27. É muito simples: só se vê bem com o coração.

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- Sua sinceridade é admirável. – declarou Delphine assimilando a declaração direta de Cosima. Ela experimentava o café e tentava fazer com que o paladar se acostumasse com a bebida amarga, mas não conseguiu. Não era habituada. Cosima como que lendo os pensamentos da loura ofereceu-lhe um sachê com açúcar que havia em um porta guardanapos sobre a mesa.

- Imaginei que fosse estranhar. – comentou a morena referindo-se ao café. Ela havia notado a careta que Delphine havia feito, e concluíra que as feições fossem pela bebida - Não é todo mundo que gosta. – concluiu enquanto viu Delphine pegar a pequena embalagem que lhe era oferecida.

- Expresso é muito forte. Não consigo tomar sem açúcar algum. – Delphine proferiu, referindo-se ao café, mas sabia que as afirmações de Cosima, podiam ser interpretadas de outras formas. Queria a jovem cientista entender o que havia por trás das declarações daquela mulher atrevida. – Então não teremos uma amizade? É isso que quer me dizer? – indagou a loura voltando ao assunto que mais lhe interessava. Ela havia acabado de abrir o copo de isopor e tinha o sachê de açúcar em mãos, olhando atentamente qual local teria romper a embalagem para abri-la.

- Porque é preciso definir essa conexão que temos? – questionou Cosima contrariada com a insistência naquela conversa em particular. A morena analisava o que ela tanto olhava no sachê que havia lhe alcançado, sabendo que teria que dar a Delphine uma resposta. Que pelo olhar que a loura insistia em lhe exibir, responder uma pergunta com outra pergunta não era algo que a convencera.

Não era como se a jovem Niehaus não houvesse tentado um milhão de vezes, ter amizades sinceras com pessoas do sexo feminino, mas quando tratava-se de mulheres bonitas e atraentes como Delphine Cormier, a atração que sentia acabava sempre falando mais alto. E por prever onde tudo aquilo acabaria, Cosima já se adiantava.

A explicação de Niehaus era algo muito mais complexa do que apenas atração, e não podia definir em questão de minutos , havia ainda a parte emocional, havia o prazer que ela sentia na conquista em transpor a barreira de algo como uma amizade e havia o desinteresse que começava a demonstrar depois. e a amizade que já havia fracassado e o ódio que começavam a desenvolver por ela. Havia tantas características singulares de sua personalidade envolvida que Cosima sequer podia definir, se valeria a pena todo o esforço, estava sendo mais fácil, apenas deixar as coisas acontecerem, sem que rótulos fossem criados. Tinha quase certeza que a convivência com Dawkins que a levara a pensar daquela forma, nada de rótulos.

- Gosto de adequar os termos. Estipular limites! – Delphine respondeu, sabendo que o motivo daquela afirmação era entender o porquê daquele comportamento de Cosima. Queria antes de tudo entender porque era tão difícil para a morena, ter uma amizade com ela.

- Você pode não acreditar em mim, mas eu simplesmente não consigo. – Cosima justificou-se. Ela queria poder dizer mais. Queria poder dizer a jovem Cormier que não conseguia simplesmente olhar para ela sem que sentisse aquela atração, sem que a desejasse como mulher, sem que tivesse aquela necessidade louca de tocá-la. Queria poder dizer principalmente que ser amiga dela, era uma das ultimas coisas que queria, mas algo a deteve. Embora sua sinceridade fosse desmedida, e estivesse um tanto quanto descontrolada desde que aproximara-se da loura deslumbrante, algo cutucou seus cérebro, e lembrou-a que deveria ir com mais calma. A paciência era uma virtude que teria que adotar, caso quisesse conquistar Delphine Cormier – E isso é o máximo que posso te dizer por hora, além de prometer, que por você Delphine eu posso tentar uma amizade.

- Isso é bem mais do que eu esperava, e não deixa de ser uma evolução na nossa quase amizade – declarou Delphine satisfeita pela declaração dela. Cosima estava surpreendendo-a com aquela explicação. – Fee é o irmão que eu nunca tive e sempre confiei nele. – Delphine começou a dizer - E sim, ele pode ser um tanto quanto protetor, e admito que boa parte, dessa culpa é minha. – ela havia despejado o açúcar no interior do copo e mexia uma pequena colher enquanto divagava nas declarações. – Não costumo falar sobre meus dramas, mas há algo em você Cosima, não me pergunte o que é? Mas há algo em você que me faz sentir confiança em me abrir, em me expor. – ela levou o copo com o café já adoçado, satisfeita com a sensação mais agradável ao paladar. Cosima olhava para aquela jovem mulher com atenção, buscando a resposta para aquelas mesma indagações que também se fizera. Havia algo em Delphine que também a fazia sentir confiança, e não sabia o que era.

Defy ThemOnde histórias criam vida. Descubra agora