Capítulo 15

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Já era 20:00, iria ao terraço. Me arrumei um pouco com uma trança escama de peixe que fez meu cabelo parecer ainda maior que já é.

  Tentei sair sem ninguém perceber. Peguei o elevador e subi ao terraço, nunca tinha ido até lá. Fiquei impressionada com a vista. Conseguia ver todos os parques da Disney, todas as atrações e montanhas russas. Apesar do ataque, o parque não estava tão acabado quanto eu imaginava que estaria. Conseguia ver um daqueles homens perambulando sem rumo à procura de comida.

- É bonito a vista, não é? - Jake apareceu por trás e apontou para uma roda gigante. - Ali a visão é ainda mais bonita. Você quer ir até lá?

- Amaria, mas não acho que isso seja possível. Não se pode simplesmente sair da instituição sem permissão, principalmente com eles ainda por aí, poderíamos ser comidos. Apesar que você matou uns 10 de uma vez só com muita facilidade.

Ele riu um pouco.

- Tenho uma opção que podemos entrar na roda, sem ter que passar pelos seguranças para sair da instituição.

- Vamos estar seguros?

- 80% de chances que sim.

- Vou arriscar então.

Ele me levou a um lugar ainda mais alto. Havia um banquinho e uma grande tirolesa que parece que ele mesmo que fez. Não havia cinto de segurança, nem nada parecido. Ele havia pego a parte superior da bicicleta, o guidão, e colocado como uma peça para segurar.

- Eu vou primeiro e te seguro no outro lado.

Ele colocou as mãos no guidão, subiu no banquinho e se deixou ir. Quando chegou, ele me avisou que eu poderia ir.
Fiquei com medo. Apesar de não ter medo de altura como Lorena, essa tirolesa improvisado não tinha segurança nenhuma. Se eu soltasse do guidão, cairia de um prédio de mais 23 andares. Mas o que é a vida sem tentar algo novo?

Desci morrendo de medo e ao chegar, Jake me segurou para eu não cair. Estávamos tão perto que quase nos beijamos, mas eu estava tão impressionada pela vista que nem pensei nisso.

- Poderia ficar olhando essa vista o resto da minha vida que eu nunca cansaria. - eu disse.

- Quando eu quero refletir, eu sempre venho aqui.

- Entendo o porquê. Esse lugar é maravilhoso. É engraçado como minhas férias foram de passeios nos parques da Disney para um apocalipse.

- Eu sei. É bem assustador.

- Como você conseguiu sua posição na instituição?

- Eu sempre lutei desde pequeno. Acho que essa minha habilidade que me garantiu um lugar na instituição.

- O seus pais estão bem em saber que você simplesmente trabalha na instituição, arriscando sua vida?

- Meu pai é distante. Ele parece não se importar comigo. Já a minha mãe está doente. Muito doente. Procuramos uma cura, mas é impossível.

- Lamento ouvir isso, Jake. Espero que ela melhore.

- Eu também, mas mudando de assunto, me contaram que você estava querendo fazer uma chamada para o exterior e tava sem um celular para isso.

- Verdade. Queria muito ligar pra minha mãe no Brasil.

- Então liga para ela.- ele tirou um celular do bolso e me deu.

- Isso é sério? Você se arriscou e pegou um telefone só para eu fazer uma chamada?

- Digamos que eu tenho certos privilégios.

- Muito obrigada mesmo.

  Liguei para a minha mãe. Ela atendeu, mudei a língua para o português.

- Alô, mãe?

- Francesca? É você? Vocês não têm me dado nenhuma notícia há muito tempo. Fiquei muito preocupada. Comecei a pensar em diversos motivos por vocês não me darem notícia. Inclusive pensei que aquele terrorista poderia querer vingança.

- Mãe, estamos bem.

- Passa o telefone para o seu pai e irmãs, quero falar com elas também.

- Não posso agora mãe. Eles estão todos jantando.

- Passa rapidinho, eu preciso..

Eu a interrompi.

- Mãe, preciso falar uma coisa importante. Vamos ficar na Disney mais do que pensávamos. Temos que fazer algumas coisas aqui antes de voltar, mas eu prometo que voltaremos. Aqui a situação está séria, mas nada que você deve se preocupar. Só me promete uma coisa. Se você notar que as pessoas estão agindo de uma forma esquisita, como se só fossem movidas por instinto, você vai se trancar em casa e esperar até que voltemos?

- O que você está falando? Tá acontecendo alguma coisa aí?

- Nada demais. Só me promete isso, por favor.

- Tá bom, eu prometo. Filha, tenho que desligar agora, vou entrar na sala de cirurgia. Beijos.

- Espera mãe. Você sabe que eu não sou muito boa em expressar o que eu sinto, mas isso não significa que eu não te amo.

- Eu sei disso, Francesca.

- Estou com saudades mãe, queria muito poder te abraçar agora.

- Eu também filha, mas logo nos veremos de novo. Agora realmente tenho que ir. Eu te amo.

- Eu também te amo, mãe.

  Partiu meu coração ter que desligar, faz muito tempo que não ouvia a doce voz de minha mãe, estava com muitas saudades.

- Você a contou sobre o vírus? - ele perguntou.

- Não e nem vou contar. O vírus ainda não chegou lá, o que significa que ela tem mais algum tempinho de uma vida normal. Vou deixá-la aproveitar e não se preocupar por nós.

- Entendo.

- Muito obrigada por fazer isso por mim. Faz muito tempo que tenho tentado entrar em contato com minha mãe. Isso significa muito pra mim.

Eu o abracei, estávamos tão perto que quase nos beijamos. Até que sentimos o carrinho da roda gigante se mexer. Olhamos para baixo e notamos que os homens subiam na roda gigante para nos comer. Entrei em pânico.

- Calma. Você vai primeiro para a tirolesa e me devolve o guidão para depois eu ir. Vai demorar para eles chegarem até aqui.

- Mas e se tentarem escalar a sua corrente?

- Não vão conseguir, provavelmente vão cair. Agora vá.

Eu peguei no guidão e voltei com uma velocidade rápida. Mandei o guidão de volta.

Os cálculos de Jake estava errado. Um deles já havia conseguido subir e entrar dentro do carrinho. Por sorte, ele havia uma faca em um lugar escondido e com golpes o matou.

Pegou no guidão correndo, porque outro entrou. Ele começou a ir na tirolesa e o homem segurou nele para ele ir junto.

Fiquei apavorada, o homem poderia o morder e Jake ficaria infectado.
Jake com um chute o derrubou e ouvi o crânio do homem se quebrar no chão.

Ele chegou são e salvo na instituição. Eu o abracei.

- Você tem razão. Ter essa tirolesa permite a entrada deles.

Jake pegou uma faca especial que corta muito fundo e cortou a corda.

Até o fim do mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora