Capítulo 33 / JÚLIA

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— Ela é tão linda! — Mônica deu um gritinho, arrastando a palavra. — Vocês me dão náuseas sabe — ela enrugou o nariz, ainda segurando meu dedo indicador e admirando a fina aliança de prata.

— Eu sempre falo isso para ela — concordou Olívia, com os grandes olhos verdes fixos no meu dedo, os cabelos negros e espessos atados por um lápis no topo da cabeça.

O campus estava agitado com a saída dos alunos, a maioria estava próxima das tão sonhadas férias. Nós três caminhávamos com calma entre o aglomerado cada vez maior de alunos barulhentos.

— Meninas! — Uma voz conhecida nos interrompeu por trás. — Temos uma surpresa em forma de compromisso.

Nos viramos com um sorriso para Danilo, os olhos castanhos com tons de mel virados na direção de Mônica, que sorria para ele de forma aberta e, honestamente, apaixonada.

— Parece que temos um passeio surpresa — ele moveu a cabeça para algum ponto atrás dela.

De alguma forma, meu corpo sabia o que encontraria ao se virar, ao fazê-lo já estava sorrindo e ao ver Murilo parado do outro lado da rua com seu carro, ri sozinha, abrindo os lábios.

Mônica saiu correndo na direção do primo, com Danilo em seu encalço, enquanto Olívia e eu caminhamos normalmente atrás do casal. Eu também queria correr tal qual Mônica, mas segurei aquele ímpeto que, na frente de todos, não seria nada adequado, afinal, éramos irmãos.

Mesmo em pensamento a palavra tinha um gosto amargo e errado. Ao se aproximarem do carro, Danilo e Mônica já ocupavam o banco de trás, ao meu lado, Olívia suspirou e revirou os olhos.

— Vou ter que bancar a vela e sentar do lado deles — apesar do comentário ela sorria, sentando-se ao lado de Mônica.

Murilo e eu entramos ao mesmo tempo no veículo, os olhos fixados um no outro e, como forma de cumprimento, Murilo pegou minha mão e beijou o nó de meu dedo com a aliança, mesmo sem poder manifestar o que realmente queríamos, sabíamos e o que sentíamos.

Mas também não pude deixar de notar o olhar triste de Murilo e de certa forma soube que o passeio surpresa traria também outras surpresas.

Que talvez não me deixassem tão radiante quanto eu estava naquele momento.

*

Murilo nos levou em uma tranquila viagem de carro até o parque Ibirapuera que, àquele horário e no meio da semana, encontrava-se tranquilo.

Danilo o ajudou a descarregar o carro, trazendo consigo uma cesta e toalha para nos sentarmos na grama. Ficamos próximos ao lago, com árvores acima de nossas cabeças, enquanto comíamos e conversávamos sobre nada em particular, mas que significava algo para nós cinco.

De certa forma o momento se encaixava na rotina, como se...

— Mil reais por seus pensamentos — Murilo murmurou ao pé de meu ouvido, me arrancando uma risada assustada.

— Só isso? — brinquei.

Ele deu de ombros, sorrindo... de forma que não alcançou seus límpidos olhos azuis.

— O que houve, gatão?

Ele soltou uma risada nervosa, olhando para baixo. O que só confirmou minhas suspeitas de que realmente havia algo sob toda aquela armação de piquenique surpresa.

Ele olhou para cima, buscando os olhos de Danilo, que rapidamente se levantou com uma desculpa qualquer, arrastando Mônica e Olívia junto. Fiquei tensa na hora, engolindo em seco, assustada com o que viria dali.

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