Assim que acordei, percebi que estava em uma cela. A dela era minúscula. Não tinha espaço para andar. Só havia uma cama minúscula que meus tornozelos já estavam para fora. Tentei levantar e mexer o meu corpo, só que eu não conseguia. Tentei gritar socorro inutilmente. Obviamente ninguém iria me salvar.
Escutei uma voz suave me dizendo:
- Fique quieta. Se eles te escutarem, você será a primeira para ir à sala 270.
Me virei e olhei para a menina que estava na cela ao lado. Ela era pequenina. Bem magra. Cabelos pretos longos e lisos. Ela me parecia um pouco minha irmã mais nova Alice, mas estou agradecida que Alice está sã e salva em casa e não aqui.
- Qual o seu nome? - eu perguntei.
- Meu nome é Joana. E o seu?
- Francesca. Quantos anos você tem?
- 11 anos. - Ela é ainda mais nova que a Alice. Tenho pena dela de ser tão nova e estar aqui presa. Por que torturariam uma criança?
- O que tem na sala 270? - eu disse.
- Eu não sei. Nunca fui para lá. Só escuto gritos. Dizem que lá é o lugar que você enfrenta o seu maior medo.
- Não pode ser tão ruim assim.
- Ninguém nunca saiu de lá vivo. Eu torço para nunca ser chamada.
- Por que você está aqui Giovanna?
- Minha mãe. Culpam meu pai por ter trazido a doença pra o Brasil.
- Por que?
- Ele foi mordida nos EUA e veio para o Brasil. Depois de ele chegar, elaese transformou. Ele matou todo mundo da minha família.
- Como você sobreviveu?
- Eu observei ele comendo meus irmãos. Eu e minha mãe nos escondemos debaixo da cama. De repente um homem grande apareceu e matou meu pai. Ele nos achou e me trouxe para cá.
- Você está aqui porque seu pai que trouxe o vírus para cá? Você não tem culpa nenhuma.
- Não tenho mesmo, mas eles estão me culpando por tudo.
- Eles já... - Hesitei. Fiquei com medo de perguntar para ela e ela ficar magoada ao lembrar dos momentos. - Eles já te torturaram?
Percebi que o seu corpo todo retorceu ao lembrar disso. Não deveria ter a perguntado. Pelo jeito ela está aqui só mais alguns dias que eu, mas mesmo assim ela já sofre com o trauma. Ela tentou mudar de assunto.
- Escutei nas celas do lado que a menina que criou a cura está na instituição. Ela vai salvar todos. E a melhor parte é que ela veio da Disney. Eu sempre quis ir para lá. Eu nunca saí de São Paulo.
Fiquei com muita dó dela ao escutar isso. Ela acha que eu vou salvar todos. Não vou. Eu gostaria, mas eles acham que a cura está em meu sangue. Desse jeito nós duas vamos apodrecer nessas celas. Ela tem tanta coisa para viver ainda.
Joana. Esse nome é familiar.
- Joana, sua mãe se chama Teresa?
- Sim! Como você sabe?
- Eu encontrei ela no caminho para salvar meus pais. Sua mãe está salva.
Percebi que os olhos de Joana se encheram de lágrimas. Não eram lágrimas de tristeza. Pelo contrário, ela estava feliz em saber que um membro de sua família está vivo.
- Joana, eu prometo que vou te tirar daqui.
- Como?
- Não sei. Mas te garanto que você sairá daqui feliz e viverá uma longa vida, mesmo que seja a última coisa que eu faça. Eu prometi a sua mãe que eu te salvaria e é isso que eu farei.
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Até o fim do mundo
JugendliteraturFrancesca e sua família vão para a Disney e a viagem não ocorre na maneira que esperavam. Um tipo de vírus se espalha e contamina a população. Será que há uma cura? Como sobreviverão ao fim do mundo? História COMPLETA!! Iniciada: 15/06/2018 Finaliza...