19. A linguagem é uma forma de mal-entendidos.

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Atrevida. Aquela foi a primeira palavra que veio a mente de Delphine enquanto observou a delicadeza dos os gestos de Cosima, ela parecia mover-se em câmera lenta à frente. Ela exalava uma sensualidade que lhe envolveu sem esforço nenhum. Cosima deixava que aquele perfume tão conhecido por ela invadisse ainda mais suas narinas, como se estivessem impregnando-as, não dando margem alguma para que aquela presença pudesse ser ignorada.

Aquele perfume trazia à tona aquela sensação tão gostosa e nova para Delphine, a sensação que era desejar Cosima Niehaus, que era querer que a presença dela fosse uma constante em sua vida. Delphine mal podia acreditar que havia deixado aquela mulher tão atrevida lhe afetar. Desde que conhecera Cosima, não tinha mais controle dos próprios sentidos, todos estavam comprometidos, todos estavam direcionados aquela jovem de sorriso maroto, como se seus sentidos tivessem vontade própria, como se não mais lhe pertencessem.

Tudo naquele milésimo de segundo, que parecera tempo demais, tratava-se daquela morena que estava ali a sua frente, cada ação, que não tivera, e cada reação involuntária que seu corpo deixava transparecer.

Delphine sentiu a suavidade do toque nos lábios, ansiosa por mais e simplesmente não acreditou quando viu Cosima buscando o casaco e vestindo-o, para em seguida deixar a nota toda amassada sob a mesa, dizendo palavras que não eram para ela, sem ao menos lhe encarar. A meia volta que ela deu então, aquilo foi a gota d'agua para Delphine. Ela não sabia o que tudo aquilo significava.

A insatisfação preencheu-a, mas não pode simplesmente fechar os olhos enquanto Cosima deliberadamente balançava os quadris para chamar-lhe a atenção. Delphine analisava a forma como ela encaminhava-se para a saída, tão provocativa. Queria não ter reparado como ela era charmosa. Queria ter dito algo para que ela não a deixasse ali. Queria ter levantado e contestado aquela saída tão inesperada, mas ela apenas olhou, observou atentamente Cosima sair. E naquele momento estava inclinada a acreditar que aquilo provavelmente fazia parte de alguma brincadeira dela, que estava sendo de muito mau gosto.

O que ela pensava para fazer todo aquele ritual e depois deixa-la ali com a calcinha úmida sem mais nada. Quem Cosima Niehaus pensava que era para ignorá-la daquele jeito?

- Atrevida! – Delphine voltou a pronunciar, mas dessa vez as palavras não se contentaram em permanecer em sua cabeça. Ela externava aquela raiva que lhe atingia. Estava furiosa pela audácia de Cosima. Observou quando Tony de maneira tímida aproximou-se, sua mente ainda inquieta, sua raiva ainda mais palpável.

- O que mais posso lhe oferecer Del?

- Por hora, nada mais! – proferiu em meio a um suspiro fundo - Acho que essa noite já deu o tinha que dar! Além do mais, já esta tarde! – finalizou tentando expressar naturalidade.

- A noite é uma criança! – brincou Tony buscando em Delphine alguma resposta para todos os acontecimentos daquela noite.

- Crianças precisam dormir cedo! – Delphine contentou-se em responder, tentando não demonstrar seu descontentamento, mas foi impossível.

- Fico feliz por ter aceitado o convite. – ele voltou a dizer, percebendo que aquele assunto não seria fácil de ser tocado. Como muitos outros que Delphine sempre evitara em falar.

- Fiquei feliz por ter vindo! Aqui é um lugar, que com certeza virei mais vezes! – garantiu Delphine. Ao longe ela pode ver o primo aproximando-se com a mesma simpatia de minutos antes.

- Nos vemos então! – informou Tony, reconhecendo os jovens que faziam companhia para Delphine até então. Sabendo que o primo dela não era muito contido nos comentários.

Defy ThemOnde histórias criam vida. Descubra agora