Danilo e eu ficamos sentados, observando as garotas na pista de dança. E, por um instante, algo desconhecido à mim me tomou por completo: eu não conseguia arrancar os olhos de Júlia. Observando como ela tinha se tornado uma bela mulher, forte, independente, vitoriosa... e linda. O corpo dela era repleto de curvas provocadoras, uma cintura fininha, um quadril largo, acompanhando o tamanho da bun...
- É impressão minha ou... – meu turbilhão de pensamentos foi interrompido pela voz grave de Danilo, observando o que eu olhava.
Desviei os olhos, claramente incomodado em ter sido pego no flagra. Infelizmente, não era a primeira vez que eu fazia aquilo. Naquele mesmo dia, fiquei observando enquanto ela mergulhava na piscina, claramente irritada com Roberto. E, enquanto eu queria dar um ombro amigo à ela, também queria admirar a forma como ela se tornara uma mulher longe do meu alcance... era estranho, eu sei, porque nossos pais queriam que nos enxergássemos como irmãos, mas o destino preferiu fazer diferente.
Nunca nos víamos como tais e, quando nos chamavam daquilo, sempre acabávamos por repetir em uníssono: "não somos irmãos". Era um sentimento tão automático, que as palavras não nos feriam. Depois, quando ela ficou distante por tanto tempo de mim, enxerguei-a mais como minha melhor amiga à distância que um parente próximo que foi embora, afinal, não compartilhávamos o mesmo sangue, sabíamos que nossos pais não eram nossos pais biológicos, mas, infelizmente, não conhecíamos nossas verdadeiras histórias. Compartilhávamos tanta coisa, mesmo quando não queríamos ser tão ligados.
- É, eu tenho completa razão – Danilo finalizou, compreendendo. – Você está pirando – ele riu, abanando a cabeça em um não rigoroso.
Suspirei, incomodado com meu corpo. Porque ele tinha que se preencher com tantas emoções conflitantes? Logo na última noite que Camila estava no país.
- E o que você vai fazer hoje? – Danilo perguntou.
- Me despedir da minha... de Camila.
- Você vai mesmo terminar com ela? – ele perguntou, mais preocupado que curioso.
- Não é bem terminar, cara – cocei a barba que começava a crescer, incomodado com os sentimentos. – Vai ser melhor assim, pode ter certeza. A Cami é muito preocupada com a carreira dela e ter um relacionamento comigo só vai atrapalhar isso.
- Não jogue nas costas dela, cara – Danilo alertou, erguendo as sobrancelhas. – Isso soa meio machista.
É, ele tinha razão...
- Você quer terminar porque tem medo de feri-la com traições ou desejos proibidos... porque tem medo de admitir isso?
Dei de ombros, sem saber a resposta, bem à tempo de as meninas chegarem, interrompendo nossos assuntos. Encarei Júlia, vendo que a mesma estava... bem alterada.
- O que vocês deram para ela? – perguntei, erguendo-me e segurando-a entre meus braços.
Júlia soltou uma risada abafada, apoiando a cabeça em meu peito. Camila observava a cena com um olhar curioso, a sobrancelha bem delineada estava erguida.
- Eu dei uns shots de tequila para ela, oras – Alana deu de ombros.
- Você é louca? – gritei, tentando controlar uma Júlia molenga entre meus braços, falando coisas desconexas. – Ela já tinha bebido o suficiente, Alana!
Alana se reprimiu um pouco, mas ergueu o queixo e deu de ombros.
- Vamos embora – chamei.
Júlia tinha parado de se mexer em meus braços, estava sonolenta, as pálpebras tremiam e, automaticamente, lembrei de minha mãe que ficaria puta da vida com o estado que ela chegaria em casa.
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Apenas Amor
Roman d'amourSÉRIE APENAS - LIVRO 3 Link 1: https://www.wattpad.com/story/27147132-apenas-meu Link 2: https://www.wattpad.com/story/39259410-apenas-dele ATENÇÃO! Contém cenas de conteúdo adulto (+18) Júlia e Murilo sempre foram tratados como irmãos, apesar de, d...