17. Só as crianças sabem o que procuram.

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- Como se fosse possível esquecer a presença de vocês aqui. – lembrou Cosima desviando sua atenção de Delphine e passando os olhos rapidamente pela face descontente de Felix, fixando naquele momento a atenção para Ira que lhe presenteava com um sorriso maroto. Porque ele tinha que ter interrompido seu flerte tão efetivo.

- Você é suave como um soco no meio do estômago, Ira! – ironizou levando a cerveja que estava praticamente vazia aos lábios, tomando o último gole generoso, acabando assim com toda a bebida da garrafa.

Contrariada Cosima buscou no canto esquerdo da mesa o celular de Delphine que ainda tinha em posse, e segurando-o com a outra mão alcançou-o para a loura que até então observava a conversa dos dois, e estava visivelmente segurando o riso pela resposta sincera que Cosima dera ao amigo.

Delphine baixou os olhos, e no momento que levou a mão para reter o aparelho deixou que seus dedos acariciassem a pele tão macia de Cosima, um toque breve, mas que foi o suficiente para acelerar seus batimentos, principalmente porque aquela era a primeira vez que ela, e não Cosima, tomava a iniciativa. E mesmo sabendo que a tensão entre elas havia sido pausada pela interrupção de Ira, tudo voltou no momento em que Cosima baixou os olhos, confirmando assim que ela estava impondo um contato físico.

Os olhos de Cosima levantaram-se lentamente da mão, que já havia recuado, e pousaram sobre os de Delphine e pela proximidade foi possível notar que boa parte da íris esverdeada da morena estava comprometida pela escuridão das pupilas dilatas. Delphine via claramente aquele contraste por que de alguma forma as lentes dos óculos dela potencializavam. Ela havia iniciado novamente aquela brincadeira, que definitivamente não havia medido o quão perigosa ficava com o passar do tempo.

Delphine baixou os olhos para os lábios dela, uma atitude que ela não julgou muito inteligente assim que o fez, já que Cosima lhe mostrava os dentes brancos e de forma indescritível a hipnotizava no leve mordiscar que dava no lábio inferior.

- Estava apenas sendo gentil, com essa jovem que tem mania de querer fugir. – Cosima pronunciou interrompendo a brincadeira que fazia com os lábios - Alguém tem que auxiliá-la em suas tentativas frustradas. Se quiser posso te dar umas dicas? – indagou enquanto via um sorriso se desenhar no rosto de Delphine. A gargalhada que ela soltou foi como uma música agradável para os ouvidos da morena, a espontaneidade, o riso e a maneira como ela abriu os lábios para depois encará-la, enquanto arqueava uma das sobrancelhas e fazia aquele gesto com seu dedo indicador direito apontado para ela, como se ja tivesse uma resposta pronta, na ponta da língua, para lhe dar, mas que pensou tanto antes de proferir, que recuou. Aquilo foi mais um, dos inumeros alertas gerados em seu intimo, daqueles que faziam Cosima se atentar em todas aquelas sensações que lhe tomavam de forma incontrolável, sensações causadas pela proximidade de Delphine. Cos queria arriscar aquele jogo com Delphine, apenas por querer saber até onde ela iria.

- Não preciso de suas dicas - o riso largo de Delphine tirava a seriedade daquela resposta - e já aprendi nessas últimas horas, que fugir não é uma opção muito inteligente – esclareceu enquanto analisava as feições dela mudarem. - Não de você! - complementou, desbloqueando o aparelho, enquanto estudava a reação de Cosima a sua resposta.

- Vou até salvar seu contato aqui! Cosima Niehaus – a loura falou pausadamente, em uma pronúncia um tanto quanto sensual, com uma das mãos ela navegava pela tela touchscreendo aparelho e digitava as letras correspondentes ao nome dela - Se tivesse um pouco mais de espaço, colocaria em minhas observações, aquela que achou que eu passaria meu número errado. – brincou enquanto terminava a digitação.

Cosima inclinou levemente o pescoço vendo o que ela escrevia, e ficou descontente quando viu apenas um borrão, odiava ter a visão tão falha, momento em que Delphine sem nenhum aviso, virou a tela do aparelho escondendo-o de seu campo de visão e fuzilando-a com o olhar.

Defy ThemOnde histórias criam vida. Descubra agora