13. Nós somos muito pequenos para revolver os vulcões.

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Como uma renomada cientista que estudava há anos a biologia humana, com suas variações e suas predisposições, Delphine Cormier nunca encontrara uma resposta satisfatória para aquela inquietação que sempre pairou sua existência. Sempre quisera entender porque era diferente dos demais e porque não era como suas irmãs. Ela por muito tempo havia procurado entender por que não se sentia atraída fisicamente por pessoas, homens na verdade, direcionando suas conclusões ao ambiente no qual vivera e as decepções vividas. No decorrer de todos aqueles anos ela procurou respostas para as paixões adolescentes um tanto quanto excêntricas, baseadas em intelecto e boa convivência, e procurou justificar suas experiências sexuais tão efêmeras, como algo normal, nunca chegando a uma conclusão plausível.

Delphine via-se por muitas vezes como uma espectadora daquela vida que levava, e mesmo analisando que não suportava todas aquelas sensações lhe assombrando, optou por deixar passar, optou por deixar que o tempo levasse, pois aquela era a sina que lhe tinha sido destinada. Muitas vezes havia sentido coragem de abrir-se com alguém, mas no período de vida dela que compreendeu entre a adolescência vivida no internato e a vida na mansão Cormier, para uma jovem solitária, foi difícil encontrar uma pessoa em quem confiar, um tempo que para ela foi muito complicado, e por não ter com quem partilhar aquelas dúvidas, foi deixando que aquele vulcão adormecesse, e ele manteve-se daquele mesmo jeito, até o momento em que Cosima surgira em sua vida.

Naquele momento a resposta que Cosima trazia levava as conjecturas, e o medo de Delphine, mostrava um novo caminho até então desconhecido. Um caminho que ela sentia-se encorajada a seguir, a desbravar, e a perder-se. Ela ainda estabelecia se aquela aceitação as investidas de Cosima devia-se a já estar intoxicada pela bebida, ou devia-se por saber que aquele momento estava predestinado a acontecer na vida dela. Por aquele momento ser a resposta que tanto havia procurado.

A reação que o corpo de Delphine estava tendo a Cosima mostrava a cientista o que anos dedicados em estudos e aprofundamentos não haviam mostrado. A reação espontânea de cada molécula de seu corpo ao toque daquela mulher mostrava o poder que aquela jovem de beleza excêntrica estava exercendo sobre ela, o poder daquela atração louca que não tinha fundamentação teórica e que ela sabia que jamais poderia explicar cientificamente.

A aproximação vagarosa da morena estava desestabilizando Delphine, estava fazendo seu interior queimar, estava despertando aquele vulcão que ela julgava inativo e que já havia perdido as esperanças a algum tempo de que um dia despertaria. Ela que definira o comportamento que tinha em relação à própria sexualidade, como desconhecido, nunca se sentindo-se encorajada o suficiente para deixar-se levar por uma conversa ousada, por um sorriso atrevido ou um olhar desafiador, um contato corporal imposto. Ela estava baixando suas barreiras para uma desconhecida.

Delphine sentia o toque da mão macia e quente de Cosima em choque com sua pele fria, despertando à resposta tão simples, para algo tão mais profundo e que ela mesma poderia ter cogitado anteriormente se não fosse a vida conturbada que levava, se não fosse o medo em admitir que estar com uma mulher era o certo para ela, mas provavelmente o errado para família Cormier. Era daquilo que ela precisava, por isso sempre se sentira indiferente aos homens com os quais se envolvera, mas via-se na necessidade de esclarecer que não era qualquer mulher capaz daquilo, era Cosima, era ela que estava deixando aquela sensação tão ansiada surgir, e fluir.

Delphine baixou os olhos de forma curiosa e não fez movimento algum para impedir o contato. Ela não seria idiota aquele ponto, pois era uma das melhores sensações que outra pessoa conseguira despertar em seu corpo. Sentir aquele frio percorrer lhe a espinha e levantar cada pelo de seu corpo em contraste ao calor que queimava-lhe por dentro, expondo o rubor nas bochechas em tom porcelana, e sentido pela umidade que invadiu o interior de suas pernas.

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