Capítulo 27

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Ainda era de dia quando subimos para o apartamento do Christiano depois do almoço com os meus pais. Agora mais do que nunca o Christiano tinha conquistado os meus pais. Minha mãe só se apaixonou mais por ele e meu pai encontrou em Christiano um novo amigo. O dia não tinha como melhorar.

- Chris, você deixou a porta aberta. - eu disse conseguir abrir a porta sem rodar a chave.

- Ué, mas eu tranquei sim.

Entramos em casa e eu entreguei a chave para Christiano poder trancá-la logo, já que não sairíamos mais de casa naquele dia. Quando cheguei na sala e olhei em direção à varanda eu vi um homem parado de costas para nós. Ele era bem alto e estava vestindo um terno escuro e quando virou para me olhar o meu corpo quase congelou ao ver aquela expressão séria como se fosse um homem tão ruim quanto um vilão clichê de filme de suspense. Seu rosto era bonito, apesar das linhas de expressões bem marcadas, mas sua feição não passava uma imagem de boa pessoa.

- Chris! - murmurei enquanto procurava seu corpo com as mãos atrás de mim.

- Pai! - disse ele com a voz falhada.

Ele ergueu o queixo ainda nos olhando com sua expressão nada amigável. Minha mão ainda estava segurando o braço de Christiano e ele continuava imóvel ao meu lado. De um jeito muito esquisito o clima da casa pareceu desmoronar e tudo o que eu sentia ali era medo, pois não estava entendendo nada do que estava acontecendo.

- Olá Christiano! - sua voz grossa e alta ecoou pela sala me fazendo contrair o corpo.

- O que você está fazendo aqui? - perguntou Christiano.

- Essa casa é minha, não é?

- Não.

Com as mãos dentro dos bolsos de sua calça social, ele deu alguns passos pela sala olhando para cada canto do cômodo como se estivesse enojado.

- Então... - ele parou e olhou para mim. - esse é seu namorado?

- É sim.

Christiano tentava passar confiança em sua voz, mas eu podia perceber o nervosismo, a insegurança e o quanto era difícil pra ele manter aquela postura. Eu não sabia o que fazer, não sabia se deveria ir embora ou continuar ali. Seu pai era tão intimidador que eu tinha receio até de me mover e fazer com que ele me olhasse de novo.

- Eu te dei tudo do bom e do melhor desde que era criança, tudo o que muita gente não teve e você simplesmente se rebela dessa maneira, larga sua família, sua namorada e toda sua história por um... Moleque?

- O que eu faço da minha vida não é da sua conta. Não mais. Não dependo do senhor pra nada.

- Esse é um caminho sem volta, Christiano. - ele disse chegando mais perto de nós. - Presta bem atenção no que você está fazendo.

- Você saiu de onde estava só pra vir me falar essas coisas? Eu não vou pedir desculpas por nada e muito menos te perdoar. Você nunca me apoiou em nada e não vai ser agora que vou precisar do seu apoio.

- Mas que ingenuidade da sua parte achar que vim aqui pra te resgatar. - disse ele com um pequeno sorriso debochado. - Você não tem mais a opção de voltar para a família. Você perdeu tudo o que tinha. Não quero que me perdoe por nada, pois eu não te perdoarei e muito menos sua mãe.

- Não tenho motivos pra te pedir perdão. Você nunca fez nada por mim. - disse Christiano com a voz bem trêmula.

- Nunca fiz nada por você? Você teve tudo o que sempre quis: uma boa moradia, boa educação, boas roupas, boas viagens e o que mais quisesse...

O Amigo - 2ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora