Capítulo 25

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Saí um pouco mais cedo que o normal e cheguei na escola quando o portão ainda nem tinha sido aberto. Fiquei com meus amigos na praça durante um bom tempo e depois fui até a banca de jornal com a Fernanda.

- Me fala o que aconteceu.

- Nada. - respondi enquanto ficava na ponta dos pés no meio fio da calçada.

- Vai mentir feio desse jeito? - ela disse enquanto bebia sua água. - E porque Christiano não está aqui com você? Eu duvido que ele deixaria você vir sozinho pra escola depois de tudo o que aconteceu e com a cabeça quebrada ainda.

- Nós brigamos ontem porque eu reencontrei um cara que fiquei em búzios, que agora só é meu amigo. Ele ficou com ciúmes.

- Mas que besteira.

- É, mas eu acho que ele tinha lá as suas razões, sabe?

- E agora o que vai acontecer? Vão ficar nessa pra sempre? Odeio ver vocês brigados porque vocês dois servem como casal modelo pra mim. É tipo meta de relacionamento, sabe?

- Deixa de ser doida. - eu disse rindo.

- É sério. Vocês formam um casal perfeito. Não fiquem brigados não.

- Eu não quero ficar brigado, mas não sei se quero dar o meu braço a torcer e ter que ir falar com ele.

- Tá vendo só como vocês são um casal perfeitinho. - ela disse enquanto mordia o canudo e olhava para longe. - Nem vai precisar dar o seu braço a torcer.

- Ele está na praça?

- Oi, Fê! - disse Christiano passando por mim e dando um beijo no rosto dela. - posso dar uma palavrinha com o Marcos?

- Ele é todo seu.

Meu couro cabeludo se arrepiou assim que nossos olhos se encontraram. Um ônibus que estava estacionado um pouco mais a frente e que estava tapando o sol, começou a andar e lentamente o rosto dele foi iluminado pelos raios de sol, seus olhos se estreitaram um pouco e ele começou a falar.

- Bom dia, Marcos. - ele colocou as mãos no bolso da calça.

- Bom dia.

- Como é que vai ser, vamos ficar nessa?

- Não sei. Você decide. - eu disse desviando o olhar.

- Olha - Christiano abaixou a cabeça para me fazer olhá-lo nos olhos. -, eu estou tentando fazer isso dar certo, por favor, não fica falando comigo desse jeito senão nada vai se resolver.

- Desculpa. Eu não devia ter te impedido de sair com seu amigo.

- E eu não deveria ter aquele ataque de ciúme. Se eu não tivesse esse ciúme bobo você não ficaria com ciúme de mim com o Diego.

- Ficaria sim. - murmurei.

- É, eu sei. - ele soltou aquele sorriso de lado. - Não quero mais brigar com você.

- Nem eu.

- É raro a gente ter uma briga assim. Eu prefiro ficar no relacionamento perfeitinho e quase clichê, onde só tem amor. - ele disse rindo.

- Eu também prefiro assim.

- Mas agora falando sério, Marcos. - Christiano aproximou seu rosto do meu... - Você tem que parar com essa mania de ir embora sem me falar nada. Eu nem sei que horas você saiu de lá. Fiquei preocupado pra caralho.

- Não estava tão tarde.

- Não importa.

- Mas eu nem... - ele me interrompeu.

- Nem adianta falar que não foi embora de noite, porque eu sei que horas você chegou em casa. Além de falar com sua mãe pelo telefone, eu também passei na sua casa.

- Ixi...

- Estou falando sério. Não quero que você fique sozinho na rua. Não faça isso comigo de novo.

- Ok. Estou me sentindo uma criança levando bronca do pai.

- É quase isso. - disse ele sorrindo. - Estamos resolvidos?

- Sim. - eu disse abraçando seu corpo largo.

- Me diz como você está?

- Bem.

- Sua cabeça, corpo...

- Ah. Quase não sinto mais dores.

- Ótimo.

- Então você foi à minha casa ontem, né?

- Fui levar seu remédio. Estávamos brigados, mas nem por isso eu iria deixar de cuidar de você.

- Obrigado. - eu disse com um sorriso sem graça. - Falando nisso, ontem eu estava conversando com os meus pais durante o jantar e eles me pediram para te chamar pra um almoço lá em casa.

- Eu topo. É festa da família?

- Não é nada. Eles só querem que você almoce com a gente.

- Só nós quatro?

- É!

- Por mim tudo bem. Será que é agora que irei ser apresentado como namorado oficial? - disse ele rindo.

- É. Acho que chegou o momento.

- Ô moleque sortudo você, hein. Bom, acho que já está na hora de entrar... - disse ele olhando para o relógio em seu pulso. - Só que antes eu preciso de uma coisa pra começar o dia bem e enfrentar a prova que está por vir.

Christiano me olhou esperando que eu falasse alguma coisa. Eu sabia o que ele queria. Fiquei quase na ponta dos pés e segurei seu rosto delicadamente. Por um segundo eu fiquei olhando para aqueles olhos escuros e sentindo seu hálito fresco. Pressionei meus lábios contra os dele e Christiano me puxou delicadamente pra mais perto. Ele abriu um sorriso largo, cheirou meu pescoço me deu a mão para caminharmos até a escola.

...

O Amigo - 2ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora