Capítulo 22

1.8K 182 17
                                    

           

– Ai, ai Christiano. – eu disse gemendo de dor.

– Marcos, desculpa. Fica paradinho, por favor...

Christiano conseguiu finalmente tirar a minha camisa para que eu tomasse banho. a pele sobre minha costelas estavam extremamente sensíveis e qualquer toque me fazia querer gritar de nervoso e dor. Passar a mão naquela área era como se minha pele estivesse pegando fogo e para tirar a camisa era um sacrifício, pois eu tinha que levantar os braços e assim a minha pele se esticava. Logo minha cabeça começou a doer e todo aquele pesadelo estava de volta. Christiano estava agachado tirando minha bermuda e cueca. Olhei para ele e depois para a minha pele que estava com uma cor horrível por causa dos hematomas. Eu não tinha visto elas ainda ou talvez minha pele não estivesse naquela cor antes.

– Meu Deus, isso está muito feio. – eu disse tocando com a ponta dos dedos. – Eu apanhei muito. Chris...

– Amor, isso vai sair depois. Você está se recuperando e é assim mesmo.

– Mas tá azulado, meio verde... Não sei... O que aquele cara fez comigo? Porque ninguém o parou. – comecei a chorar.

– Marcos – ele segurou delicadamente em meu queixo e me fez olhar para ele. –, você vai ficar bem. São apenas hematomas, ok? Eu comprei a pomada que vai fazer isso sarar bem rápido. Relaxa, meu amor. É estranho porque você não tinha visto direito, mas tá tudo bem. Vem, vamos tomar banho!

Ele me levou até o box e ligou o chuveiro. Com o primeiro jato de água o meu corpo estremeceu de dor acompanhado de um gemido.

– Calma. Vou diminuir a água. – sussurrou.

Ele me esfregou delicadamente todo o meu corpo e nas partes mais delicadas ele apenas passou a mão ensaboada levemente para que a dor não se tornasse insuportável. Finalmente pude molhar o cabelo depois de levar os pontos na cabeça, mas com muito cuidado, pois até na área dos pontos a minha pele estava sensível. Por fim eu estava limpo e me sentia até mais leve.

Sequei bem a cabeça e não fizemos curativo para que os pontos não ficassem abafados demais. Vesti apenas uma cueca e me deitei de bruços na cama. Christiano pegou a pomada que Fernando tinha deixado lá e começou a passar nas minhas costelas, que era onde mais tinha hematoma. Senti o gelado da pomada brigar com a minha pele aquecida e contraí meu corpo fazendo com que sentisse mais dores. Ele pressionou levemente fazendo movimentos circulares e eu tive que fazer força pra não chorar com aquela dor que não era a maior dor do mundo, mas sim uma dor extremamente incômoda que te dá vontade de se encolher inteiro.

– Já chega. Não aguento mais. – eu disse me virando devagar e tentando sentar. – isso incomoda muito.

– Já acabou. – disse com a voz baixa.

Christiano ia me abraçar, mas no meio do caminho lembrou que eu provavelmente iria sentir dor. Ele suspirou enquanto me olhava em silêncio e depois pegou minha mão para dar um beijo gelado.

– Você vai melhorar logo. – disse ele e depois levantou para guardar a pomada e pegar outros. – Agora precisa tomar o remédio. Já está na hora.

– De novo?

Ele pegou a garrafa com água que estava na mesinha de cabeceira e me entregou junto com dois comprimidos.

– Essa semana começam as provas. – disse ele enquanto eu engolia o segundo comprimido. – Vou ligar para a escola pra saber se eles podem dar uma segunda chamada pra nós dois.

– Mas você pode fazer a prova.

– Não vou te deixar aqui sozinho.

– Mas a escola é ali do lado, amor. Dá pra voltar bem rapidinho. – eu disse me ajeitando na cama pra deitar. – Se eu estiver me sentindo bem até vou logo fazer a prova pra evitar problema também.

– Ah, mas não vai mesmo.

– Ué.

– Toda hora você fica com dor de cabeça. Com certeza você vai se sentir mal na hora de ficar botando a cabeça pra quebrar lá fazendo cálculo.

– Minha cabeça já está quebrada.

– Isso não tem a mínima graça. – ele disse mudando de expressão.

– Meu amor, você precisa ter mais humor nessas horas. Agora quem precisa relaxar é você.

– Você fica fazendo piada com uma parada séria dessas, Marcos.

– Amor, relaxa. O pior já passou. Eu não posso deixar que isso me afete mais do que já está afetando. Já não basta ter que sentir essas dores.

– Eu não gosto mesmo assim. – disse ele pegando o controle. – Hoje tem futebol. Vai assistir comigo aqui, né?

– Acho que eu não tenho escolha.

Christiano foi até a cozinha e voltou com um prato, três maças e uma faca. Ele nunca comia uma fruta mordendo, sempre cortava cós pedaços com a faca e ia comendo aos poucos. Fiquei o observando, como sempre fazia, e me desliguei do mundo. Aquele homem todo grande sentado na cama com as pernas cruzadas e um prato com frutas no colo como se fosse uma criança. Cortando os pedaços e levando até a boca, mas sem tirar a atenção da televisão. Sorri ao prestar atenção naquela cena e vê-lo se agitando com o jogo de futebol. Parecia um moleque e isso me deixava encantado.

– O que foi, cara? – disse ele se inclinado para dar um beijo em minha bochecha.

– Nada. – eu disse sorrindo.

...

O Amigo - 2ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora