Capítulo 26 / JÚLIA

340 40 6
                                    

Vai exigir um pouco de esforço, agora que você está aqui. Porque as pessoas vêm e vão, mas eu acho que você deveria saber que eu acho que isso funcionará.

Vai levar um tempinho, mas com você ao meu lado eu não desistirei até que eu tenha o que é meu.

Work, Charlotte Day Wilson.

*

A viagem de volta no carro com Danilo e Mônica foi silenciosa e em momento algum fui bombardeada por perguntas. E eu mal podia quantificar o quão grata e aliviada eu estava.

O final da noite com Murilo foi conforme o prometido... para não nos esquecermos daquele feriado que nos mostrou tanta coisa e nos tirou tantas outras. Nossas conversas em nossos celulares foram apagadas, as fotos permitidas e proibidas para menores de dezoito anos guardadas em aplicativos protegidos por senhas, mas selamos o adeus com a promessa de que, mesmo que escondidos, ainda nos teríamos.

Danilo estacionou o carro na entrada da minha casa, mas antes que eu pudesse descer do veículo com minha mala de mão, Mônica virou-se para trás no banco da frente, os grandes olhos azuis me estudavam com afinco.

— Espero que apesar dessa carinha triste, o final de semana tenha sido bom.

Automaticamente meus olhos se encheram d'água e soltei a mala no chão do carro, sendo invadida por sensações que me sufocavam.

— Amor, ande mais com o carro - pediu Mônica à Danilo, enquanto esgueirava-se entre os bancos do carro e jogava-se ao meu lado.

Não demorou muito para que Danilo avançasse rapidamente com o veículo, virando na primeira esquina à direita, enquanto Mônica não tardava em me aninhar em seus braços, acariciando meu cabelo.

— Ele brigou com você? O que houve, prima?

As palavras infiltraram-se em meu estado emocionado e respirei fundo, controlando as batidas frenéticas do meu coração, querendo compartilhar tudo com ela sem esconder nada e também para aliviá-la quanto a qualquer preocupação com Murilo.

— Nós estamos bem... só decidimos não lutar de fato... pelo menos não agora - consegui responder, virando a cabeça para olhá-la nos olhos.

Mônica pressionou os lábios, compartilhando da minha tristeza e no banco da frente, Danilo suspirou, claramente atento à conversa.

— Mas ele queria... e ele iria fazer o que fosse possível, mas o impedi - pressionei os olhos, sendo carregada para as lembranças doces porém dolorosas. — Nunca iria me perdoar se acabasse prejudicando ele apenas por querer saciar minhas vontades. Nossas... não sei.

Mônica acenou em positivo, dessa vez empurrando meus cabelos para trás das orelhas, depois ela tateou em busca de algo, parando apenas quando encontrou minhas mãos e as apertou.

— Foi um ato de amor, Jú... eu entendo completamente - a voz de Mônica estava doce e no canto dos seus lábios um sorriso surgia. — Murilo sempre faz o que quer e como quer, é bom que alguém nessa relação seja a pessoa consciente.

Soltei uma risada em meio às lágrimas, finalmente me sentindo à vontade no Brasil, sentindo minhas barreiras emocionais se dissolverem, sentindo o acolhimento que mesmo sem perceber tanto precisava. Abracei-a pelo pescoço, fechando os olhos e sentindo o conforto de minha prima, minha amiga.

— Obrigada por ser nosso cupido - murmurei.

Ela riu em meu pescoço. — E obrigada por confiar em mim.

Apenas AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora