Apenas Amor

Capítulo 22 / MURILO

— Essa é uma ideia e tanto! - Danilo murmurou, me dando tapas extremamente fortes nas costas.

Ele claramente parecia mais animado que eu com a ideia de levar Júlia, finalmente, em um encontro onde fossemos apenas nós dois. Nervoso parecia a palavra mais adequada para me descrever.

— Eu adoraria poder fazer mais - meu amigo então apoiou o longo dedo nos lábios, fingindo tramar algo enquanto pressionava os olhos castanhos. — E se... para ficar mais fácil, claro... Mônica e eu fossemos?

Seu sorriso se alargou, animado com a possibilidade de um feriado de liberdade da rotina apertada de Mônica e das proibições de Bruno para deixá-la sair e, principalmente, dormir na casa dele.

— E no que isso me ajudaria? - perguntei, sabendo que a ideia se devia mais aos seus ganhos particulares que em de fato me ajudar.

Danilo gargalhou, jogando a cabeça para trás e segurando o boné escuro. O sol iluminava seu rosto. As pessoas no campus da faculdade passavam por nós, correndo na direção das salas de aulas.

— Você consegue se livrar dos seus pais, mas a Jú não... aí eu posso chamar a Mônica para viajar direto com o Bruno e a Jú pode me ajudar...

— E aí minha mãe a deixaria ir para acompanhar vocês dois - completei seu raciocínio.

— Viu? - ele bateu palmas fortes, pulando no gramado. — Todos saem ganhando!

Ele realmente tinha razão. Aquele plano ajudaria Júlia a ser levada para onde eu planejava, mesmo que ainda não tivesse chamado, mas não me ajudava em de fato estar a sós com ela.

— Mas eu quero... você sabe - engasguei, tossindo um pouco. — Ficar a sós com a Júlia.

— Você não vai alugar um apê? - meneei um sim com a cabeça. — Então... Mônica e eu vamos para a casa de praia dos pais dela... ótimo, perfeito, sem neura.

Suspirei, quase me entregando as ideias que ali, em meio ao desejo de fazer aquilo funcionar, pareciam fazer sentido. Danilo notou quando meus ombros relaxaram, mas permaneci com a carranca habitual.

— Olha a princesa ali - ele apontou e ao longe observei Mônica com meia calça preta combinando com o coturno gasto, a camiseta larga e a maquiagem nos olhos azuis, como dos pais.

Danilo assobiou, chamando sua atenção e lhe arrancando um enorme sorriso quando ela o avistou. Mônica cortou a enorme distância em uma corrida disparada, parando apenas nos braços de meu melhor amigo, beijando-o nos lábios.

Era uma cena e tanto, que me derrubava quando me sentia um tanto quanto... com saudades, para quê me enganar? Não queria me entregar àquele sentimento que parecia inveja, mas era impossível quando tinha as memórias com Júlia, minha ruivinha, me lembrando de todos os beijos escondidos, os sorrisos cúmplices, as piscadelas indevidas.

— Não é? - Danilo me acordou de meu breve momento de entorpecimento ao tocar em meu braço.

— É isso aí - concordei sem precisar ouvir.

— Meu pai com certeza vai ficar bem mais aliviado - Mônica acenou com a cabeça. — Você sabe como ele pode ser muito protetor.

Minha prima revirou os olhos e me aproximei o suficiente para bagunçar seus cabelos, lhe arrancando uma risada gostosa.

— Mas - ergui um dedo, já concordando com toda a ideia. — Júlia também precisa acreditar que estará indo para te acompanhar.

O sorriso de Mônica se alargou mais, enquanto ela abraçava Danilo, claramente animada.