Apenas Amor

Capítulo 19 / JÚLIA

As semanas depois do ocorrido se arrastaram. Terminar com Murilo fez com que eu me aproximasse ainda mais de Olívia e Mônica, o que consequentemente me aproximou de Danilo.

Meus pais também estavam cada vez mais próximos de mim, almoçávamos juntos sempre que possível e compartilhávamos a mesa durante o jantar todas as noites.

Minha vida, no Brasil, finalmente estava começando a ser o que eu sonhara durante minha moradia nos Estados Unidos.

Meu pai liberara alguns dos seguranças que foram contratados para reforço, Carlos estava preso em um local distante e Henrique investigava tudo de perto. Os ataques e ameaças evidentes tinham simplesmente se interrompido com sua prisão, confirmando nossas desconfianças.

Mônica estava inquieta em meu quarto, enquanto Olívia tentava delinear um de seus olhos.

— Se você não parar quieta eu vou borrar tudo - sibilou minha melhor amiga entre dentes, as sobrancelhas unidas em extrema concentração.

Eu já estava arrumada, pronta para a festa de aniversário de Mônica, enquanto Olívia tentava maquiá-la para o grande momento.

— Ela nunca para quieta - Alana conseguiu murmurar por entre lábios, enquanto passava um batom com foco imenso ao encarar-se no pequeno espelho rosa entre suas unhas igualmente rosas.

— Eu acho que o Danilo vai ter um ataque, aqueles olhos castanhos vão se arregalar - murmurei, tentando genuinamente animá-la.

Eles estavam realmente juntos, andando de mãos dadas pela faculdade, partilhando de momentos românticos, tendo a liberdade e possibilidade de compartilharem o que quisessem. Eu ficava feliz por eles, mas sentia a injustiça do destino rodopiar novamente em minha cabeça.

Conforme meu comentário ganhou força, Mônica parou de se mexer, o rosto enrubescido.

— Você e esse menino... - Alana tentou iniciar, mas foi brutalmente interrompida por um 'shhh' de Mônica.

— Lana, se não for pra me ajudar de verdade, nem comece - Mônica pediu, levantando-se para encarar seu reflexo no espelho. — Você tem muito talento! - ela deu pulinhos na direção de Olívia, abraçando-a em seguida e soltando risinhos.

— Vamos indo, aquele meu amigo está me esperando. - Alana se levantou, frisando o comentário com os olhos bem aberto para Mônica, que revirou seus olhos azuis.

Alana abriu a porta de meu quarto em um solavanco, ignorando completamente sua prima.

A festa seria na casa do primo de Danilo, o próprio estava organizando. Tinha feito o pedido formalmente aos pais de Mônica, pedindo a permissão para "roubá-la" durante aquela noite. Danilo tinha certo charme que convencia qualquer um e, bem, Bruno sempre fora receptivo e muito compreensivo, mesmo que muito protetor.

Murilo estava com Danilo, ajudando na organização, nos esperando chegar.

O nome soava amargo em minhas lembranças, que sempre me carregavam para aquele momento no banheiro. Ele tinha me feito esquecer completamente da carta, agora guardada em uma das gavetas da minha escrivaninha.

Antes de descermos as escadas na direção do carro de Alana, minha mãe me interrompeu no caminho, segurando-me delicadamente pelo braço e abanando a mão na direção das meninas, incentivando-as a continuar.

— Seu pai e eu não estaremos em casa quando voltar, caso volte - ela ergueu as sobrancelhas, observando minha roupa. — Deus... seu estilo parece muito com o que eu usava nos meus tempos de festas.

Soltei uma risada diante do comentário e por como nos parecíamos.

— Isso é ruim?

— De forma alguma... naquela época era meio brega. Você está linda - ela estalou um beijo na minha testa. — Divirta-se.