Apenas Amor

Capítulo 23 / JÚLIA

Nos acomodamos rapidamente, tomando café quando o sol começou sua leve subida, com Murilo e eu nos encarando como se estivéssemos partilhando um segredo e, para ser sincera, de fatos estávamos.

E era alucinante.

Dividir aquele espaço com ele era alucinante, tê-lo tão perto com tantas possibilidades possíveis a se desenrolarem daquela viagem. Eu simplesmente não podia me conter, mas conseguia... apesar de sempre demonstrar minha animação em estar a sós com ele.

Suspirei, jogando a cabeça no travesseiro sob minha cabeça, enquanto ele saia do banho com os cabelos úmidos, cueca boxer preta e a toalha pendurada no ombro; a expectativa estava me matando.

— O que houve? - ele perguntou, jogando a toalha na cadeira ao lado da cama e sentando-se ao meu lado.

— Só estou curiosa para saber onde iremos - respondi, deitando de barriga para baixo, sentindo a barra leve do vestido se mexer em minhas pernas.

Eu estava sensível demais... e só estávamos sentados em uma cama conversando.

— Vou cumprir a promessa de te levar para dançar hoje a noite... Danilo e Mônica vão com a gente.

Acenei em positivo, sabendo que ainda faltavam algumas horas antes da noite cair, para que eu pudesse começar a me preocupar com o que usaria.

— Mas e até lá? - não consegui conter a ansiedade.

Me sentei perto dele, observando seu rosto. Os cílios loiros, os olhos azuis, a barba bem feita, o maxilar marcado.

— Você tem alguma sugestão?

Seus olhos desceram displicentemente para os meus lábios e respirei fundo, ainda mais sensível - mesmo que parecesse impossível. Já tinha tido minhas experiências, mas nada se comparava aquela sensação se remexendo em meu interior. Sorri de lado, jogando a cabeça para trás, afastando os cabelos do caminho.

— Eu tenho uma ideia - comecei, me ajeitando e sentando sobre minhas pernas, liberando a saia outrora presa do vestido.

Apoiei os dedos no botão do vestido, vendo-o engolir em seco e remexer as pernas, o rosto avermelhado.

— E eu vou gostar dela? - a voz estava ainda mais rouca, os olhos não piscavam.

Ele se ajeitou diante de mim, dobrando uma das pernas e mantendo a outra com o pé apoiado no chão, evidenciando mais de sua animação pela minha ideia.

Desci os dedos pelos demais botões, para só depois deslizá-lo pelos ombros, grata pela lingerie que tinha escolhido naquele dia. Desci da cama com seus olhos ainda acompanhando meus movimentos e deixei o vestido cair em meus pés, saltei para fora, Murilo agora estava me olhando dos pés à cabeça de frente para mim, as pernas levemente abertas.

Andei na sua direção, sendo recepcionada por suas mãos quentes na minha cintura, com sua ajuda me sentei em seu colo, de frente para ele, sorrindo ao encará-lo.

Se algo vinha nos segurando, nos fazendo evitar ou temer nosso contato mais íntimo, aquela atitude dissolveu tudo. Assim que fiquei confortável em seu colo, Murilo sentou-se mais para trás na cama, alcançando a cabeceira e se apoiando, as pontas dos dedos apertando minhas coxas.

— Não podemos nos atrasar - murmurei, meus lábios já contra os seus, nossos toques mais urgentes.

— Eles podem esperar.

Sua boca veio ansiosa contra a minha, nosso beijo diferente de qualquer outro que tivéssemos compartilhado. Agora o som era livre, os murmúrios e pegadas um no outro sem nada para nos impedir ou nos assustar. Murilo me puxou mais para perto, evidenciando sua excitação contra mim e eu gemi, afastando o rosto para tomar ar, mas ele não parou, avançou contra meu pescoço, me enviando arrepios pelo corpo todo.