Capítulo 17 / MURILO

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— Os eventos são uma obrigação, eu já entendi - resmunguei, revirando os olhos.
Para logo em seguida me arrepender. Minha mãe sempre teve um olhar repreendedor, principalmente quando algo tão importante estava em jogo.

— Você sabe que essas causas não são importantes por conta monetária, Murilo. - seu tom era firme, enquanto ela me entregava um smoking feito sob medida.
— E infelizmente vai ter que ir como um pinguim.

Aquilo finalmente me arrancou uma risada.

— Como você pôde esquecer? - ela abanou os cabelos escuros em negativo, avançando pelo meu quarto.

— Eu não sei - menti com um dar de ombros.

Eu só conseguia pensar em Júlia, respirar Júlia… ela ladeava todas as lacunas do meu cérebro, cada um dos meus sentidos. Minhas dúvidas, certezas, medos e calma.

Queria tanto poder conversar com minha mãe sobre ela… queria tanto ter a oportunidade de notar seu olhar brilhando por eu finalmente sentir que estava com quem de fato queria estar, apesar de todas as circunstâncias.

— Seu pai e eu já vamos indo na frente - ela deixou o conjunto em minha cama, alisando o próprio vestido de veludo.

— Linda como sempre - elogiei, me levantando da cama e beijando sua testa.
Ela apoiou as mãos em meus ombros com um largo sorriso no rosto.

— E você será o pinguim mais lindo da noite - ela brincou. — Mas não conte a seu pai.

Agatha se encaminhou para a saída, enquanto eu pegava o smoking ainda com um sorriso nos lábios.

— Ah, não esqueça sua irmã. Um dos seguranças vai ficar para levá-los.

No exato momento da informação, meu corpo todo reagiu em expectativa. Fiz um murmúrio para concordar e, ainda mais animado que antes, me arrumei para uma noite em que, novamente, o foco de minha atenção estaria em Júlia.

Respirei fundo antes de bater à porta de seu quarto, depois que me arrumei e ouvi meus pais saindo, há aproximadamente trinta minutos.

Não demorou muito para que ela abrisse.
— Oi, gatão - cumprimentou com um sorriso. — Só preciso decidir qual brinco vou usar.

Ela entrou de volta no quarto em uma graciosa corridinha, eu segui atrás. Olhando-a dos pés a cabeça e engolindo em seco. Usava um vestido azul-claro que caia levemente rodado em torno das pernas, com um corte reto na parte de cima, um decote em V nas costas e, bem, mostrando o decote dos seios.

— Esse… vestido.

Ela deu uma voltinha, com um par de brincos entre os dedos.

— Lindo, não é?

— E esse decote? - eu ainda olhava na direção do mesmo, observando a curva de seios sob o tecido claro.

Não queria soar possessivo… simplesmente não queria. Mas não conseguia conter a onda quente que avançou sobre meu corpo.

— Ora, gatão, ele já veio assim - ela riu, balançando a cabeça. — Nem venha com as doideiras de “mulher minha…”

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