Defy Them

45. Não demores assim, que é exasperante.

O clima estava agradável naquele começo de tarde, o relógio no painel do veículo marcava doze horas e quinze minutos e mesmo sentindo fome, já que passara do horário que geralmente almoçava Delphine decidiu seguir com seus planos.

A loura deu partida no veículo, fazendo uma busca mental se trancara a porta do próprio apartamento, minutos antes de descer ao subsolo. Em outros dias ela se importaria com os olhares curiosos que sua aparência desordenada gerara, mas naquele momento ela só queria tomar um banho quente e vestir algo decente.

Por não ser muito adepta da tecnologia, ou refém de um aparelho celular, Delphine estranhou aquela necessidade que teve nos últimos minutos, após enviar a mensagem para Cosima, de verificar cada uma das notificações que fazia o celular apitar, e não pode deixar de se decepcionar. Era mais do que óbvio que aquela ansiedade presente dava-se por esperar que em algum momento, que outra resposta de Cosima viria, mas não veio.

Enquanto manobrava o veículo para sair, Delphine começou a pensar que aquela aflição por uma simples mensagem poderia ser apenas um reflexo de seus sentimentos por Niehaus, e da dificuldade que sentia em conter as lembranças da noite que tinham passado juntas.

Não havia arrependimento algum em Delphine por ter sido direta na mensagem, por ter dito com todas as letras que queria ver Cosima de novo, por que era o que mais desejava, mas se sua atitude direta de alguma forma havia assustado a morena ao ponto de sequer respondê-la, talvez fosse melhor não insistir. Não tinha o direito de exigir uma resposta, e embora não conseguisse disfarçar o quanto queria encontra-la de novo, aquela dúvida de que os anseios delas podiam não estar na mesma sintonia, a entristeceu, levou o pouco humor que se fizera presente naquela manhã.

O silêncio que se prolongou nas mensagens de Cosima podiam significar tantas coisas que Delphine achou melhor, não criar paranoias, e por saber que não deixaria de pensar na morena, prometeu a si mesma que explicar seus motivos seria a primeira coisa que faria se ela quisesse lhe ouvir. Ela não quis pensar na sua parcela de culpa por estar teoricamente sendo ignorada e talvez se não tivesse fugido de Niehaus, estivesse menos deprimida.

O planejamento para aquela tarde era fazer o oposto do que fizera na manhã, já que a manhã passara sem que pudesse tomar alguma decisão sensata, apenas respondera as mensagens de Felix e antes que fizesse qualquer outra coisa combinara de encontrar-se com ele no loft onde devolveria o carro.

Um dos desejos de Cormier era não ter uma conversa muito extensa com Dawkins, apenas agradeceria a hospitalidade, já que decidira mudar-se para o novo apartamento naquela tarde, pegaria seus pertences e vestiria algo mais adequado. Nada que passasse daquilo.

Embora Delphine tivesse quase certeza que as coisas não seriam tão fáceis quanto em seu planejamento mental, já que nunca antes, encontrar com o primo gerara tanta ansiedade e tanto medo. Não era uma adolescente que se deixava afetar pela opinião dos outros, ou criticas, mas com Felix era diferente, a amizade que ela e Felix Dawkins tinham era a maior conexão de afeto que estabelecera com alguém e se importava com o que ele dizia.

Não podia esconder a insegurança que tinha em dizer ou não o que havia acontecido entre ela e Cosima, e por conhecer o primo, havia uma certeza de que a atitude que tomara poderia ser facilmente criticada, assim com sua mudança repentina.

Delphine agradeceu por no período da tarde o movimento nas ruas já terem diminuído. Ela avançou com o utilitário pela área central e mesmo sabendo que perdera toda a manhã, sem fazer absolutamente nada, ficar consigo mesma trouxera algumas percepções para tudo o que deveria esperar daquela semana.

Precisava fazer algumas compras com urgência e aquele era o plano que colocaria em prática depois que saísse da casa do primo, precisava ir ao supermercado, a lavanderia, e em algumas lojas de roupas para ter o mínimo de conforto em seu novo lar.