Capítulo 31 / JÚLIA

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Eu não quero saber como é viver sem você, não quero conhecer o outro lado do mundo sem você.

The Other Side, Ruelle.

Estava no quarto de minha mãe, contando as últimas novidades sobre o relacionamento mais turbulento do momento: Mônica e Bruno. Minha prima sempre foi a queridinha do papai, criada com muito amor, ganhando o que desejava, estudando o que sonhava e tendo paz para cursar o que tanto sonhara, algo que dificilmente muitas das pessoas conseguiria.

— O Bruno está sendo ridículo — esbravejou minha mãe, dentro de seu closet separando várias roupas, iria passar o final de semana fora com Henrique.

Dei de ombros e murmurei um som concordando, sabendo que seus motivos eram realmente ridículos, não havia forma melhor de descrever o fato de Bruno não querer Danilo na vida de Mônica por não ser alguém do mesmo meio. Nas palavras dele, é claro.

Todos sabiam que a origem de Danilo era mais simples, diferente do privilégio cego no qual minha família às vezes vivia. Minha mãe sempre bem de vida como os próprios pais, meu pai com a empresa que herdara da família, meus tios com suas vidas bem sucedidas em suas determinadas carreiras.

— Ele está agindo como um mesquinho de merda — continuou minha mãe, me arrancando um risinho pelo palavrão. — Espero que ele sossegue nessa viagem.

— Vai ser como nos velhos tempos, então? — perguntei, me apoiando em meus cotovelos, observando-a melhor ao guardar as roupas na enorme mala - grande demais para apenas um final de semana.

Ela concordou com a cabeça, fechando o zíper da mala e empurrando-a com o pé antes dos degraus que iam para a área da cama do cômodo.

— Seu pai é incapaz de arrumar a própria mala — ela estalou a língua, puxando uma mala minuscula e simplesmente jogando roupas dele lá dentro, eu segurei uma risada. — Aposto que consegue se virar com isso. — decretou, puxando o zíper e jogando a pequena bolsa em cima da sua grande mala.

— Não tem roupa demais aí, não? — perguntei, erguendo uma sobrancelha.

Agatha apoiou a mão na cintura, me encarando a distância com um sorriso divertido preso aos lábios.

— Ora, menina... sua mãe também sabe se divertir em uma viagem com amigos.

Ela caminhou até a cama e sentou-se ao meu lado.

— E vocês... tem se entendido bem nas noites que passam juntos?

Engoli em seco, sentindo meu rosto esquentar ao constatar que ela sabia que eu fugia para o quarto de Murilo. Minha mãe soltou uma gargalhada, provavelmente se divertindo com a minha cara.

— Meu bem, eu já tive sua idade — ela disse em meio a uma risada. — Sei como é dormir no quarto ao lado de quem a gente quer, mas o Murilo com certeza é muito melhor do que seu pai foi um dia.

Dei risada, balançando a cabeça em negativo, em parte descrente pelo comentário, já que ambos se davam tão bem e Henrique era sempre tão romântico e aberto com Agatha e, de certa forma, aquela versão parecia existir apenas com ela.

— Seu pai era um babaca, eu realmente não sei como aguentei à ponto de nos casarmos.

E mais risadas leves, divertidas pelo momento que finalmente estávamos compartilhando juntas. Tudo o que aconteceu pareceu se encaminhar para aquele momento, aquela risada, aquele companheirismo.

— Fique tranquila, todos os seguranças estarão aqui, ok? — Agatha se abaixou e beijou o topo de minha cabeça. — Estou indo porque está marcado, porque sinceramente preferia sua companhia à uma Cate estridente e à um Bruno que merece uns puxões de orelha.

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