Apenas Amor

Capítulo 4 / JÚLIA

I'ma let you know and keep it simple. Tryna keep it up don't seem so simple.

Eu vou te contar logo e manter as coisas simples.
Tô tentando manter assim, mas não parece tão simples. (The Hills – The Weeknd)

Quando chegamos à balada que Murilo escolheu por todos, ele já estava bem mais relaxado. Nos deixou na porta, nos instruindo à entrar e avisando que iria buscar "o resto do pessoal". Então, depois de sete anos longe de Mônica e Alana, me senti um pouco por fora da vida atual delas e senti que a sensação era mútua. Nós três compartilhamos um silêncio muito desconfortável enquanto entrávamos e encontrávamos um lugar.

- Depois de sete anos, deveríamos ter muitos assuntos! – Alana gritou sobre a música. – Vou pegar umas bebidas para nós nos animarmos – ela riu, dando um tapa espontâneo na mesa e se levantando.

Eu caí na gargalhada, pois não me lembrava de ela ser daquele jeito.

- O que aconteceu com essa menina? – encostei meu ombro no de Mônica.

- Além do banho de Victoria's Secret? – Mônica indagou, bufando e rolando os olhos.

Ambas eram melhores amigas, mas eram o completo oposto uma da outra. Alana era loira, com fios cheios e ondulados que iam até a metade da cintura, Mônica tinha os cabelos lisos, sem curva alguma e castanho-escuros, indo até a cintura. Alana tinha os olhos verdes dos pais e Mônica os olhos azuis dos pais. Alana era bronzeada, pernas torneadas e de estatura mediana. Mônica era alta e magra, com poucas curvas nada realçadas por seu estilo boho chic, enquanto Alana fazia questão de demonstrar todas suas belas curvas.

- Ela sofreu uma decepção amorosa – deu de ombros, continuando com o assunto. – Ela, literalmente, não era assim, mas depois que Diego deu o pé nela, ela se revoltou contra tudo e todos... Eric fica surpreso a cada atitude e a tia Cate não consegue conter ela... eu sou praticamente o freio, porque quando estamos juntas, ela tenta se conter um pouco.

Mônica sorriu um pouco, evidenciando os lábios grossos. Eu sorri para ela, tentando confortá-la em meio àquela confusão de acontecimentos. Alana chegou em seguida com nossas bebidas em uma bandeja.

- Vamos brindar à sua volta! – Alana comemorou, erguendo o copinho com tequila.

Mônica e eu erguemos os nossos e, em seguida, bebemos tudo em um gole só. A bebida era tão amarga e péssima, que se classificava como boa por seu efeito instantâneo. Fiquei com calor e ergui as mangas do meu cropped até os cotovelos.

- Onde está o seu noivo? – Alana perguntou, aproximando-se. Seus olhos se arregalaram quando notaram a falta da aliança em meu dedo. – E a sua aliança!

Mônica soltou uma risada. – Deixe de ser intrometida, Lana!

- Está tudo bem – eu sorri, gostando da possibilidade de conversarmos sobre algo. – Eu tirei a aliança porque estou bem puta da vida com ele e, por que, hoje ele não merece que eu a use – dei de ombros.

- É isso aí, garota! – ela riu, erguendo a mão.

Eu toquei na mesma, como se fossemos amigas de longa data, o que me arrancou uma risada.

- Vamos dançar! – Alana chamou, se levantando e puxando Mônica.

Alcançamos a pista de dança sem dificuldade alguma, já que o lugar ainda estava parcialmente vazio. Murilo escolhera bem o lugar. A pista era dois degraus mais baixa que o resto do ambiente, o que nos mantinha numa espécie de "piscina rasa". As luzes ali eram escuras e coloridas, quase conseguindo esconder as pessoas ao nosso redor. O bar era enorme e não muito distante dali e havia um mezanino com mesas mais reservadas.