar-se com todas as mulheres de sua família conhecendo-a tão bem ao ponto de saber o quanto estava ferrada pelo que sentia por Delphine.

Ah Delphine, até então, estava tão mais fácil não lembrar dela.

Sim, havia feito mais do que o esperado para agradar Delphine Cormier, mas todos os encontros, tão inesperados com ela haviam sido de uma perfeição tão grande, e suas atitudes de decisões tão certas, que as inquietações que a preenchiam, não era pelos olhares externos que despiam sua alma visivelmente encantada pela loura, mas sim por sua teimosia exacerbada que aparecia quando decidia ceder

Não sabia por quanto tempo negaria para si mesma que não precisava dela, e temia por ser tempo demais. E olhando tudo, com a calma que olhava ali, com os conselhos da mãe dando aquele tapa na cara que precisava levar, um tapa que provavelmente Ira também se coçara para dar. Concluía que não valia a pena manter-se tão irredutível.

Queria ela, só precisava admitir para seu orgulho que ela valia mais que ele. Já tinha para si que não teria agido diferente em nenhum dos encontros, mesmo tudo gerando as fofocas na família Niehaus que tinham gerado, e mesmo as palavras de Helena não ajudando em nada no seu humor, ela sempre queria o melhor e suas palavras sempre tinham um fundo de verdade.

Cosima sabia que se ignorasse as brincadeiras, veria que tudo aquilo estava chegando a um ponto delicado demais para que conseguisse lidar, e por mais que tentasse levar na esportiva as implicâncias da irmã mais velha, já estava quase se tornado uma atleta de tão na esportiva que levava as coisas.

- É só bolo de chocolate! – desconversou a morena respondendo a mãe, e pegando o último cupcake que a mãe cobrira em mãos maravilhando-se com o desenho perfeito. – Por favor, não haja como se isso fosse o fim do mundo! – Cosima sorriu arrumando o morango na ponta do chantilly e guardando um a um os cupcakes no refratário para guardar no refrigerador. – Eu que uso óculos e Helena que está vendo coisas demais! – brincou sem deixar a impaciência aparecer, queria muito mudar de assunto.

Com uma destreza que não tinha, e usando mais cuidado que possuía Cosima continuou na tarefa de organizar os bolinhos, torcendo mentalmente para não chocar uns no outros.

– Delphine é só uma mulher qualquer! – voltou a dizer esperançosa em encerrar o assunto, mesmo sabendo que para ela aquilo estava longe de ser verdade. Delphine não havia sido uma mulher qualquer, nem quando a vira de costas pela primeira vez. - Isso é o que tenho a dizer! Se você está achando que tem alguma coisa, além disso, por que não pergunta para Helena? Ela vai ter muitos argumentos, já que a mente confusa dela está chegando a tantas conclusões. – finalizou baixando em busca da tampa plástica, em seguida cobriu o refratário de vidro com um gesto mais enérgico que o necessário. O barulho do vidro contra o balcão ecoando no ambiente.

Cosima olhou para a face da mãe e ao ver a seriedade pouco comum continuou apertando os lados da tampa, girando a vasilha retangular até que a tampa encaixasse totalmente. Sabia que iria ouvir um sermão, por isso continuou em silêncio.

- Nada aqui é sobre sua irmã Cosima, é sobre esse seu comportamento reprovável! – proferiu S com uma seriedade não expressada até então. - Se eu quisesse a opinião de Helena, perguntaria a Helena. Se estou perguntando para você é porque quero ouvir da sua boca o que tem a dizer! – continuou sem esperar uma resposta da jovem que apenas assentia com a cabeça e firmava os lábios uns nos outros com nervosismo. - Pelo jeito minhas conclusões estão certas. Tudo isso está sendo muita coisa para você. Se não quer falar, não fale, mas não descarregue no mundo a culpa por suas frustrações, ou suas escolhas. – a ruiva sabia que a filha estava daquela forma por causa da jovem da qual não queria comentar, mas por já saber da teimosia da filha, optou por impor-se como mãe. Ela deu um leve suspiro olhando a feição indefinida da morena. – Odeio fazer esse tipo de coisa Cosima, mas lembre-se não sou suas irmãs, sou sua mãe. Então meça suas palavras para falar comigo.

Defy ThemOnde histórias criam vida. Descubra agora