Capítulo 19

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  No dia seguinte, coloquei meu plano em minha família em ação. Fui ajudar Alice com sua geografia horrível.

- Me diga quais são os continentes do planeta Terra?

- Pra que preciso saber disso? Só preciso saber que vivo no Brasil e que agora estou na Disney.

- Alice! Você tem que pelo menos se esforçar. Aliás, qual país fica a Disney?

- Estados Unidos?

- Acertou! Merece um Kitkat.

Ela ficou super feliz e comeu tudo de uma vez.

- Podemos dar uma pausa? Quero comer meu chocolate em paz sem pensar que o Brasil fica na Europa.

- Você realmente tá precisando de umas aulas de geografia. O Brasil fica na América do Sul. - eu comecei a rir. - Pode comer seu chocolate a vontade. Agora me diz Alice, como estão suas aulas de plantas?

- O termo correto é botânica.

- Desculpa senhorita sabe tudo.

Nós duas rimos.

- Eu aprendi quais plantas são medicinais, quais são comestíveis, quais são venenosas, qual solo devem ser plantadas e muito mais.

- Você se interessa por isso?

- Por mais incrível que pareça, sim.

- Imaginava que o único estudo que te agradava era Unicorniologia.

- Não preciso estudar isso porque já sou graduada e tenho doutorado sobre Unicórnios.

Rimos novamente.

- Chega de papo afiado. Você já comeu seu chocolate e ainda nem sabe metade do que deveria. E olha quem já apareceu para trocarmos o turno?

Lorena e Emily nos observavam pela janela da sala.

- Última pergunta. - apontei para o mapa. -Qual o nome desse continente?

- Ásia? - ela respondeu não muito segura.

- Acertou! Por isso, você merece o resto da caixa de chocolate, mas não vai pensando que é tão fácil assim não, você ainda precisa estudar muito mocinha.

Ela saiu saltitante da sala e mostrou para Lorena sua barra de chocolate. Fui conversar com Emily.

- Como está o procedimento da cura?- perguntei.

- Difícil. Extremamente difícil. Obviamente progredimos algo desde o começo, mas só não conseguimos achar a peça final. Está mais difícil do que eu imaginava.

- Vocês vão conseguir. Tenho certeza para falar a verdade.

- Por quê?

- Porque eles possuem uma arma secreta que conseguirá desvendar o mistério. A melhor, a única, Emily Lanfort.

- Obrigada por tentar levantar meu ânimo, mas acho meio difícil.

- Você é a chave para achar a cura. Vou te contar um segredo. - Comecei a cochichar. - O próprio Sr Grotel disse que você era incrível e possivelmente a resposta para acabar com o apocalipse.

- Ele disse isso mesmo?

- Disse. Nós dois temos fé em você, só falta você ter em si mesma.

- Obrigada Fran. - ela me abraçou. - Eu te amo.

- Também te amo, irmãzinha.

Paramos de nos abraçar e vimos Lorena correndo atrás de Alice enquanto a pequena ria.

- Me dá um pedaço do seu KitKat! - gritou Lorena.

- Não dou! Ele é só meu!- disse Alice enquanto corria.

Todas rimos e Emily foi esperta e pegou o chocolate de Alice e dividiu entre nós 4.

- Chega de brincadeira. Francesca, você precisa melhorar sua mira para ontem. Vamos para sala de treino agora. Veremos vocês pequenas mais tarde. - disse Lorena.

  Fomos a sala de treino e Lorena me ensinou como atirava, como segurava a arma e como acertar o local desejado.

- Como você tem tanta facilidade com mira desse jeito?

- Não sei. Mas me dá um alívio ser boa em alguma coisa.

- Como assim?

Nesse momento apareceram uma turma com a mesma idade que Lorena.

- Lori, vamos tomar um milkshake e depois vamos nos arrumar para a festa. Você vem?

- Eu queria, mas tenho que ajudar minha irmã com sua péssima mira. Mas com certeza vou para a festa. Nós nos veremos lá.

O grupo saiu.

- Nunca imaginaria você sendo festeira Lorena.

- As coisas realmente mudaram na instituição. Eu sempre sofri bullying minha vida inteira. É bom ser a popular por uma vez. Como aqui ninguém me conhece bem, posso construir a imagem que quiser e não ter medo de ser julgada. Até na faculdade tem meninas malvadas que se aproveitam de mim para eu fazer o trabalho todo. Nunca me destaquei em nada. Não sou inteligente, esportiva e muito menos rica para atrair amigos. Sempre deixei que pisassem em mim porque queria fazer amigos, quando na verdade eles só queriam me fazer de boba. Na instituição isso é diferente. Tenho amigos de verdade aqui e por causa do meu talento recém descoberto, não sou invisível, nem tonta para fazer o que mandarem. Eu sou uma nova versão de mim mesma, aprimorada e melhor.

- Fico feliz em saber que pelo menos uma de nós está feliz na instituição.

- Por que você não gosta daqui?

- Diferentemente de você, eu não me destaco em nada aqui. Sou a pior em tudo. Não tenho boa mira e não sou inteligente. Sou inútil.

- Não fala assim.

- Mas é verdade. Eu não me incomodo de ser invisível como era no Brasil, eu inclusive gosto, mas essa semana experienciei o que é ser notada e ser zoada.

- Você sofreu bullying? Só me diz quem é que estou pronta para dar umas porradas.

- Não precisa. Por incrível que pareça, um professor interveio e isso pode inclusive custar seu trabalho.

- É importante que você lute de volta. Não seja tonta como eu que simplesmente deixei que me zoassem e rissem de mim. Se eu pudesse voltar atrás, mudaria tudo, eu não deixaria que fizessem o que fizeram. Não deixe que os outros digam quem você deve ser, só seja você mesma e se eles não gostarem, problema é deles. O importante é que você seja feliz consigo mesma.

- Você realmente está melhorando em seus conselhos.

Rimos um pouco.

- Agora vamos treinar.

Até o fim do mundoOnde histórias criam vida. Descubra agora