Capítulo 21 / JÚLIA

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Conter a evidente euforia enraivada de Mônica foi complicado. Danilo trancou a nós quatro em um quarto no andar de cima, no qual agora Mônica andava de um lado para o outro, enquanto nós três lhe dávamos seu devido espaço. Danilo não parecia nada chocado com a cena que presenciara na lavanderia, o que me fez concluir que Murilo provavelmente tinha feito o mesmo que eu: confidenciado aquela loucura toda com seu melhor amigo... e eu não o culpava, é claro.

Mas não queria que nossa prima nos pegasse daquele jeito: desprevenidos, descabelados e, consequentemente, excitados. Não precisávamos estar nos braços um do outro para evidenciar o que estivera acontecendo há minutos atrás.

— Eu simplesmente não consigo acreditar no que eu acabei de ver! - ela gritou, parando de andar e me encarando diretamente. — Você fez isso por causa da Alana? - as sobrancelhas estavam erguidas, os olhos azuis estreitados, investigando minhas feições.

— Alana? - Murilo perguntou, dando um passo à frente, mas estrategicamente continuando sem me tocar. — O que ela tem a ver com isso?

— A Alana chegou aqui com o Roberto - confessei, encarando os olhos grandes e azuis de Mônica... o mesmo nome de nossa avó paterna.

Dentre aquele turbilhão da minha confusão, enquanto Murilo continuava a falar, a festa continuava a rolar e Danilo continuava quieto, entendi o que se passava nos olhos da minha prima: não era aversão por estarmos juntos, era ciúme por não ter sabido antes.

— Você está brava porque não contamos? - indaguei, me aproximando dela.

Seus olhos estavam meio opacos e avermelhados, tinha claramente ingerido algo alcoólico durante a festa. O batom tinha ido embora há muito tempo, mas o delineado perfeito de Olívia continuava intacto, lhe dando um ar sexy.

— Minha princesa, eu expliquei que...

— Não se intrometa - ela interrompeu Danilo, olhando-o por poucos segundos para calá-lo. — Quando você chegou, entendi toda a apreensão... mas depois o tempo passou, vocês se afastaram e, em nenhum momento, você cogitou se abrir comigo? Como eu me abri facilmente para você?

— Eu imaginei que você... que vocês...

— Não fossem aceitar e nem entender - Murilo me ajudou, completando minha frase confusa e finalmente me abraçando pelos ombros. - Tivemos medo de sermos julgados.

— Qual é... sempre foi evidente toda essa tensão entre vocês - ela exemplificou a frase fazendo movimentos desconexos com as mãos, olhos arregalados e a risada presa na garganta. - Mas até você, primo... nós sempre conversamos sobre tudo, somos tão próximos e você simplesmente não confiou em mim.

Murilo se afastou de mim, abraçando Mônica pelos ombros e bagunçando seus cabelos.

— Posso ter o perdão da minha doce prima? - perguntou de maneira galanteadora, arrancando uma risada dela.

— Ei, cara... pode ir se afastando - Danilo tomou a frente, puxando Mônica para seus braços e lhe arrancando uma risada.

— Seus pais já sabem? - ela perguntou depois de um tempo.

Murilo e eu nos entreolhamos, claramente partilhando do mesmo: preocupação.

— Não... meu pai vai me deserdar - Murilo brincou, nos arrancando risos nervosos.

— Vamos dar tempo ao tempo e tentar de novo, né? - tentei confortá-lo, passando meu braço por sua cintura.

Ele balançou a cabeça, concordando comigo e beijando meus cabelos.

— Só pra salientar: vocês fazem um casal lindo - Mônica concluiu jogando a cabeça para o lado ao nos admirar.

Ela beijou o ombro de Danilo, puxando-o pelo pulso para fora do quarto. Ele, apesar de confuso, seguiu-a de imediato com um sorriso cúmplice.

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