Capítulo 10

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Acordei na minha cama na beliche. Estava sozinha no quarto. Fiquei preocupada por minha família e saí correndo do quarto. Estavam todos tomando café no refeitório. Aliviada, me troquei e fui me juntar a eles.

- Como foi ontem na prova final? - perguntou Emily.

- A minha estava dificílima. Tinha que plantar 3 frutas diferentes, sabendo só pela semente qual era qual fruta. - disse Alice.

- A minha foi completamente diferente. Depois da prática, tive que montar um experimento em 1 hora que curasse um cachorrinho raivoso. - disse Emily.

- Eu entrei em um simulador que jogava objetos em mim e tinha que reagir rápido para os impedir que me atingisse. - disse Lorena.

- Fiquei sabendo que você foi bem no seu teste de arco e flecha. Parabéns. - eu disse.

- Obrigada. Não sabia que eu era tão boa assim. Acho que é um talento que sempre tive mas nunca explorei. Como foi o seu Papai?

- O meu foi um teste de sobrevivência.- disse meu pai.

Eu o olhei pensando que o dele foi como o meu.

- Eu tinha que matar uma cobra viva venenosa com somente um graveto, no escuro. Consegui e comi as partes comestíveis.

Estava errada. Pelo jeito essa prova muda de acordo com a idade.

- Como foi a sua Fran? - perguntou Lorena.

- Foi um teste de sobrevivência. Passei a noite na floresta, tive que montar minha barraca e procurar comida.

- Não parece tão difícil assim. - disse Emily.

Não queria os contar que matei um homem. Estava cheia de culpa.

Gregg apareceu e disse:

- Os resultados das provas sairão amanhã. Hoje vocês têm o dia de descanso. Aproveitem.

- Espera, Gregg. Queria conversar com a enfermeira para ver se devo tomar algum medicamento para minha dor de cabeça. Você me leva?

  Ao chegar na enfermaria, havia diversas pessoas de diversas idades. Os enfermeiros de todas as idades estavam ocupados. Alguns cuidando daqueles que o experimento que Emily fez que não ocorreu certo, outros da idade de Lorena com feridas, outros com picadas de cobra. Fui em direção ao setor da minha idade. A enfermeira estava cuidando de Meredith. Ela estava toda empipocada.

- Tome esse remédio a cada 3 horas e até amanhã você estará bem.

Ela saiu.

- O que aconteceu com ela? -perguntei.

- Na prova de ontem, ela comeu uma fruta venenosa e teve uma reação alérgica. O que você faz por aqui? O machucado da luta de ontem ainda está doendo?

- Estou com um pouco de dor de cabeça. Você possui algum remédio?

- Beba isso aqui que a dor passará.

Enquanto eu tomava, ela dizia:

- Ouvi boatos de que você foi muito bem na sua prova ontem.

- Deve ter ouvido errado. Não fui nem um pouco bem em nenhuma das provas. Obrigada pelo remédio.

- Meu nome é Débora. Qualquer coisa, me procure.

- Obrigada.

  Saí da enfermaria e estava voltando para o refeitório quando percebi que havia uma discussão em uma sala ao lado. Fui ver.

Eram homens discutindo sobre os testes. Falavam sobre Meredith.

- Ela deve ficar. Vocês não viram como ela acabou com a raça daquela outra menina. Ela é uma lutadora valiosa.

- Mas pra compensar, não sabe o mínimo de sobrevivência e quase morreu com aquelas frutas.

- Faremos uma votação. - disse o Sr Grotel.

  Havia mais a seu favor do que contra.

- Meredith fica. Quem é a próxima? -disse Grotel.

- Francesca Lanfort.

Fiquei curiosa.

- Para mim, ela deve ir embora. Não foi muito bem na prova teórica, nem a prática. Não é inteligente o suficiente e perdeu feio a luta com Meredith.

- Concordo. Ela é fraca demais e não possui uma mira muito boa.

- Vocês estão esquecendo disso. - Sr Grotel mostrou um vídeo que estou lutando contra os infectados no pátio perto do restaurante das princesas. Me perguntava de como conseguiram isso, se estava lutando e não via ninguém por perto.

- Também disso.- Mostrou outra cena que eu matava aquele homem infectado. Não conseguia rever a cena.

- Mas pra compensar, ela perdeu todas as suas facas tentando o acertar e conseguiu de último segundo.

- Verdade. Ela não possui uma mira boa, mas percebe-se que ela faz tudo por sua família e sua própria sobrevivência. Algo que devemos considerar. Também sabe o mínimo de sobrevivência, soube escolher a fruta certa e dormiu na árvore após o ataque. - disse Sr Grotel.

- Isso qualquer um faz. Não vejo nada de especial nessa menina. Ela é só mais um empecilho que não agregará na companhia. Ela deverá sair.

- Faremos uma votação. - disse Grotel.

Queria muito saber se havia passado ou não, mas um segurança notou que estava espiando e me tirou a força da porta.

- O que você fazia?- perguntou.

- Saí da enfermaria agora.

- Desde quando a enfermaria se localiza na sala de reunião?

- Eu me perdi, é só isso. Nada com que você deve se preocupar.

- Devo sim. É meu dever ter certeza que espertalhonas como você não escute as reuniões. Vou te reportar.

- Não faria isso se fosse você. Estará se prejudicando. Quando falar que uma menina espiava a sala de reunião, mostrará sua incapacidade de cumprir sua simples função de vigiar a porta. Te encherão de perguntas de o porquê deixou uma menina de 17 anos observar a reunião e te perguntarão onde você estava.

- Você está certa. Não quero perder meu emprego. Vou deixar você ir só dessa vez, mas não pense que você vai sair impune. Vou ficar de olho em você.

- Fique a vontade. Meu nome é Meredith. Nem preciso te dizer meu sobrenome. Sou rica demais que provavelmente todos aqui me conhecem, exceto guardas como você sem noção. - Tentei interpreta-lá da melhor forma. Acho que consegui. Fui embora.

Até o fim do mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora