A volta para casa foi ainda mais silenciosa que o dia que viajamos para longe dela, eu e minha mão estávamos de mãos dadas, mas com olhos e memórias distantes.
Quando eu finalmente acordei no hospital, dois dias atrás, nós pudemos nos ver e eu pude pedir desculpas, nos abraçamos e choramos, acompanhamos os machucados físicos uma da outra com as mãos aflitas, trêmulas.
Mas o silêncio continuava a ser nossa melhor companhia, como se o conforto em não dizer nada fosse melhor do que em confessar todos aqueles sentimentos.
Ainda sentia saudades de casa, dos meus amigos e familiares, saudades dele…
Mas tudo parecia menor agora que as coisas tentavam fazer sentido naquela nova realidade, tentando absorver todas as inverdades do passado.
Ao chegarmos em casa, reparei na absurda quantidade de veículos estacionados na frente, claro que todos estavam felizes com nosso retorno. Minha mãe e eu trocamos um olhar, mais parceiras que nunca.
— Seu pai propôs que viajássemos. Eu e ele.
Ela parecia ansiosa, quase como se, depois do meu escândalo no hospital eu fosse pedir que ela ficasse. Meu peito apertou um pouco, de repente me sentindo arrancada de seus braços, mas não podia — e nem iria — ser egoísta.
— Isso é ótimo — forcei um sorriso. — Você merece. E precisa.
Ela sorriu de verdade, com dentes à mostra e olhos brilhando.
— Você também precisa e… não só disso.
Enruguei as sobrancelhas, curiosa enquanto meu pai e seu fiel segurança tiravam as malas do carro.
— Estive pensando que talvez você precise de terapia, eu já fiz há muitos anos e posso garantir que me fez muito bem.
Ela estava certa, claro, também tinha pensado naquilo, mas parecia uma possibilidade absurda, eu sempre achei que intensificava demais o que sentia, e no final das contas, eu só estava ignorando sinais, sintomas e sentimentos.
E aquele não era o momento. Eu precisaria de ajuda e não poderia recusar nenhuma, seja de um profissional, dos meus pais e familiares, dos meus amigos ou dele…
Olhei para Murilo, parado na soleira da porta, mantendo distância e minha mãe acompanhou meu olhar, o brilho em seu olhar se itensificou, ela respirava com tanto alívio, olhava para ele com tanta calma.
— Dê tempo ao tempo — ela sussurrou, ainda com os olhos lá fora, àquela altura meu pai bateu a porta. — Mas também não deixe de viver, não depois de tudo que te aconteceu.
Acenei em positivo, sem conseguir conter as lágrimas. Ela me abraçou, colando meu rosto em seu pescoço, embalando meu choro e me acalmando.
— Desculpa…
— Já disse que você não precisa se desculpar, meu amor. Você era a vítima.
Acenei em positivo, guardando as palavras no coração, repetindo-as como um mantra.Eu era a vítima, eu era a vítima, eu era a vítima.
Talvez assim eu acreditasse que era verdade.
Vitima. Eu era a vitima, eu era a vitima…
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Oi, pessoal!! Desculpe não ter conseguido postar antes e tbm pelo capítulo curtinho, mas preferi postae mais rápido do que escrever mais e demorar! Não vinha postando pq estava c alguns problemas de saúde e tbm no computador, espero que gostem ❤💙
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Apenas Amor
RomanceSÉRIE APENAS - LIVRO 3 Link 1: https://www.wattpad.com/story/27147132-apenas-meu Link 2: https://www.wattpad.com/story/39259410-apenas-dele ATENÇÃO! Contém cenas de conteúdo adulto (+18) Júlia e Murilo sempre foram tratados como irmãos, apesar de, d...