Capítulo 4

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– Ei, você vai fazer alguma coisa nessas férias? – perguntou Fernando assim que saímos da última prova.

– Vou pra Búzios com meus pais. Por quê?

– Por nada. Vem cá... – disse ele parando.

– Fala. – eu disse.

– Me dá um abraço. – ele me abraçou apertado. – Vê se não some dessa vez, ta?!

– Não vou sumir. – eu disse.

– É sério. Eu fico preocupado contigo, cara. Fica bem, ok? – disse ele olhando nos meus olhos. – Não vai esperar o pessoal sair?

– Não posso esperar mais, tenho que ir pra casa arrumar minhas coisas.

– Então beleza. – Ele me abraçou de novo. – Pensa no que eu disse! Nós sabemos que você ainda não está muito bem, mas tenta esquecer, já faz meses. Queremos te ver bem, cara. Curta bem essa viagem, conheça novas pessoas e volte bem melhor do que está agora.

– Pode deixar. – eu disse com um pequeno sorriso. – Obrigado, Fê.

– Vai lá. Eu sei que você não vai fazer isso, mas se puder dê notícias. – ele soltou uma risada.

...

Depois de arrumar as coisas para a viagem, eu e meus pais fomos para casa da minha tia que também viajaria conosco. Chegamos cedo na casa dela e como sempre a recepção foi grande. Nos sentamos a mesa todos juntos para comer e conversar.

– Sua mãe disse que aquele seu amigo vai morar em outro país né? Como é o nome dele?

– Christiano! – respondeu minha mãe.

– Ele vai morar lá mesmo? – perguntou minha tia.

– Ele já foi pra lá, tia. – eu disse.

– Já? Ele é uma graça.

– Sim – disse minha mãe –, Marcos e ele eram bem amigos!

– É! – respondi rápido.

– Marcos ficou bem triste com a ida dele pro Canadá. Eles tinham uma amizade bem legal mesmo.

– Foi esse que ajudou o Marcos quando aconteceu aquela coisa horrível na rua, não foi? – perguntou minha prima.

– Você sabe disso? – eu disse.

– É claro! – respondeu Paula.

– E quando o Christiano foi atropelado quem o ajudou foi o Marcos, então eles tinham uma irmandade bem legal. E nós somos gratos eternamente ao Christiano por ter ajudado o Marcos naquela situação.

– Quando eu era mais nova eu tinha uma amiga assim, mas depois de um tempo ela se mudou de casa e acabamos nos distanciando. – disse Paula.

– Essa sobremesa ta uma delícia. – eu disse na intenção de mudar de assunto.

– Está mesmo. – disse meu pai.

Depois de longas conversas à mesa, cada um foi para seu canto descansar um pouco antes de partir para a viagem. Minha mãe e minha tia se reuniram no quarto, meu pai e meu tio ficaram na sala e eu fiquei na varanda vendo o dia ir embora. Fiquei durante um bom tempo parado lá e me perdendo em lembranças. Da varanda não dava para ver o sol se pondo, mas a vista também era linda. A cor alaranjada passeando pelos prédios vizinhos até por fim dar lugar às sombras era uma vista tão linda quanto o pôr do sol.

Aquela magia visual do pôr do sol terminava tão rápido. Não era assim quando estava com Christiano. Ele costumava durar mais. Quando cansei de ficar em pé, arrastei uma cadeira e me sentei lá mesmo. Enquanto tocava uma música calminha na rádio, me lembrei da primeira vez que Christiano havia cantado para mim com sua voz gostosa de ouvir. Eu já não lembrava muito bem da sua voz ao falar e isso me dava uma angústia toda vez que tentava lembrar e não conseguia, mas a sua voz ao cantar eu não tinha esquecido ainda. Ela estava bem nítida na minha cabeça.

O Amigo - 2ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora