Defy Them

43. Gosto que levem a sério minhas desgraças.

Já se passara dez minutos das onze e meia quando Cosima estacionou o veículo em frente ao local combinado, e apesar do horário um tanto quanto tumultuado do meio dia, a opção de um local pouco popular contribuiu para encontrar facilmente uma vaga para estacionar. O que era um bônus naquele dia, já que a morena odiava perder tempo com trânsito.

Ao desembarcar do veículo a jovem Niehaus se lembrou de todas as vezes que inutilmente tentara convencer Ira Hendrix de que podiam ir a outro lugar almoçar, das inúmeras opções que já tentara expor outras alternativas de restaurante para frequentarem, mas naquele dia não o fizera, talvez pela maneira como se sentira afetada nas últimas horas, talvez porque o lugar era o que menos lhe importava e sim estar com alguém que a entendesse.

O restaurante Orphan Chickens , ocupava a esquina entre a rua Adelaide e a rua Toronto, e era especializado em comidas derivadas de frango, e aquilo seria cômico, se Cosima não fosse vegetariana e o amigo pouco se importasse em comer as coxas de frango como se fosse um ogro.

Aquele era o lugar preferido de Ira Hendrix em Toronto para almoçar, e talvez por todas as coisas que tinha a debater, fosse bom que o humor dele estivesse bem revigorado.

Cosima mal havia adentrado pela porta principal com a sensação de atraso que parecia não querer abandoná-la naquela manhã. Ela buscava o aparelho celular na bolsa que tinha nos ombros, seu intuito era contatar Hendrix, mas quando levantou os olhos e o viu sentado em uma das mesas ao longe, não surpreendeu-se por não ser notada, já que o ator parecia muito entretido, enquanto ria sozinho para a tela do celular.

Para Cosima, foi um alívio, pois já deixava nítido que pelo menos o humor dele parecia em dia, não pode deixar de notar também os cabelos escuros penteados impecavelmente para trás, a camisa social em tom azul claro que desde sempre havia se acostumado a vê-lo vestindo. O sorriso complacente surgiu sem que ela percebesse, pois aquele sim era o Ira Hendrix que conhecia desde sempre. Em seus melhores dias.

- Só para lembrar, você está atrasada onze minutos! – declarou Ira desviando os olhos do aparelho e encarando-a. Já havia visto Cosima desde o momento que ela desembarcara, mas tentara disfarçar. Não deixando que ela o surpreendesse com sua chegada.

Ira levantou-se e cumprimentou-a cordialmente, a face assustada de Cosima parecia apenas um prelúdio de tudo o que ela deveria estar passando. Ele distribuiu um beijo em cada uma das bochechas da morena e sem esperar uma resposta voltou a sentar-se .

- Nada do que você disser vai piorar meu estado de humor Hendrix! E além do mais, dez minutos nem deveria ser considerado atraso! – Cosima respondeu de forma atravessada, acomodando-se na cadeira em frente a ele.

Estava chateada por todo seu planejamento da manhã ter dado errado, mas principalmente por não ter conseguido esclarecer com Cal o conteúdo estranho dos arquivos.s

- Problemas no paraíso? – indagou Ira notando a face abatida, mesmo sendo visível o esforço de Cosima para não demostrar fraqueza.

- Não me enche Hendrix. – desconversou a morena sem responder a gentileza

- Bom dia para você então! – Ira, lançando-lhe um olhar furioso que repreendia seu mau humor – Fico feliz em te ver no estado normal, mas se continuar assim, já aviso que vou embora! Meu dia está divino para que você o cubra com essa sua nuvem negra.

- Novidades? – indagou buscando o aparelho celular na bolsa que levava e deixando sobre a mesa, sem rebater as críticas dele – A qualquer momento Cal pode me ligar, estou desde cedo tentando falar com ele, e só não cancelei nosso almoço porque eu precisava te ver! – justificou pegando um dos cardápios e correndo os olhos de forma impaciente.