Capítulo 25 /MURILO

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Sobre os tumultos

Acima de todo o barulho

E através de toda a preocupação

Ainda ouço sua voz

Então me diga como viver neste mundo

Diga-me como respirar e não sentir dor

Diga-me, porque eu acredito em algo

Eu acredito em nós.

Us, James Bay.


O feriado passou rápido demais, comigo e Júlia compartilhando mais momentos com Danilo e Mônica e, especialmente, compartilhando diversos momentos a sós.

Fomos a praia, onde ficamos até nos queimarmos demais; fomos ao cinema e nos divertimos em um filme que era proposto para nos assustar; comemos lanches na casa de praia da família da Mônica.

Júlia e eu compartilhamos mais vários momentos íntimos, dos quais eu jamais me permitiria esquecer, desde as curvas do seu corpo, a forma como ela me tocava ou sussurrava meu nome perdida em deleite.

O domingo infelizmente tinha chegado e estávamos quietos demais um com o outro, mesmo com tudo correndo bem... provavelmente porque sabíamos como deveríamos agir dali em diante. A viagem foi boa para nos aproximar entre si, mas também serviu para nos escancarar a realidade de que não poderíamos nos ter daquele jeito dali para frente.

Eu estava sentado na ponta da cama, observando enquanto Júlia traçava uma linha fina sobre uma das pálpebras. A maquiagem a deixava sexy, o cabelo ruivo modelado e todo jogado sobre um ombro, deixando a mostra o decote nas costas do vestido vermelho.

Tínhamos mais uma dança juntos, mais uma noite antes de retornamos para a realidade da nossa vida.

Nossos pais continuavam a lhe enviar mensagens, enquanto apenas minha mãe me mandava mensagem no final do dia. Doía ter de esconder, era sufocante infelizmente não poder lhe contar toda a verdade. Engoli em seco, fechando os olhos e jogando a cabeça para trás, sentindo a tensão avançar sobre meus ombros.

— Ei, gatão - Júlia disse e abri os olhos, encontrando-a parada diante de mim. — Sei o que está sentindo... também estou.

Respirei fundo, balançando a cabeça, incapaz de responder. Ela suspirou e sentou-se de lado no meu colo, meus braços automaticamente a abraçaram pela cintura e os seus se agarraram ao meu pescoço

— Quero tentar viver o hoje como se fosse nossa última oportunidade de estar realmente juntos - minha voz saiu mais fraca que o esperado, então suspirei, realmente sentindo a aflição preencher cada um dos meus gestos.

Júlia sorriu, mas o gesto não alcançou os olhos. Sentíamos o mesmo, temíamos pelo mesmo.

— Ainda nos teremos no final dos dias ruins ou dos bons; ainda poderemos compartilhar aquelas coisas que sempre gostamos... vamos indo com calma, sabemos que vai balançar muito as coisas, né? - ela também suspirou, relaxando os ombros. — Agora vamos indo, você não me deu esse vestido lindo para sofrermos antes da hora, né?

Sorri de verdade, me sentindo relaxar por suas palavras encorajadoras e o tom doce.

A sensação durou por boa parte da noite, enquanto íamos à um restaurante no qual tinha conseguido uma reserva dias antes - arriscando na escuridão da provável ausência de Júlia. A comida era boa, a companhia melhor ainda e o papo simplesmente se desenrolava entre nós dois. Por vezes nossas mãos se entrelaçavam sobre a mesa, como se fossem atraídas por algo magnético além de nosso controle.

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